Ata do Copom mostra divisão mais sutil entre Campos Neto e diretores escolhidos por Lula
Divergência entre os diretores do Banco Central se concentrou no cumprimento do forward guidance, mas houve concordância sobre piora no cenário

A bola dividida da decisão de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) foi um lance forte à primeira vista.
A torcida protestou de imediato e o árbitro de vídeo entrou em ação.
No entanto, a revisão no “VAR” da ata do Copom, divulgada na manhã desta terça-feira (14), mostrou um lance que pode ser considerado normal de jogo.
O texto da ata da 262ª reunião do Copom, realizada nos dias 7 e 8 de maio, indica que os piores temores dos analistas não vão se concretizar: os novos diretores do BC não deram nenhum sinal de que serão lenientes com a inflação.
Na abertura da sessão de hoje, as taxas projetadas dos contratos de juros futuros apresentam oscilações discretas, com tendência à queda nos vencimentos mais curtos.
- O que acontece na gestão da Petrobras, Eletrobras e Caixa? Convidamos 3 ex-CEOs e CFOs para contar tudo que viveram nos “bastidores” das estatais em um evento inédito. Saiba mais e retire seu ingresso gratuito aqui.
A decisão do Copom
Para entender melhor a importância da ata, é preciso voltar ao resultado da reunião de política monetária.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Na última quarta-feira (8), o Copom decidiu cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, para 10,50% ao ano.
Para tanto, o colegiado precisou abandonar o chamado forward guidance, por meio do qual buscava potencializar a previsibilidade de suas ações futuras.
Isso porque o Copom havia sinalizado no comunicado anterior que reduziria os juros em 0,50 ponto porcentual.
A decisão veio em linha com as projeções da maior parte dos analistas. Mesmo assim, o mercado reagiu negativamente.
O motivo foi o placar da decisão.
Dos nove diretores do Copom, cinco votaram pelo corte de 0,25 ponto. Os outros quatro preferiam um alívio maior, de meio ponto.
O comunicado também revelou uma divisão em linhas claras.
Os votos pelo corte a 10,50% vieram dos diretores mais antigos, ligados ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Os votos divergentes partiram dos quatro diretores indicadores pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Como estes serão maioria dentro de de alguns meses, os investidores desconfiaram que eles poderiam ser mais lenientes no combate ao dragão da inflação.
Ruídos na comunicação do Copom
A reação imediata dos analistas manteve-se mesmo com o comunicado trazendo uma mensagem mais dura.
No entanto, o Copom não tem primado pela clareza na comunicação.
Semanas antes da última reunião, Campos Neto chutou o forward guidance para escanteio, antecipando que o Copom não estava mais comprometido com um novo corte de 50 pontos-base (como indicava o comunicado da reunião anterior).
Foi o que engrossou as apostas em um corte de 25 pontos-base, como aconteceu.
Ao mesmo tempo, o comunicado que acompanhou a decisão da semana passada buscou explicitar o compromisso dos diretores com o combate à inflação, mas a tentativa foi inócua.
- LEIA TAMBÉM: Projeção para Selic volta a subir após bola dividida no Copom a poucos meses da saída de Campos Neto
O que diz a ata do Copom afinal
A constatação dos ruídos na comunicação fez com que os investidores passassem a ver na ata uma espécie de tira-teima.
Pelo que se lê nos parágrafos 17, 18 e 19 do documento, houve um certo exagero na reação do mercado ao placar apertado da votação.
"As divergências são menores do que a leitura inicial do mercado", afirma Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.
A leitura da ata indica que as divergências ficaram restritas ao forward guidance. Em relação à piora das expectativas inflacionárias, todos parecem olhar para o mesmo lado.
Os defensores da proposta vencedora, de corte de 25 pontos-base, argumentaram que a desancoragem adicional das expectativas de inflação entre a penúltima e a última reuniões justificavam o abandono do forward guidance.
“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o documento.
Todos na mesma página
Já os defensores de um alívio maior nos juros afirmaram compartilhar “do firme compromisso com o objetivo fundamental de atingimento da meta e de reancoragem das expectativas”.
Na visão dessa ala, o ideal seria seguir o forward guidance, que indicava um corte de 50 pontos-base na semana passada, “mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo do Comitê de convergência da inflação para a meta seja alcançado”.
Disseram ainda que tal postura “não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação”.
No fim, todos concordaram com a remoção de qualquer indicação sobre quais serão os próximos passos do BC.
A ideia é ter mais flexibilidade de ação “diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”.
Todos também declararam-se comprometidos com a manutenção de uma política monetária contracionista até que o processo desinflacionário e a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas se consolidem.
Na avaliação de Goldenstein, a convergência em relação a uma política monetária mais cautelosa e sem indicações futuras sugere que o ciclo de cortes pode terminar com a taxa de juros em um nível mais alto do que se esperava antes.
Para Alberto Ramos, do Goldman Sachs, o Copom promoverá mais três cortes de 0,25 ponto porcentual na Selic até o fim de 2024, levando a taxa de juros a 9,75% ao ano.
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)