O que falta para o gringo voltar a investir no Brasil? Só a elevação do rating pela Moody’s não é o suficiente, diz chairman da BlackRock no país
À frente da divisão brasileira da maior gestora de investimentos do mundo, Carlos Takahashi falou sobre investimento estrangeiro, diversificação e ETFs no episódio desta semana do podcast Touros e Ursos

A recente elevação do rating do Brasil pela agência de risco Moody’s deu um sopro de vida para o mercado de ações brasileiro. Mas não é este “voto de confiança” no país que será capaz de trazer de volta o investidor estrangeiro para a bolsa. Não sozinho, pelo menos.
Para Carlos Takahashi, chairman da BlackRock no país e vice-presidente da Anbima (Associação Brasileira Financeira de Mercado de Capitais), existem diversos fatores que influenciam o movimento do capital estrangeiro rumo ao Brasil.
O ambiente macroeconômico global; a inflação; a aversão a riscos e a volta da atratividade da renda fixa nos países desenvolvidos. Juntos, todos esses fatores formam uma equação que, no momento, não resulta na volta do gringo pro Brasil.
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“É sempre bom melhorar o rating do país. Mas foi só uma agência que elevou o rating. O que as demais vão fazer?”. Este é o principal questionamento de Takahashi, que avalia a decisão da Moody’s como um “primeiro alento, mas ainda pouco”.
Na opinião dele, o Brasil precisa chegar ao grau de investimento e também atender outros requisitos para se tornar um país “investível”. Um exemplo citado foram os critérios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que definem o grau de dificuldade de se fazer negócios em um país.
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Takahasi explicou o que está em jogo para que o investimento estrangeiro volte a dar as caras por aqui. Dê o play para assistir ao papo na íntegra:
Reformas intermináveis repelem o gringo
O primeiro semestre de 2024 marcou a maior saída de capital estrangeiro da bolsa brasileira desde a pandemia, com a cifra atingindo R$ 42 bilhões.
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Essa “fuga” tem um contexto por trás, claro. O ambiente macro global passou por profunda transformação após a pandemia. Da mesma forma, a situação geopolítica se agravou, vide conflitos entre Rússia e Ucrânia e a questão do Oriente Médio.
Isso tudo favoreceu o aumento da inflação ao redor de todo o mundo e deixou os investidores mais avessos à bolsa no geral, na visão do chairman da BlackRock.
Consequentemente, para controlar a inflação, as taxas de juros subiram – não só no Brasil, como também nas economias desenvolvidas. “Aí entra a questão do prêmio de risco. É muito melhor eu ficar numa renda fixa nos Estados Unidos e nos países da Europa”, comenta Takahashi.
O cenário já é desafiador no mundo, mas é ainda mais desfavorável nas economias emergentes. Aqui no Brasil, as “reformas intermináveis”, citadas pelo convidado do Touros e Ursos, repelem os investidores que buscam “prêmios de risco mais adequados”.
“Claro que o investidor estrangeiro está vendo as reformas, as questões fiscais. Ele está vendo tudo isso”, diz o chairman da BlackRock.
O diretor foi ainda mais específico ao dizer que o que está afastando os recursos do Brasil é a falta de uma visão de longo prazo.
Bolsa brasileira precisa se reinventar
Além disso, a bolsa brasileira, extremamente concentrada em setores específicos da economia, acaba perdendo o brilho quando comparada a outros mercados mais pujantes. O investidor tem mais oportunidades lá fora, onde a dinâmica de inovação e nascimento de novos setores é mais intensa.
“Quando você compara a prateleira lá fora com a prateleira daqui, o que você quer é, na verdade, investir seu dinheiro lá”, reflete. “A gente precisa ter alguns avanços no nosso mercado de capitais para efetivamente atrair os investidores.”
Como a BlackRock enxerga o Brasil?
Takahashi também deu um panorama geral de como a BlackRock, a maior gestora de ativos financeiros do mundo, enxerga o país.
“A gente sempre viu o Brasil de forma muito positiva, tanto é que a empresa está há mais de décadas aqui. E os nossos negócios estão sempre crescendo [no país]”, comentou.
A BlackRock foi pioneira em introduzir importantes ETFs no mercado nacional, como o BOVA11, que replica o Ibovespa e é o maior ETF da bolsa; e o SMAL11, focado em small caps.
Outros temas também fizeram parte do Touros e Ursos nesta semana: a queda das ações da Sequoia Logística, as falhas de administração da Enel, o prêmio Nobel de Economia e o “foguete de ré” da SpaceX.
O Touros e Ursos é um podcast semanal do Seu Dinheiro, apresentado pela nossa equipe de repórteres. Toda semana, convidamos nomes importantes do mercado financeiro e do cenário político para discutir temas relevantes para o investidor pessoa física.
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