Os bancos entraram de cabeça na inteligência artificial — e um ponto de chegada específico vai definir quem sairá em vantagem em relação à concorrência
Felipe Fiamozzini, sócio da Bain&Company, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre os rumos da inteligência artificial nos serviços financeiros
Poucos temas ganharam tamanha proporção em um curto intervalo de tempo como a inteligência artificial. A OpenAI liberou acesso ao ChatGPT há menos de um ano. Isso ocorreu em 30 de novembro de 2022. Já no início de fevereiro de 2023, o chatbot consolidava-se como a plataforma de mais rápido crescimento na história da internet.
Quando o Google consolidar os dados de assuntos mais buscados de 2023, é altamente provável que tópicos como “inteligência artificial” e “ChatGPT” figurem entre os mais pesquisados em todo o mundo.
Mas esta é só a ponta de um imenso iceberg digital. Na temporada de balanços do terceiro trimestre, quem olhava os resultados das big techs praticamente só queria saber de inteligência artificial. Na guerra comercial entre Estados Unidos e China, os semicondutores e chips de IA ocupam o centro da disputa.
“Enquanto toda essa exposição desencadeia debates acalorados sobre o uso e os limites desses recursos, a busca por aplicações práticas movimenta os mais diversos setores da economia. E quem lidera essa mobilização é a indústria financeira”, afirma Felipe Fiamozzini, sócio da Bain&Company.
A inteligência artificial na indústria financeira
Não se trata de algo futurista, mas de uma realidade. A inteligência artificial ganha cada vez mais espaço nas estruturas internas de bancos, corretoras e outras empresas do setor.
“Com o passar do tempo, a expectativa é de que funcionalidades proporcionadas pelas IAs estejam cada vez mais presentes no dia a dia dos clientes dos bancos e das corretoras”, disse o executivo da Bain em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.
Leia Também
Dias após fala de Tarcísio sobre Coca-Cola, caso de intoxicação com refrigerante assusta Santa Catarina
Horário de sorteio das Loterias da Caixa vai mudar; veja quando

De forma indireta, isso já acontece no Morgan Stanley. Fiamozzini considera o bancão norte-americano como o mais avançado no uso da inteligência artificial neste momento. E esse processo ocorre de dentro para fora.
No caso do Morgan Stanley, mais de 100 mil documentos foram usados no treinamento do modelo de inteligência artificial desenvolvido pelo banco.
Com acesso a essa estrutura, milhares de assessores de investimento atuam como intermediários entre a IA e os clientes.
É como se cada cliente estivesse sendo atendido pessoalmente pelo próprio CIO do Morgan Stanley.
“A tecnologia permite melhores recomendações e melhores ofertas ao cliente final, mas o foco agora é aumentar a produtividade dos times”, explica Fiamozzini.
Um foco mais específico no cliente deve acontecer em um momento mais avançado dos modelos de inteligência artificial generativa, disse ele.
Onde investir em novembro: ações, dividendos, FIIs, BDRs, criptomoedas - Veja indicações gratuitas
Os próximos passos da inteligência artificial nos serviços financeiros
No geral, os serviços financeiros ainda estão engatinhando no que se refere à experiência do cliente.
Além disso, as empresas interessadas no uso de IA ainda precisam enfrentar os desafios tecnológicos dessa inovação, bem como a especialização, o treino e a curadoria dos modelos utilizados.
No Brasil, o uso ainda é incipiente. “Modelos estão sendo desenvolvidos e testados entre grupos pequenos de colaboradores.”
Trinta por cento do tempo nas agências é dedicado a entender problemas específicos dos clientes, disse ele, citando uma pesquisa da Bain.
“Não é só saber onde você clicou no aplicativo do banco”, afirmou.
Mas esses avanços não devem demorar.
“Estruturar informações e demandas dos clientes que vêm em texto, vêm em voz, demanda um esforço muito grande. Este é um ponto em que provavelmente a gente vai sentir a diferença nos próximos anos”, afirma ele.
Além disso, a instituição financeira que proporcionar a seus clientes o primeiro serviço conversacional vai ter vantagens importantes.
“Há riscos atrelados a isso, especialmente reputacionais, então você não vai ver bancos agindo de maneira irresponsável. Mas está todo mundo olhando para esse ponto de chegada.”
Relação ganha-ganha
Embora não seja possível prever com exatidão quando esses avanços chegarão, o executivo da Bain acredita que o resultado será uma relação ganha-ganha entre instituições financeiras e clientes.
O funcionamento de áreas internas dos bancos será bastante modificado, especialmente no que se refere a departamentos como jurídico, contabilidade e compras.
Simultaneamente, a implementação do open finance e do open insurance tornará a melhora do atendimento fundamental para a retenção dos clientes.
Outros setores já fazem uso incipiente da inteligência artificial
O interesse em modelos de inteligência artificial geracional não está restrito aos serviços financeiros.
Setores apontados por Fiamozzini como interessados de primeira hora em modelos de inteligência artificial generativa são os de seguros, comércio eletrônico e atendimento a clientes.
Pesquisa promovida pela Bain identificou ainda os principais casos de uso para além da tecnologia da informação.
São eles a experiência do consumidor, a automação administrativa, as vendas e a criação e revisão de documentos.
No entanto, as empresas brasileiras ainda estão bem abaixo da média global ao citarem a IA generativa como prioridade estratégica.
Apenas 58% das empresas brasileiras a colocam entre suas cinco maiores prioridades estratégicas. A média global é 86%, segundo a mesma pesquisa.
Leia também
- É o fim do ChatGPT? Pesquisa revela que Inteligência Artificial está dando respostas erradas com cada vez mais frequência
- ChatGPT leva processo de três escritores por quebra de direitos autorais
- Se cuida, ChatGPT! Alibaba entra na corrida da inteligência artificial com versão chinesa; veja quem já está nessa disputa
Inteligência artificial não vai dispensar intermediação humana
Fiamozzini é inegavelmente um entusiasta da inteligência artificial. Seus olhos brilham ao falar do assunto. Ainda assim, ele considera haver ponderações pertinentes.
E ele fala com conhecimento de causa. É provável que nem eu nem você tivéssemos ouvido falar da OpenAI em 2021, um ano antes do lançamento do ChatGPT para o mundo.
“Na época, a gente já estava conversando com um fundo interessado em investir em tecnologia. Identificamos a OpenAI como um alvo potencial e começamos a nos aproximar da empresa”, explica Fiamozzini.
A parceria entre a Bain e a OpenAI se formalizou em abril de 2022.
Para o executivo, o avanço da tecnologia não vai necessariamente provocar desemprego em massa nem dispensar a intermediação humana.
Mais do que a personalização do atendimento, a presença do intermediário é fundamental, por exemplo, para mitigar riscos de compliance ou de alucinação do modelo, disse Fiamozzini ao Seu Dinheiro.
No que se refere à privacidade, as empresas não precisam de tantas informações dos clientes quanto se imagina, afirma ele.
“É possível estabelecer parâmetros de acesso e retenção de informações pessoais sensíveis, que podem ser mascaradas.”
Medo do desconhecido x interesses comerciais
Ao abordar os riscos potenciais, Fiamozzini disse haver uma mistura de medo do desconhecido com interesses comerciais dos críticos.
“É tudo muito novo. A gente ainda não sabe que tipo de implicação isso pode ter no longo prazo, especialmente no que se refere à interação com a sociedade, como o que vimos com as redes sociais.”
Para ele, porém, assim como aconteceu com outras tecnologias no passado — redes sociais incluídas —, será muito difícil frear o avanço da inteligência artificial.
Em algum momento, acredita Fiamozzini, os debates em torno da IA resultarão em regulações capazes de dificultar abusos.
Um breve manual de mitigação de riscos
Pensando em formas de mitigar esses riscos, a Bain propõe uma espécie de manual com medidas capazes de conduzir a um desenvolvimento responsável de inteligência artificial generativa.
Ele é dividido em cinco pontos. Confira a seguir quais são eles.
- 1 — Foco nas pessoas
É necessário que a tecnologia seja centrada nas pessoas, garantindo a consciência e a tomada de decisões de um ser humano nos processos.
- 2 — Consciência
Robustez na infraestrutura e privacidade dos dados são imprescindíveis, bem como avaliar a maturidade organizacional e os riscos das utilizações planejadas, ajustando a abordagem de acordo com a realidade da companhia.
- 3 — Confiabilidade
Ganhe a confiança dos stakeholders e direcione a imagem da empresa por meio da capacitação das equipes e integração de responsabilidades em toda a organização.
- 4 — Agilidade
Utilize uma abordagem flexível de testes e aprendizado para se adaptar rapidamente à evolução da tecnologia, regulamentação e percepção dos consumidores.
- 5 — Intencionalidade
Reconheça que a IA está evoluindo e é complexa. Adote uma abordagem cautelosa e teste continuamente para evitar consequências não intencionais.
Bem intencionado ou não, o futuro da chamada inteligência artificial vai caminhar passo a passo com a inteligência humana por trás do treinamento dos modelos.
Dia de Sorte desencanta e supera a Lotofácil em premiação
A Dia de Sorte acaba de sair pela primeira vez em outubro; a modalidade estava acumulada havia 11 sorteios
Quer sair do vermelho? Bancos farão mutirão de renegociação em novembro; saiba como participar e quitar dívidas em atraso
A iniciativa oferece parcelamentos, descontos no valor total da dívida e taxas de juros reduzidas para refinanciamento
Do Pix aos memes, brasileiro perde o medo do próprio bolso e quer falar mais sobre dinheiro
Pesquisa do Itaú com o Grupo Consumoteca mostra que o brasileiro traçou novos sonhos e, para alcançá-los, vai ter que falar sobre dinheiro
Novo vírus no WhatsApp rouba dados bancários dos brasileiros, mas é possível se proteger
Novo vírus no WhatsApp, chamado Maverick, está roubando dados bancários dos brasileiros, mas há formas de se proteger contra essa ameaça crescente
Bets colocam aluguel em risco: 1 em cada 3 inquilinos relata atraso no pagamento por causa de apostas online
Pesquisa revela que 13% dos apostadores já deixaram de pagar ou atrasaram o aluguel após perder dinheiro em apostas
Bolsa Família: pagamentos de outubro começam hoje – veja também como fica o vale gás
Depósitos do Programa Bolsa Família seguem até 31 de outubro, de forma escalonada, conforme o número final do NIS
Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil: veja quanto você vai economizar por mês e por ano
Veja como ficará a tributação para quem ganha até R$ 5 mil e para quem ganha mais de R$ 5 mil até R$ 7.350
Mega-Sena não tem acertadores e acumula em R$ 76 milhões, mas Lotofácil sai para apostador de São Bernardo do Campo (SP)
Apostador levou sozinho R$ 4,7 milhões na Lotofácil; Quina, Timemania e +Milionária também acumularam. Confira os resultados das principais loterias
Fez financiamento imobiliário indexado à inflação e se deu mal? Uma melhoria pode estar a caminho
Estudo do Banco Central propõe adaptação que diminui a sensibilidade das prestações à inflação, trazendo alívio para quem caiu na armadilha do financiamento atrelado ao IPCA
Cidade de prêmio milionário na Lotofácil tem cachoeira como cartão postal e é considerada uma das mais seguras do Brasil
O mais novo milionário do Brasil vem de uma cidade tranquila situada a pouco mais de 100 quilômetros de São Paulo
Quem teria direito à herança de Odete Roitman na vida real (isso se a vilã de Vale Tudo morreu mesmo)
Odete Roitman pode ter caído, mas sua ‘fortuna’ segue em debate: advogadas explicam quem herdaria o império da vilã (e quem a lei deixaria de fora)
Mega-Sena é baba: A incrível história do grupo de amigos que perdeu o bilhete, refez o bolão e ganhou R$ 174 milhões
Os ganhadores do concurso 293 da +Milionária são 24 amigos que vivem na cidade capixaba onde saiu prêmio da loteria mais difícil que a Mega-Sena
“Limpar o nome” sem pagar nada? É golpe — e a Serasa tem um guia que ensina a não cair nele
Golpes prometem “limpar o nome” sem pagar a dívida, mas a Serasa alerta sobre como se proteger e identificar fraudes; veja como evitar cair em armadilhas financeiras
Pensão alimentícia deve ser proporcional à renda real do pai, e não ao padrão de vida da mãe
Binômio possibilidade/necessidade está expressamente previsto no Código Civil de 2002. Sempre que instado a se pronunciar, o STJ ratifica esse posicionamento.
Leilão da Receita tem iPhone 11 por R$ 300 e MacBook Air por R$ 700; veja como participar
Leilão da Receita Federal tem eletrônicos e carros com preços irresistíveis. Veja como participar e dar seu lance até 27 de outubro.
Pix vigiado? Receita Federal cruza dados e usa até IA para identificar inconsistências com o Imposto de Renda; entenda quando é preciso se preocupar
Receita Federal recorre ao Pix com o objetivo de identificar quem movimenta mais dinheiro do que declara
Ganhadores da +Milionária 293 vão embolsar muito mais do que o prêmio principal (isso se forem dois mesmo)
Por terem recorrido a apostas múltiplas, os ganhadores da +Milionária 293 terão direito também a valores menores referentes a outras faixas de premiação
Desvio de finalidade: ela transformou pensão alimentícia em investimento — e se deu mal
Caso julgado em Limeira (SP) reacende debate sobre uso da pensão alimentícia e os limites entre planejamento financeiro e desvio de finalidade
Dia das Crianças — e o melhor presente que você pode dar a seus filhos não é um brinquedo
No Dia das Crianças, especialistas defendem que o melhor presente é começar cedo a ensinar educação financeira aos pequenos
Testamos o Comet, novo navegador com IA da Perplexity; veja o que ele é capaz de fazer
Com controle total sobre mouse e teclado, o Comet consegue utilizar um modo agente para navegar em qualquer página que estiver na sua tela