O Banco Central da Argentina (BCRA, na sigla em espanhol) anunciou na última segunda-feira (22) a emissão da nova nota de dois mil pesos (AR$ 2.000).
Com uma inflação que supera os 100% em 12 meses, o país vizinho se viu obrigado a aumentar o número de zeros da cédula para facilitar o dia a dia da população.
Apesar do número aparentemente alto, a nova nota de dois mil pesos não vale muito mais do que R$ 42 ou US$ 8,50 nas cotações atuais. Em relação ao câmbio paralelo, a conversão pesa ainda mais.
Atualmente, o BC da Argentina emite moedas de 1, 2, 5 e 10 pesos e notas de 10, 20, 50, 100, 200, 500, 1000 e, agora, 2000 pesos. As cédulas menores, entretanto, caíram em desuso devido ao seu baixo valor.
Ainda, a utilização de métodos de pagamento digitais, como cartões e transferências bancárias, não é comum devido às altas taxas — o que empurra a população ainda mais para o uso do dinheiro físico.
Confira a seguir o que dá para comprar com a nova nota de dois mil pesos argentinos.
Nota de dois mil pesos faz ‘ricos’ na Argentina
Quanto custa jantar no melhor restaurante de carnes do mundo? O popular Don Julio de Buenos Aires, na Argentina, é conhecido por ser esse tal estabelecimento.
Existem pratos que custam menos de AR$ 2 mil, mas uma experiência completa do local pode custar um pouco mais.
Uma refeição com direito a entrada, prato principal — e, é claro, um bom vinho — pode ficar na casa dos AR$ 6 mil a AR$ 8 mil por pessoa. Ou seja, apenas três ou quatro notas de dois mil pesos.
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Pode parecer muito mas, fazendo a conversão para reais, são aproximadamente R$ 130 a R$ 170 — em outras palavras, dá para comer muito bem munido apenas de uma nota brasileira do lobo-guará.
Se você é um viajante mais modesto, a nota de dois mil pesos lhe garantirá, ao menos, duas refeições. O custo médio de um prato por lá é de AR$ 1.600 — garantindo espaço para um tradicional lanche choripán, que pode custar entre AR$ 400 e AR$ 800, dependendo da região.
E vinhos (quase) à vontade
Mas nem só de refeições viverá o viajante, diria o poeta. Uma medida recente permite que brasileiros tragam até 12 litros de vinho — com cada garrafa tendo em média 750 ml, são até 16 unidades, segundo dados mais recentes —, sem ultrapassar um valor equivalente a US$ 500.
Em passagem mais recente pelo país vizinho — vale frisar, apenas para critérios de trazer as melhores informações para os leitores do Seu Dinheiro —, este repórter deu uma leve espiada nos preços.
Uma garrafa pode custar entre AR$ 200 e AR$ 2.000 (R$ 4,25 e R$ 42,50 ou US$ 0,85 e US$ 8,54, nas cotações atuais). Na média, é mais fácil encontrar boas alternativas na faixa de AR$ 450 a AR$ 800 (R$ 9,58 e R$ 17,03 ou US$ 1,92 e US$ 3,41).
Mas para os consumidores de paladar mais refinado, a nova nota não será suficiente para trazer os vinhos argentinos mais desejados, que dificilmente saem por menos de 5 mil pesos (R$ 105).
Brasil também tem sua “nota alta”
Aqui no Brasil também tivemos o lançamento da nota de 200 reais, estampando o famoso lobo-guará.
Entretanto, dados recentes do Banco Central mostram que das 450 milhões de cédulas apenas emitidas no ano de 2020, só 108 milhões – 24% do total – estão em uso no país.
Existem vários motivos para isso. Notas altas costumam gerar atritos entre comerciantes e clientes, não só porque são a segunda mais falsificadas do mercado — perdendo apenas para as de R$ 100 —, mas por “enxugar” o troco do caixa.
Com isso, o lobo-guará é a sétima nota emitida pelo BC, juntando-se às cédulas de 2, 5, 10, 20, 50 e 100. A autoridade monetária ainda emite oficialmente moedas de 1 centavo, 5 centavos, 10 centavos, 25 centavos, 50 centavos e 1 real, mas a circulação delas é cada vez menor.