🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de bancos e empresas no Seu Dinheiro. Bacharel em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

SD ENTREVISTA

Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea 

De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país

Camille Lima
Camille Lima
11 de dezembro de 2024
7:06 - atualizado às 9:45
ibovespa barato bolsa ações
Imagem: Shutterstock

Poucas vezes na história recente se falou tanto em cenário fiscal quanto nas últimas semanas. A frustração com o pacote de corte de gastos do governo federal trouxe repercussões desastrosas para as ações na bolsa brasileira e mercados de fundos no país. Mas, na avaliação de Ruy Alves, sócio e gestor sênior de multimercados da Kinea Investimentos, os números discutidos no plano fiscal chegam a ser “irrelevantes”, de tão desproporcionais à dura realidade do Brasil hoje.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Ruy Alves, sócio e gestor sênior de multimercados da Kinea.
Ruy Alves, sócio e gestor sênior de multimercados da Kinea. | Foto: Divulgação

Diante das novas medidas de reforço ao arcabouço fiscal, o Ministério da Fazenda hoje fala em uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, sendo R$ 30 bilhões em 2025.

Acontece que o país tem uma dívida pública que atualmente beira os 80% do Produto Interno Bruto (PIB), e hoje paga uma conta de juros de cerca de R$ 700 bilhões — que representa cerca de 6,5% a 7% do PIB —, quase dez vezes maior que a potencial economia prevista no plano fiscal, segundo Alves.

Isso tudo gera preocupações sobre a capacidade de pagamento do país.

“No momento em que nós tivermos uma desaceleração e uma recessão do Brasil com as contas públicas e de juros do jeito que estão hoje, nós vamos ter um problema sério e decisões difíceis vão ter que ser tomadas. Eu não posso prever quando isso vai acontecer, mas posso dizer que o segundo semestre de 2025 e a primeira metade de 2026 vão marcar um período mais difícil para o país”, disse o gestor, em entrevista ao Seu Dinheiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O mercado torce contra o Brasil?

É verdade que, à primeira vista, a foto atual do cenário brasileiro não parece tão ruim. A economia continua a crescer acima das expectativas, com o PIB brasileiro subindo 4% no terceiro trimestre em base anual, e o desemprego segue nas mínimas históricas.

Leia Também

No entanto, esse panorama de economia sobreaquecida é resultado de um esforço fiscal gigantesco realizado desde 2022, em meio à tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro e à transição para o governo Lula. 

“Mas você cresceu e usou toda a alavanca fiscal desse crescimento para gastar. Em algum momento, essa economia vai desacelerar — e a inflação vai continuar a subir devido ao impulso fiscal de antes”, afirmou o gestor.

Segundo o sócio da Kinea, gestora ligada ao Itaú com mais de R$ 132 bilhões em ativos, a desaceleração econômica resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Isso não está na conta do governo no momento. Quando a arrecadação cair, o resultado primário vai piorar e se somar à conta de juros. Então, a dívida pública vai crescer mais rápido”, avaliou o gestor.

A partir do momento em que a injeção fiscal feita nos últimos anos começar a ceder, o fantasma da desaceleração econômica voltará para assombrar investidores e economistas por todo o país, segundo a Kinea.

É por isso que o gestor reforça que a situação já não é mais uma questão de o mercado torcer contra o Brasil, mas puramente de matemática. 

Com a dívida pública subindo a 4% ao ano e a conta de juros hoje a 7,5% do PIB, o cálculo simplesmente não fechará caso a economia entre em desaceleração em 2025.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Se você não crescer a economia, a dívida cresce 7% ao ano, e logicamente será insustentável. Você vai bater no muro em algum momento”, disse o sócio da Kinea

O que esperar do fiscal e da economia brasileira

Em outras palavras, a realidade é que o governo se colocou em uma sinuca de bico. O estímulo fiscal feito nos últimos anos alavancou a economia — mas também resultou em um aumento de preços. 

Agora, com a retirada do efeito fiscal e a perda de ritmo da economia, os juros da dívida pública continuarão em trajetória de alta, já que boa parte é indexada à taxa básica de juros (Selic).

  • Carteira que já rendeu mais de 200% do Ibovespa está disponível sem custos para leitores do Seu Dinheiro; veja como receber

“O governo tentou defender os mais pobres e eles vão pagar essa conta. O Brasil se endividou para dar dinheiro na mão dessas pessoas. Com isso, o fiscal bombou o PIB, aumentou o consumo interno, fez a inflação impulsionar e o câmbio sair do lugar. Essa dívida está fazendo o juro real brasileiro subir e o real desvalorizar. Esse câmbio desvalorizando agora volta para tirar justamente o que você deu para esse grupo”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na visão do gestor, os seis primeiros meses de 2025 ainda serão positivos, com o PIB do agronegócio sustentando a economia devido à safra positiva no país. Entretanto, esse cenário ficará ainda mais espremido a partir da segunda metade do ano que vem.

“No segundo semestre de 2025, você vai ter uma Selic muito alta, o fiscal não vai mais te ajudar e a economia provavelmente vai começar a desacelerar. Nesse caso, você perde a arrecadação, o desemprego talvez suba, o PIB talvez não cresça tanto, e essa conta de juros não vai embora, ela já é muito grande. Em relação ao PIB, a curva de juros indica que a Selic estará a 15% ao ano. Não à toa, o mercado se questiona se o Brasil realmente será capaz de pagar a conta ou vai deixar a inflação corroer”.

O impacto do fiscal na inflação e nos juros 

Com a demanda aquecida devido ao impulso fiscal dos últimos anos, a inflação começou a tirar o sono do Banco Central, que encontra-se com a dura missão de apertar os juros para dar conta do aumento dos preços.

A expectativa da Kinea é que, com a valorização do dólar, a inflação chegue a 6% no ano que vem — o dobro da meta estipulada pela autoridade, de 3% ao ano. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É por isso que o ano que vem trará uma missão hercúlea não só para o governo federal, mas também para o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de trabalhar a credibilidade.

A avaliação do sócio da Kinea é que o BC deve agir rapidamente para manter a credibilidade, especialmente se a inflação atingir os novos picos projetados para o próximo ano.

Agora, as apostas de que o Copom (Comitê de Política Monetária) elevará a Selic em 1 ponto percentual já dominam o mercado e ultrapassam todos os outros cenários, de acordo com informações divulgadas pela B3, colocando os juros em 12,25% ao ano.

Vale lembrar que a próxima (e última) reunião do colegiado do BC em 2024 acontece nesta semana, com a decisão prevista para sair ainda nesta noite.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na visão de Ruy Alves, existe a possibilidade de que o mercado não saia satisfeito se o Copom realizar um aperto de 0,75 ponto percentual (p.p) nos juros, e não acelerar o passo para uma alta de 1 p.p. 

“O modelo do BC trabalha com a meta de inflação a 3%. Nós prevemos que o percentual chegue a 6% em algum momento do ano que vem. O mercado não quer ver a autoridade monetária falhar no seu próprio modelo. Se a meta é 3% e o modelo diz que, para chegar no alvo, você precisa de uma Selic acima de 14%, quanto mais rápido o Banco Central fizer isso, melhor”, disse o economista.

Para o gestor, o mercado hoje já desconfia do fiscal — e o pior que pode acontecer agora é começar a também desconfiar da autoridade monetária se o BC não for assertivo.

Questionado sobre as perspectivas para o câmbio, Alves não revela projeções de mercado, mas reforça que o real se encontra em busca de um novo ponto de equilíbrio — que vai depender da credibilidade da autoridade monetária e do governo executivo. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“O fiscal hoje não gera uma situação de equilíbrio que permita que o câmbio estabilize e que o monetário por ser resolva o problema do país. As três coisas têm que se conversar, e elas não estão se falando no momento.

A bolsa brasileira (não) está barata

Há quem afirme (há meses, aliás) que o mercado brasileiro nunca esteve tão barato. No entanto, Ruy Alves afirma que a bolsa brasileira é “extremamente cara de carregar” — especialmente diante do patamar de endividamento das empresas domésticas frente às altas taxas de juros. 

Para o gestor, as empresas se endividaram ao longo de 2024 na expectativa de que seriam capazes de arcar com os débitos conforme a Selic voltasse a 9% ao ano no fim do ciclo de cortes. Mas o relaxamento monetário não veio — pelo contrário —, e o custo dessa dívida subiu demais. 

“A bolsa brasileira não tem nada de especial em relação a nenhuma bolsa do mundo, só que, para carregar ela, você paga 14% na sua moeda local, é muito caro. Para ter ideia, se eu comprar uma bolsa asiática, vou pagar 2% na moeda local deles”, disse o gestor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar da visão cética para o mercado doméstico como um todo — hoje, a Kinea tem posição vendida em bolsa brasileira —, o gestor ainda vê oportunidades para quem quiser investir em ações locais.

Entre as ações que figuram na carteira da Kinea, estão a Weg (WEGE3), a Embraer (EMBR3) e a Sabesp (SBSP3)

“Tem sempre oportunidades pontuais de ganhar dinheiro na bolsa”, afirmou o sócio da gestora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
JÁ VIU A SUA?

Retrospectiva Spotify 2025: Bad Bunny lidera o mundo e dupla sertaneja domina o Brasil (de novo); veja como acessar o seu Wrapped

3 de dezembro de 2025 - 14:04

Plataforma divulga artistas, álbuns e músicas mais ouvidos do ano e libera função Wrapped para todos os usuários

BILIONÁRIA SELF-MADE

De bailarina a bilionária mais jovem do mundo: a trajetória da brasileira que construiu uma fortuna aos 29 anos sem ser herdeira

3 de dezembro de 2025 - 12:04

A ascensão de Luana Lopes Lara à frente da Kalshi mostra como a ex-bailarina transformou formação técnica e visão de mercado em uma fortuna bilionária

LUXO

Daniel Vorcaro — da ostentação imobiliária à prisão: o caso da mansão de R$ 460 milhões em Miami

3 de dezembro de 2025 - 9:29

A mansão de R$ 460 milhões comprada por Daniel Vorcaro em Miami virou símbolo da ascensão e queda do dono do Banco Master, hoje investigado por fraudes

MÁQUINA DE MILIONÁRIOS

Lotofácil 3552 faz os primeiros milionários de dezembro nas loterias da Caixa; Mega-Sena e Timemania encalham

3 de dezembro de 2025 - 7:06

A Lotofácil não foi a única loteria a ter ganhadores na faixa principal na noite de terça-feira (2). A Dia de Sorte saiu para um bolão na região Sul do Brasil.

CRIMES FINANCEIROS

Banco Master: Ministério Público quer Daniel Vorcaro de volta à prisão e TRF-1 marca julgamento do empresário

2 de dezembro de 2025 - 18:45

Uma decisão de sábado soltou Vorcaro e outros quatro presos na investigação do Banco Master

ASTROS NO PREGÃO

Qual signo manda na B3? Câncer investe mais, Libra investe melhor — e a astrologia invade o pregão

2 de dezembro de 2025 - 15:28

Levantamento da B3 revela que cancerianos são os que mais investem em ações, mas quem domina o valor investido são os librianos

MECANISMO CONTRA GOLPISTAS

BC Protege+: Como funciona a nova ferramenta do Banco Central que impede a abertura de contas não autorizadas

2 de dezembro de 2025 - 14:49

Nova ferramenta do Banco Central permite bloquear a abertura de contas em nome do usuário e promete reduzir fraudes com identidades falsas no sistema financeiro

ECONOMIA DE ATÉ 80%

CNH sem autoescola: com proposta aprovada, quanto vai custar para tirar a habilitação

2 de dezembro de 2025 - 11:19

Com a proposta da CNH sem autoescola aprovada, o custo para tirar a habilitação pode cair até 80% em todo o país

EXAUSTÃO MENTAL

A palavra do ano no dicionário Oxford que diz muito sobre os dias de hoje

2 de dezembro de 2025 - 10:38

Eleita Palavra do Ano pela Oxford, a expressão “rage bait” revela como a internet passou a usar a raiva como estratégia de engajamento e manipulação emocional

PARADA PARA MANUTENÇÃO

Não tem para ninguém: Lotofácil, Quina e demais loterias da Caixa entram em dezembro sem ganhadores

2 de dezembro de 2025 - 7:06

Depois de acumular no primeiro sorteio do mês, a Lotofácil pode pagar nesta terça-feira (2) o segundo maior prêmio da rodada das loterias da Caixa — ou o maior, se ela sair sem que ninguém acerte a Timemania

FORA DO CONSENSO

Tema de 2026 será corte de juros — e Galapagos vê a Selic a 10,5% no fim do próximo ano

1 de dezembro de 2025 - 19:11

No Boletim Focus desta semana, a mediana de projeções dos economistas aponta para uma Selic de 10,5% apenas no final de 2027

TECNOLOGIA NOS METRÔS

Metrô de São Paulo começa a aceitar pagamento com cartão de crédito e débito direto na catraca; veja como vai funcionar

1 de dezembro de 2025 - 17:00

Passageiros já podem usar cartões de crédito ou débito por aproximação na catraca, mas integração com ônibus continua exclusiva do Bilhete Único

NOVAS REGRAS

CNH sem autoescola: quais são os requisitos para o instrutor autônomo?

1 de dezembro de 2025 - 16:53

Nova resolução do Contran cria o instrutor autônomo e detalha os requisitos para atuar na formação de condutores no modelo da CNH sem autoescola

QUEDA DE 90% NA CARGA HORÁRIA

Contran toma decisão irrevogável sobre o projeto da CNH sem autoescola

1 de dezembro de 2025 - 15:48

Nova resolução do Contran libera a CNH sem autoescola, cria instrutor autônomo, reduz carga horária prática e promete queda de até 80% no custo da habilitação

FLA-FLU DA GRANA

Flamengo torce contra rival para fechar o ano como clube brasileiro com maior arrecadação em 2025

1 de dezembro de 2025 - 13:42

Mesmo com o tetracampeonato da Libertadores 2025 e mais de R$ 177 milhões em premiações, o Flamengo ainda corre atrás de rival na disputa pela maior arrecadação do futebol brasileiro neste ano

NOVO RECORDE

Black Friday 2025 e décimo terceiro levam o Pix a novo recorde de movimentação diária

1 de dezembro de 2025 - 12:00

Transações superam a marca anterior e consolidaram o Pix como principal meio de pagamento digital do país

BOLETIM FOCUS

Mercado corta projeção para inflação de 2025 — de novo —, mas juros continuam estacionados neste ano e no próximo

1 de dezembro de 2025 - 11:42

Economistas consultados pelo BC esperam que tendência de arrefecimento dos preços perdure neste ano, mas siga quase estável no próximo

MEMÓRIA RESGATADA

Essa cidade foi derrubada por uma empresa privada para dar lugar a um reservatório — e o que existe lá hoje é surpreendente

1 de dezembro de 2025 - 11:30

Cidade fluminense destruída para ampliar um reservatório ganha novo significado décadas depois, com parque ecológico

ANOTE NO CALENDÁRIO

Relatório Jolts, discurso de Powell e balança comercial do Brasil são destaques da agenda econômica

1 de dezembro de 2025 - 7:03

Os investidores ainda acompanham divulgação do IPC-Fipe de novembro, além do PIB do 3º trimestre do Brasil e da Zona do Euro

COMUNICADO SOBRE O IR

Imposto de Renda: Lula fará pronunciamento neste domingo (30) sobre medida que altera a tributação 

30 de novembro de 2025 - 14:55

A fala será transmitida às 20h30 e trará como principal anúncio a nova faixa de isenção para R$ 5 mil além de mecionar os descontos extras para rendas intermediárias

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar