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Ricardo Gozzi
NÚMERO INDIGESTO

Está mais caro comer fora ou em casa? Alimentação faz IPCA-15 estourar o teto da meta de inflação em novembro

Alimentação e bebidas representaram quase a metade da alta da inflação na passagem de outubro para novembro, de acordo com os números divulgados hoje pelo IBGE

Ricardo Gozzi
26 de novembro de 2024
13:04 - atualizado às 14:44
inflação carrinho mercado alimentos
Imagem: Shutterstock

Primeiro o IPCA estourou o teto da meta de inflação em outubro. Agora é o IPCA-15 que aparece acima do limite de 4,50% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a alta acumulada dos preços em 2024.

A prévia da inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acelerou de +0,54% para +0,62% na passagem de outubro para novembro.

No acumulado em 12 meses, o índice passou de +4,47% para +4,77%.

Seguindo o que ocorreu com o IPCA cheio em outubro, esta é a primeira vez no ano que o IPCA-15 aparece acima do teto da meta.

O vilão da inflação

Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram alta em novembro.

No entanto, um deles se destacou como vilão: alimentação e bebidas.

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Os preços desses itens aumentaram 1,34% na passagem de outubro para novembro.

Não bastasse isso, eles foram responsáveis por quase metade (0,29 ponto porcentual) da alta da inflação no período estudado.

Comer em casa ou na rua?

Comer na rua costuma ser mais caro do que se alimentar em casa — e há uma série de razões para isso.

Em novembro, porém, a alta dos preços de produtos usados na alimentação em domicílio foi maior do que a de comer fora de casa.

A inflação da alimentação em domicílio acelerou de +0,95% no mês passado para +1,65% agora.

Nesse aspecto, o tomate e as carnes, que pressionaram o IPCA de outubro, ganharam a companhia do óleo de soja em novembro.

Já a inflação da alimentação fora de domicílio desacelerou de +0,66% para +0,57% no mesmo intervalo.

Tá ruim, mas tá bom…

A alta nos preços dos alimentos não foi a única surpresa do IPCA-15 deste mês.

Os preços das passagens aéreas, por exemplo, saltaram 22,56% em novembro.

No entanto, apesar da aceleração da inflação e do risco crescente de o IPCA terminar o ano fora da meta, as surpresas vieram de itens propensos à volatilidade.

“Apesar do resultado pior que o esperado, tivemos melhora marginal no aspecto qualitativo”, disse André Valério, economista sênior do Inter.

Essa melhora, segundo ele, pode ser observada na média dos núcleos e nos serviços subjacentes.

Enquanto a média dos núcleos desacelerou de +0,43% para +0,40% na leitura mensal, a inflação de serviços subjacentes passou de +0,59% para +0,45%.

A luta contra a inflação de 2024 está perdida?

Depois de passar a maior parte de 2024 sob relativo controle, o IPCA estourou o teto da meta de inflação na reta final do ano.

O mesmo ocorre com o IPCA-15. Depois da divulgação de hoje, alguns economistas já começaram a revisar para cima suas projeções para a inflação em novembro.

É o caso de Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, cuja projeção preliminar passou de +0,23% para +0,35%.

Antes mesmo do IPCA-15 de novembro, porém, uma parte dos economistas de mercado já dava como perdida a luta deste ano contra o dragão da inflação.

É o que sugere a mais recente edição da pesquisa Focus, divulgada ontem pelo Banco Central (BC).

Embora a mediana das projeções para o IPCA de 2024 tenha oscilado levemente para baixo, de 4,64% para 4,63%, a estimativa segue acima do teto de 4,50%.

Além disso, o ciclo de alta de juros recém-iniciado ainda é considerado insuficiente para deter a elevação dos preços.

Na Focus de ontem, a projeção para o IPCA do ano que vem saltou de 4,12% para 4,34%, sendo que o teto da meta de inflação de 2025 também é de 4,50%.

“O mais preocupante agora é a inflação de 2025”, disse Marianna de Oliveira Costa, economista-chefe da Mirae Asset, ao Seu Dinheiro.

Afinal, é o movimento dos preços ao longo do próximo ano que determinará quando o BC terá espaço para interromper o atual aperto monetário e eventualmente começar a cortar os juros.

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