Câmara Municipal aprova o texto de privatização da Sabesp; ‘o mercado gostou do modelo aprovado’, diz analista – o que muda agora?
O analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, explica se esse novo modelo pode ser um bom atrativo para os futuros investidores.
Uma das principais promessas de campanha do governador paulista Tarcísio de Freitas era a privatização da Sabesp (SBSP3). O processo para a concretização dessa promessa deu um importante passo no último dia 17 de abril. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira sessão, a privatização da companhia.
No final de 2023, a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) já havia autorizado a diminuição da participação do governo do Estado de São Paulo na empresa. Tarcísio sancionou o texto. Entretanto, a companhia ficou ainda na pendência de negociar seus contratos com os municípios atendidos.
Para entender o fluxo de aprovação, precisamos entender o que é a Sabesp e o que ela representa para o Estado de São Paulo.
O que é a Sabesp?
A Sabesp é uma sociedade anônima, fundada na década de 70, de economia mista. Ela é a responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos em mais de 370 municípios do Estado de São Paulo. Contudo, a capital tem um papel muito relevante na empresa.
Isso porque, de todas as cidades atendidas pela companhia, a cidade de São Paulo representa quase 50% da receita da empresa de saneamento.
Somado a isso, a lei municipal 14.934, de 2009, que autoriza a Prefeitura de São Paulo a celebrar convênios com o Estado de São Paulo, previa o fim do acordo, caso a empresa passasse pelo processo de privatização.
Por esse motivo, apesar de já ter passado pela aprovação da Alesp em dezembro de 2023, o texto precisava ser submetido à aprovação da Câmara Municipal.
A empresa, na verdade, já é uma companhia que é parcialmente privada. As ações SBSP3 já são negociados na bolsa brasileira, e tiveram uma leve valorização após as últimas notícias:
Fonte: Google Finance (23/04/2024)
Durante o programa Giro do Mercado...
Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research – casa de análise pertencente ao grupo BTG Pactual –, essa etapa é um passo importante do processo.
“Esta etapa da privatização foi um passo importante nesse processo de privatização e na atratividade da Sabesp. [...] De maneira geral, o mercado gostou do modelo aprovado”, afirmou no programa Giro do Mercado.
Ainda de acordo com o analista, o modelo da privatização e algumas diretrizes que foram apontadas no texto, foram essenciais para que o mesmo fosse aprovado na Câmara:
“O modelo que foi aprovado é um passo importante, porque deixa a cidade de São Paulo parceira da Sabesp por muito tempo.’
Algumas instituições também viram essa movimentação com bons olhos e já se manifestaram. Veja só um trecho do relatório do Itaú BBA: “Os termos são muito positivos, oferecendo uma solução inteligente para a maior questão levantada pelos investidores nos últimos meses: como o governo atrairá um investidor estratégico se o preço das ações da Sabesp aumentar significativamente?”.
O modelo de privatização da Sabesp que agradou o mercado
Conforme o analista Ruy Hungria afirmou no programa Giro do Mercado, a Câmara aprovou uma pautada sobre um modelo que agradou o mercado.
Então, avaliando alguns pontos deste modelo que mais se destacaram, podemos observar que alguns são vistos como atrativos para o investidor, por exemplo:
- O cronograma de realização da oferta:
A divulgação do cronograma, será entre maio e agosto deste ano. Ou seja, isso irá direcionar quando as pessoas físicas, jurídicas, e funcionários da Sabesp poderão investir na empresa;
- O limite de aumento de capital para para para a privatização:
A equipe que cuida da privatização autorizou a companhia a fazer um aumento de capital de até R$ 22 bilhões;
- Criação do papel do ‘ investidor estratégico’:
Um outro ponto do modelo de privatização foi a decisão do governo paulista ao que ele chamou de “investidor estratégico”. A Companhia precisa encontrar um investidor estratégico que assuma cerca de 15% da Sabesp e que deverá ficar com os papéis da empresa até 2029.
- O critério de seleção do investidor estratégico:
A Sabesp vai selecionar duas maiores propostas, das empresas que desejam ser os maiores acionistas, mas quem vai decidir quem será o acionista de referência da companhia serão os investidores, através de votação.
Todos esses pontos, preconizam o foco no investidor e podem ser uma vantagem para os futuros acionistas.
Avaliando outros pontos...
Outro ponto importante levantado pelo analista Ruy Hungria foi a questão da limitação de poder nas decisões da empresa após a privatização.
“Algumas definições sobre limitação da participação ali nos votos a 30%. Essa é uma tentativa de limitar o poder de um de um único investidor, ou até mesmo, do próprio governo’, afirmou o analista.
Todas essas definições, foram vistas como positivas pelo mercado e trazem mais atratividade pros acionistas, de acordo com Ruy.
Entretanto, será que a Sabesp é a melhor opção de investimento no setor? E será que a única forma de se expor ao segmento é por meio da compra de ações?
Setor de saneamento vai além das ações estatais
Existe uma empresa do setor de água e esgoto do Brasil que está em uma das principais carteiras da Empiricus Research… só que trata-se de uma carteira de renda fixa!
Isso porque essa empresa emitiu um título de crédito privado isento do Imposto de Renda e que paga IPCA + 6,59% ao ano.
Nós estamos falando da BRK Ambiental. Ela é uma grande empresa desse setor, por exemplo. Ainda assim, de acordo com Laís Costa, a analista de renda fixa da Empiricus, a empresa registrou o maior EBITDA ajustado da história da companhia no terceiro trimestre de 2023, o que a torna atrativa para que você tenha os títulos de crédito privado dela sua carteira.
Afinal, quanto maiores os resultados da empresa, mais seguros ficam os credores de suas dívidas.
Além da BRK Ambiental, existem outras 3 empresas na carteira de títulos privados da analista. Para ter acesso a lista de títulos privados de forma gratuita, clique no botão abaixo:
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