Felipe Miranda: Inflação, juros e mercado financeiro, uma hipótese
Surpreendentemente, atingimos o tal soft landing, aquela margem estreita que desafiava a tendência histórica
Quando Zhou Enlai recebeu a visita de Richard Nixon em 1972, foi perguntado sobre os tumultos na França. Em sua resposta, o premiê chinês afirmou ainda ser muito cedo para tirar qualquer conclusão.
A frase foi vista como uma demonstração da sabedoria confucionista e da visão de longo prazo da China. Passaram quase duzentos anos e ainda era cedo para concluir algo sobre a Revolução Francesa…
Décadas depois, veio a se saber que não era exatamente isso. O diplomata norte-americano Charles Freeman disse ter havido um mal-entendido na fala de Zhou.
O premiê chinês, na verdade, se referia às inquietações de maio de 1968, não àquelas de 1789. Henry Kissinger, em seu brilhante livro sobre a China, também faz uma correção da primeira interpretação.
Seja lá qual das versões é a verdadeira, a original era bem mais legal — talvez por isso tenha demorado tanto para ser corrigida.
O tempo das avaliações históricas e dos processos econômico-sociais não é necessariamente cronológico. Curto e longo prazo, transitório ou permanente, perto ou distante pertencem ao olhar do observador e à maré das circunstâncias.
Leia Também
Pandemia e projeções sobre a inflação
Logo depois da pandemia, quando a inflação veio com tudo, os Bancos Centrais mundiais — ênfase no Fed — caracterizaram aquele fenômeno como transitório.
As cadeias globais de suprimento seriam rapidamente reorganizadas, as commodities cairiam e os efeitos dos estímulos arrefeceriam.
Em pouco tempo, a inflação seria debelada e voltaríamos a período semelhante àquele da estagnação secular, quando a tecnologia e a demografia provocavam um mundo estruturalmente deflacionário.
Meses se passaram, e a inflação, além de não ceder, acelerou. Foi bem mais alta e persistente do que se imaginava.
- MELHORES INVESTIMENTOS PARA 2024: Receba o guia completo e gratuito do Seu Dinheiro, com recomendações das maiores casas de análise, bancos e corretoras do Brasil.
As medidas dos Bancos Centrais contra a inflação
Os Bancos Centrais revisitaram sua inflação sobre a suposta transitoriedade do fenômeno e pediram formalmente para não mais chamar o processo de passageiro.
Iniciaram agressivos processos de aperto monetário na sequência. E foram alvo de críticas pesadas sobre seu erro de avaliação.
Nos últimos meses, a inflação começou a arrefecer. Então, a interpretação predominante foi de que a política monetária, embora tardiamente, funcionou.
A economia, os juros e a inflação
A economia sente o efeito dos juros mais altos, a demanda agregada cai, a inflação cai. Estaríamos rigorosamente alinhados à ortodoxia.
Será mesmo? Ou incorreríamos aqui na falácia lógica “post hoc, propter hoc”? Ou seja, a inflação teria desacelerado depois da alta do juro, não necessariamente por conta da alta do juro.
Paul Krugman tem uma hipótese alternativa bastante interessante sobre o processo. Em artigo recente no NYT, de nome “Beware Economists Who Won’t Admit They Were Wrong”, o prêmio Nobel de Economia defende a tese de que a inflação, na verdade, era mesmo transitória — ela apenas demorou mais tempo do que se supunha para arrefecer.
As disrupções na cadeia foram maiores e mais longevas do que se imaginava, e foram intensificadas com a guerra na Ucrânia. A tal transitoriedade acabou levando anos, em vez de meses, mas estava lá.
Ele argumenta ainda que, na hipótese mais ortodoxa, a inflação teria recuado a partir de um aumento destacado da taxa de desemprego, o que não ocorreu.
Estamos falando de uma taxa de desemprego de 4,5%, para uma inflação que potencialmente caminha para 2,5%.
Surpreendentemente, atingimos o tal soft landing, aquela margem estreita em que ninguém, além de Chistopher Waller do Fed, parecia acreditar a priori e que desafiava a tendência histórica (ao longo do tempo, processos desinflacionários costumaram vir acompanhados de recessão nos EUA).
Ao melhor estilo Zhou Enlai (ou fake news sobre Zhou Enlai), acho cedo para afirmar se a tese de Krugman está mesmo certa.
O que esperar?
Mas há um ponto importante a ser considerado aqui: as forças predominantes da estagnação secular continuam aí, ainda mais intensas do que anteriormente. O mundo só ficou mais tecnológico e a demografia só piorou.
A grande questão (para a qual não tenho resposta), portanto, seria: o que pesa mais?
De um lado, demografia e tecnologia representam um mundo deflacionário. De outro, near/friend shoring, transição energética e retorno da importância de alguns sindicatos implicariam tendência inflacionária. Qual a força resultante?
Se Krugman estiver certo, o maior risco seria a manutenção de juros elevados nos EUA gerar uma recessão por lá — nesse sentido, os dados do Relatório de Emprego na última sexta e, no geral, a preocupação mais recente com uma economia dos EUA um pouco mais aquecida seriam bons (e não ruins conforme a interpretação de consenso).
Se voltarmos ao mundo da estagnação secular (ou algo parecido com isso), o juro será bem mais baixo. Voltaremos ao growth, em detrimento ao value.
A fraqueza de ativos de risco neste início de 2024 poderia ser interessante oportunidade de compra.
De uma forma ou de outra, os juros vão cair aqui e lá fora — estamos apenas numa discussão de dosimetria fina.
Em sendo o caso, estaríamos discutindo se o ano será marginalmente bom, muito bom ou excelente. Torço pelo último, mas seja lá qual for o caso, a assimetria é convidativa.
CNH sem autoescola: com proposta aprovada, quanto vai custar para tirar a habilitação
Com a proposta da CNH sem autoescola aprovada, o custo para tirar a habilitação pode cair até 80% em todo o país
A palavra do ano no dicionário Oxford que diz muito sobre os dias de hoje
Eleita Palavra do Ano pela Oxford, a expressão “rage bait” revela como a internet passou a usar a raiva como estratégia de engajamento e manipulação emocional
Não tem para ninguém: Lotofácil, Quina e demais loterias da Caixa entram em dezembro sem ganhadores
Depois de acumular no primeiro sorteio do mês, a Lotofácil pode pagar nesta terça-feira (2) o segundo maior prêmio da rodada das loterias da Caixa — ou o maior, se ela sair sem que ninguém acerte a Timemania
Tema de 2026 será corte de juros — e Galapagos vê a Selic a 10,5% no fim do próximo ano
No Boletim Focus desta semana, a mediana de projeções dos economistas aponta para uma Selic de 10,5% apenas no final de 2027
Metrô de São Paulo começa a aceitar pagamento com cartão de crédito e débito direto na catraca; veja como vai funcionar
Passageiros já podem usar cartões de crédito ou débito por aproximação na catraca, mas integração com ônibus continua exclusiva do Bilhete Único
CNH sem autoescola: quais são os requisitos para o instrutor autônomo?
Nova resolução do Contran cria o instrutor autônomo e detalha os requisitos para atuar na formação de condutores no modelo da CNH sem autoescola
Contran toma decisão irrevogável sobre o projeto da CNH sem autoescola
Nova resolução do Contran libera a CNH sem autoescola, cria instrutor autônomo, reduz carga horária prática e promete queda de até 80% no custo da habilitação
Flamengo torce contra rival para fechar o ano como clube brasileiro com maior arrecadação em 2025
Mesmo com o tetracampeonato da Libertadores 2025 e mais de R$ 177 milhões em premiações, o Flamengo ainda corre atrás de rival na disputa pela maior arrecadação do futebol brasileiro neste ano
Black Friday 2025 e décimo terceiro levam o Pix a novo recorde de movimentação diária
Transações superam a marca anterior e consolidaram o Pix como principal meio de pagamento digital do país
Mercado corta projeção para inflação de 2025 — de novo —, mas juros continuam estacionados neste ano e no próximo
Economistas consultados pelo BC esperam que tendência de arrefecimento dos preços perdure neste ano, mas siga quase estável no próximo
Essa cidade foi derrubada por uma empresa privada para dar lugar a um reservatório — e o que existe lá hoje é surpreendente
Cidade fluminense destruída para ampliar um reservatório ganha novo significado décadas depois, com parque ecológico
Relatório Jolts, discurso de Powell e balança comercial do Brasil são destaques da agenda econômica
Os investidores ainda acompanham divulgação do IPC-Fipe de novembro, além do PIB do 3º trimestre do Brasil e da Zona do Euro
Imposto de Renda: Lula fará pronunciamento neste domingo (30) sobre medida que altera a tributação
A fala será transmitida às 20h30 e trará como principal anúncio a nova faixa de isenção para R$ 5 mil além de mecionar os descontos extras para rendas intermediárias
Plano da Petrobras (PETR4), despencada da Hapvida (HAPV3) e emergentes no radar: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
O anúncio estratégico da estatal, a forte queda da operadora de saúde e a análise do Morgan Stanley com Brasil em destaque; veja o que mais movimentou o SD
Ganhador da Mega-Sena 2945 embolsa prêmio de mais de R$ 27 milhões com aposta simples
Não foi só a Mega-Sena que contou com ganhadores na categoria principal: a Lotofácil teve três vencedores, mas nenhum deles ficou milionário
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: Vamos (VAMO3) lidera ganhos da semana, Hapvida (HAPV3) fecha como pior ação
Dólar recua, inflação segue dentro da meta e cenário de juros favorece fluxo de investidores
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, é liberado da prisão com medidas cautelares; veja o que acontece agora
A desembargadora Solange Salgado da Silva concedeu o habeas corpus com a justificativa de que os delitos atribuídos ao banqueiro “não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa”
Final da Libertadores 2025: veja quando e onde assistir a Palmeiras x Flamengo
A Final da Libertadores 2025 coloca Palmeiras x Flamengo frente a frente em Lima; veja horário, onde assistir e detalhes da grande decisão
Olho no prêmio: Mega-Sena acumula e vai pagar R$ 27 milhões
Segundo a Caixa, o próximo sorteio acontece neste sábado, dia 29 de novembro, e quem vencer pode levar essa bolada para casa
Todos nós pagaremos a conta da liquidação do Banco Master, dizem especialistas; veja qual será o impacto no seu bolso
O FGC deve pagar os credores do Master e, assim, se descapitalizar. O custo para o fundo reconstituir capital será dividido entre todos