Campos Neto e Powell navegam em águas incertas: o que esperar dos próximos passos dos banqueiros centrais para os juros
A trajetória das taxas de juros no Brasil e nos EUA será decisiva para as expectativas dos investidores e a direção dos ativos de risco
Esta semana é crucial tanto no cenário internacional quanto no brasileiro para a divulgação de indicadores econômicos chave.
Internacionalmente, a atenção se volta para quinta-feira, quando será divulgado o índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) de janeiro, o indicador preferencial do Federal Reserve (Fed) para aferir a inflação.
Esse anúncio sucede a publicação do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, prevista para quarta-feira, após um período de volatilidade marcado por leituras alarmantes dos índices de preços ao consumidor e ao produtor, que incitaram uma postura mais defensiva por parte do Fed.
O resultado do PCE pode, dependendo de sua natureza, tranquilizar ou causar apreensão sobre os investidores.
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Quando o Fed vai cortar os juros?
Uma leitura acima do esperado pode intensificar as preocupações com a persistência da inflação, potencialmente atrasando ainda mais a redução da taxa de juros básica dos EUA, que muitos antecipavam poder começar a ocorrer no primeiro trimestre.
Apesar das especulações sobre cortes de juros em março, nunca me convenci dessa possibilidade.
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Os investidores, influenciados pelo otimismo entre novembro e dezembro do último ano, parecem ter sido levados por uma comunicação equivocada do Fed, que insinuou a possibilidade de reduções na taxa já em março, condicionada, porém, a uma melhoria dos indicadores econômicos.
Ninguém se lembrava desse condicionamento, mas ele ocorreu.
No entanto, os dados econômicos apresentados desde o início do ano revelaram uma economia americana mais robusta do que o previsto, acompanhada de uma inflação acima das expectativas, com uma qualidade ruim dos índices de preços.
Como resultado, a taxa de juros de longo prazo nos EUA, especificamente a dos títulos de 10 anos, aumentou de 3,80% para 4,30%, afetando negativamente os ativos de risco.
Essa tendência não impactou significativamente os ativos americanos, impulsionados pela empolgação com a inteligência artificial, mas exerceu pressão sobre os mercados emergentes, mais vulneráveis às variações nas taxas de juros.
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O Brasil é um exemplo dessa dinâmica em 2023.
A correlação entre o índice MSCI Brazil e os títulos de 10 anos dos EUA atingiu seu ponto mais alto em duas décadas, indicando uma movimentação conjunta.
Isso implica que, com o aumento dos juros, os preços dos títulos caem, arrastando consigo o valor dos ativos de risco brasileiros.
Fonte: Santander.
Em fevereiro, o Ibovespa até recuperou marcas significativas, atingindo os 130 mil pontos, mas o mercado local ainda aguarda uma decolagem efetiva, influenciado fortemente por investimentos estrangeiros, dada a contenção do investimento local.
Esta contenção se deve, em parte, à persistência, embora reduzida, dos resgates na indústria de fundos.
A estabilização e possível reversão dos resgates de fundos estão atreladas a uma redução na taxa de juros, que ainda enfrenta desafios devido à competição com produtos incentivados.
A taxa de juros no Brasil, por sua vez, já iniciou sua trajetória de queda, com potencial para mais reduções.
Contrariamente, as expectativas de redução das taxas nos EUA foram adiadas, agora previstas entre maio e junho, estreitando o diferencial de juros entre os dois países.
Isso repercute diretamente no câmbio, com o dólar fortalecendo-se globalmente e frente ao real, aproximando-se dos R$ 5.
Próximos dados de inflação serão decisivos para os juros
Este cenário realça a importância dos próximos dados de inflação, que orientarão as expectativas dos investidores sobre a direção das taxas de juros para o ano corrente, além de aguçar o interesse nas declarações dos membros do Fed por pistas sobre a trajetória futura dos juros.
No cenário local, a antecipação do IPCA-15 de fevereiro sugere um aumento, impulsionado pelo reajuste das mensalidades escolares e os ajustes no ICMS sobre combustíveis.
Embora uma prévia do índice inflacionário acima do esperado não deva alterar imediatamente a estratégia de corte de juros pelo Banco Central, pode ajustar as expectativas para o ritmo de redução da Selic no segundo semestre e influenciar a projeção para a taxa de juros final.
Espera-se a continuação da política de corte de juros, mas sem o forward guidance do Banco Central, indicando uma possível moderação no ritmo de flexibilização monetária a partir de junho, dependendo dos índices de inflação.
Isso poderia desacelerar, mas não cessar, os cortes de juros, mantendo uma âncora para as expectativas enquanto se aguarda a redução das taxas pelo Fed.
Tal cenário poderia pressionar negativamente os ativos de risco no curto prazo.
Ainda, um resultado inflacionário particularmente adverso poderia revisar para cima as expectativas para a Selic ao final deste ciclo, potencialmente de 8,5% para 9,5%.
A situação permanece fluida, dependente de novos dados, especialmente no período entre março e maio. Mesmo assim, mantenho uma visão otimista para os ativos de risco para o ano, apesar da volatilidade a curto prazo.
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