Vai ter Disney? Dólar cai após BC começar o aperto da Selic, mas estes seis fatores devem determinar a trajetória do câmbio
Queda de juros nos EUA e estímulos chineses favorecem o real contra o dólar, mas risco fiscal e incerteza geopolítica pressionam as cotações; entenda
Com o fim do ano se aproximando, muitas pessoas já começaram a se organizar para as tão esperadas férias. E com o dólar acumulando quedas nas últimas semanas, a pergunta inevitável volta ao radar não apenas para os turistas como também para os investidores: afinal, vai ter Disney?
Fato é que as recentes decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos mexeram com o câmbio. Isso porque o diferencial de juros entre os dois países cresceu, reforçando a expectativa de que a moeda americana poderia ficar mais barata por aqui.
Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) finalmente deu início ao ciclo de corte monetário nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) voltou a subir a taxa básica de juros, a Selic, depois de seis cortes.
Os juros mais altos no Brasil podem atrair investimentos estrangeiros, o que aumenta a demanda pelo real e pode levar à valorização em relação à moeda americana.
Esse movimento já vinha sendo observado mesmo antes da Super Quarta: o dólar teve sete sessões de queda contra o real e chegou a valer R$ 5,42 nas mínimas recentes.
Com isso, a pergunta que fica é: esse é o melhor momento para comprar dólar ou ainda existe espaço para que o real se valorize mais?
Leia Também
Embora o mercado acredite em novas quedas do dólar, é pouco provável que a moeda inicie uma sequência de desvalorizações que a leve para perto de R$ 5 tão cedo.
A perspectiva está em linha com as projeções do Boletim Focus. No relatório divulgado na segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC), a expectativa para a taxa de câmbio no fim de 2024 está em R$ 5,40.
É claro que essa projeção considera o cenário atual, que pode mudar ou sofrer uma ruptura a qualquer momento.
Na matéria a seguir, explicamos quais fatores devem contribuir para novas sequências de quedas do dólar frente ao real e o que pode provocar o efeito contrário no câmbio.
Para esta reportagem, o Seu Dinheiro consultou os seguintes especialistas: Isabela Bessa, especialista em investimentos internacionais da Warren Investimentos; Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad; e Rodrigo Cabraitz, trader de câmbio da Principal Claritas.
Juros, risco fiscal, EUA e mais: o que pode deve mexer com o dólar
- 1 - Diferencial de juros
O diferencial de taxa de juros entre Brasil e os EUA é um dos principais fatores que podem contribuir para que o dólar fique mais barato no curto prazo, segundo os especialistas.
Com a Selic mais alta, a expectativa é de uma entrada maior de dólares no país de investidores que tomam recursos com juros mais baixos lá fora para aplicar aqui. No mercado, esse movimento é conhecido como carry trade.
“Além do diferencial de juros, outros fatores que podem levar a uma queda nas cotações do dólar incluem o crescimento econômico da economia brasileira, a relativa estabilidade política e uma balança comercial favorável”, afirma Isabela Bessa, especialista em investimentos internacionais da Warren Investimentos.
- 2 - Cenário “Cachinhos Dourados” nos Estados Unidos
A economia dos Estados Unidos deve entrar em um processo de desaceleração em breve, mas de forma organizada. Esse é o cenário-base projetado por parte do mercado financeiro.
Os dados do relatório mensal sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em agosto, mais conhecido como payroll, indicou que o mercado americano deu mais um indício de enfraquecimento, mas sem apontar para uma recessão. Esse fator, inclusive, também motivou o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Em um cenário de soft landing nos EUA — ou seja, uma desaceleração econômica que não gere recessão —, os países emergentes, principalmente aqueles com moedas mais voláteis e ligadas a commodities, voltam a atrair interesse em meio a um dólar fraco a nível global.
Esse cenário ideal, com juros mais baixos no exterior, mas sem recessão na maior economia do planeta, também é chamado de “Cachinhos Dourados”, em referência à conhecida fábula infantil.
“Nesse sentido, os mercados emergentes podem se beneficiar com: apreciação da moeda, curva de juros mais controlada e cenário mais positivo para risco e, consequentemente, para a bolsa”, afirma Rodrigo Cabraitz, trader de câmbio da Principal Claritas.
Por outro lado, uma desaceleração mais forte ou uma recessão nos EUA devem ter um efeito oposto e levar a uma alta do dólar.
- 3 - O “despertar” da China
Outro fator que deve beneficiar os mercados emergentes e, portanto, fazer o preço do dólar cair, é o pacote econômico anunciado pelo governo da China. Isso porque os incentivos devem fazer com que o real se fortaleça como moeda de país exportador de commodities.
Na semana passada, logo após o anúncio dos estímulos, o Ibovespa chegou a disparar, impulsionado pela alta nas ações de empresas de mineração, como a Vale (VALE3). Já o dólar chegou a cair mais de 1%, com a moeda americana sendo negociada a R$ 5,46.
- 4 - Risco fiscal no Brasil
Passando para os fatores internos que mexem com o dólar, nenhum deles é tão crucial neste momento quanto o risco fiscal.
A desconfiança do mercado sobre a política fiscal do governo Lula colocou uma nuvem cinza de incerteza sobre a economia. Nesse sentido, um quadro prolongado de déficit nas contas públicas deve trazer pressão sobre o câmbio.
O governo vem tentando equacionar o problema principalmente pelo lado da arrecadação. Neste ano, a meta fiscal parece mais crível diante do crescimento acima do esperado da economia e das medidas de tributação, como a taxação dos super-ricos e fundos exclusivos.
“São fatores que provavelmente não teremos em 2025”, diz Cabraitz. “No orçamento do ano que vem, haverá pouco espaço para o congelamento de despesas discricionárias, e será preciso muita negociação política para que o governo consiga cortar mais gastos”.
- 5- Novo presidente do Banco Central (BC) e inflação acima da meta
Após o fim do mistério sobre o indicado do governo para a sucessão de Roberto Campos Neto, o mercado estará de olho na condução de Gabriel Galípolo na política monetária brasileira e se o atual diretor da autarquia continuará o trabalho de seu antecessor.
Além disso, uma inflação acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e com desancoragem das expectativas também pode impedir uma queda maior no dólar. Afinal, quando a inflação é alta, o poder de compra da moeda local (no caso o real) diminui.
Isso pode fazer com que os investidores estrangeiros percam confiança no real e prefiram manter seus ativos em moedas mais estáveis, como o dólar. Como resultado, a demanda pela divisa americana aumenta e o real se desvaloriza.
- LEIA TAMBÉM: SD Select entrevista analista e libera carteira gratuita de ações americanas pra você buscar lucros dolarizados em 2024. Clique aqui e acesse.
- 6 - Intensificação dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio
Por fim, a dinâmica geopolítica também pode ter um impacto significativo nas taxas de câmbio e na economia global, e os conflitos internacionais podem afetar o dólar de várias maneiras.
A escalada de tensões no Oriente Médio — os conflitos entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza e agora com o Hezbollah no Líbano — e a guerra entre Rússia e Ucrânia tendem a fazer com que investidores busquem ativos considerados seguros, como o dólar.
Em resposta a crises, o Federal Reserve também pode ajustar suas políticas monetárias, e a instabilidade pode levar a um aumento nos fluxos de capital para os EUA, resultando em maior demanda pelo dólar. Tudo isso deve levar à valorização da moeda americana.
“É por isso que todo investidor precisa ter uma parte do seu patrimônio investido no exterior. Além da clássica estratégia de diversificação, o fato dos ativos estarem em dólar, na verdade, adiciona uma camada de proteção ao patrimônio”, afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Em resumo, mesmo que você não tenha planos de viajar para o exterior, vale a pena manter uma parcela da carteira em ativos em moeda estrangeira para estruturar um portfólio equilibrado e diversificado
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações de risco no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M.Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
Ibovespa desafia a gravidade e tem a melhor performance desde o início do Plano Real. O que esperar agora?
Em Wall Street, as bolsas de Nova York seguiram voando às cegas com relação à divulgação de indicadores econômicos por conta do maior shutdown da história dos EUA, enquanto os valuations esticados de empresas ligadas à IA seguiram como fonte de atenção
Dólar em R$ 5,30 é uma realidade que veio para ficar? Os 3 motivos para a moeda americana não subir tão cedo
A tendência de corte de juros nos EUA não é o único fato que ajuda o dólar a perder força com relação ao real; o UBS WM diz o que pode acontecer com o câmbio na reta final de 2025
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa e Minerva (BEEF3) fica na lanterna; confira o sobe e desce das ações
O principal índice da bolsa brasileira acumulou valorização de 3,02% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão da semana no nível inédito dos 154 mil pontos
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da Cogna (COGN3) desabaram mesmo depois de um “trimestre limpo”?
As ações passaram boa parte do dia na lanterna do Ibovespa depois do balanço do terceiro trimestre, mas analistas consideraram o resultado como positivo
Fred Trajano ‘banca’ decisão que desacelerou vendas: “Magalu nunca foi de crescer dando prejuízo, não tem quem nos salve se der errado”
A companhia divulgou os resultados do segundo trimestre ontem (6), com queda nas vendas puxada pela desaceleração intencional das vendas no marketplace; entenda a estratégia do CEO do Magazine Luiza
