Os IPOs vão voltar? O que o Brasil precisa para atingir R$ 100 bilhões em ofertas de ações na B3
Executivos do Bank of America, Bradesco Asset, Goldman Sachs e do Santander Brasil revelaram as perspectivas para o cenário financeiro do Brasil no próximo ano. Confira
Há 18 meses sem nenhum IPO na B3, o mercado brasileiro vivencia uma verdadeira seca de aberturas de capitais desde 2022. O motivo? Para os chefes de alguns dos maiores bancos do mundo, há uma razão central: o dinheiro está caro. Afinal, os juros no mundo inteiro passaram por uma escalada para tentar controlar a alta da inflação global.
Para não dizer que a bolsa brasileira esteve parada, as empresas aproveitaram o período para realizar ofertas secundárias de ações (follow-ons). Mas uma nova oportunidade parece se abrir na B3.
Durante o evento Bloomberg Línea Summit, que aconteceu nesta segunda-feira (23), executivos do Bank of America (BofA), Bradesco Asset, Goldman Sachs e do Santander Brasil revelaram as perspectivas para o cenário financeiro do Brasil no próximo ano.
A projeção de Bruno Saraiva, co-head do banco de investimentos do Bank of America (BofA), é que o mercado brasileiro pode ultrapassar a marca dos R$ 100 bilhões em ofertas de ações na B3, incluindo IPOs e follow-ons.
Uma nova janela de IPOs na B3?
Na visão de Cristina Estrada, co-head do banco de investimento Goldman Sachs para o Brasil, o mercado de IPOs é composto por janelas. “As companhias têm que se preparar à medida que os juros baixarem para aproveitar as oportunidades”, afirma.
Para se ter ideia, há dois anos — quando muitas nações contavam com taxas de juros negativas ou de apenas um dígito — o mercado de ofertas neste ano movimentou R$ 126,9 bilhões, com 45 IPOs e 26 ofertas subsequentes de ações (follow-ons).
Leia Também
Essa janela se fechou junto ao fim do ano de 2021, quando os bancos centrais deram início a um aperto monetário que encareceu o dinheiro e elevou a aversão ao risco entre os investidores. Até agora em 2023, a B3 registrou 17 follow-ons, com captação total de R$ 29,3 bilhões.
“Estamos vivendo um cenário de volatilidade, então a barra é mais alta para as próximas ofertas. O prêmio de risco deve ser maior para que o investidor seja remunerado pelo risco de apoiar uma operação nova”, afirma Bruno Saraiva, do Bank of America (BofA).
- VEJA TAMBÉM: Novo índice de dividendos da B3 (IDIV) não é a melhor escolha para buscar renda extra mensal na bolsa; entenda
O que o Brasil precisa fazer para reabrir a janela de IPOs
Para Leonardo Cabral, head de banco de investimentos do Santander Brasil, o ano de 2023 foi uma verdadeira montanha-russa para o mercado de capitais brasileiro.
“Esse ano começou com muita volatilidade e o mercado de capitais praticamente parado. A situação melhorou no segundo trimestre e a gente esperava que continuaria até o fim do ano, mas as guerras e o aumento dos juros nos Estados Unidos impactaram o mercado local.”
Do lado do Brasil, os economistas acreditam que o país está no caminho correto para reconquistar a credibilidade e a confiança dos investidores, mas há mais a realizar. “Se o Brasil não fizer o que precisa ser feito, o ambiente externo não vai salvar”, destacou Cabral.
“Para ter um ambiente mais atrativo para negócios e investimentos, é preciso ter credibilidade, e a discussão de metas é fundamental”, disse Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset. “Quanto menores os juros, maior o apetite dos investidores.”
Na análise de Funchal, o patamar de juros ideal para atrair novos investimentos para o Brasil é de um dígito, em cerca de 9% ao ano. Atualmente, a taxa básica de juros brasileira, a Selic, está em 12,75% a.a.
Para o executivo, o país já está em um ambiente muito positivo e precisa continuar nesse processo. “O ambiente fiscal e a discussão da reforma tributária podem deixar o país muito bem para receber novos investimentos.”
Mas o mercado de capitais brasileiro depende ainda de um cenário externo sólido para novos IPOs por aqui. Então, não é como se duas guerras e projeções de continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos fossem lá tranquilizadoras para o mercado financeiro.
“Com um ambiente internacional mais favorável, o Brasil precisa estar pronto para subir nesse cavalo selado”, disse o CEO da Bradesco Asset.
Quais empresas podem abrir capital na B3 em 2024?
Para Bruno Saraiva, do Bank of America (BofA), o mercado de capitais brasileiro verá grandes ofertas em 2024.
“Existe um pipeline [rol, em tradução livre] enorme de companhias que estão à espera de um mercado de capitais mais funcional, com um juro de um dígito e juro real estável. Quando tem estabilidade e menos volatilidade, o custo de capital se ajusta e as companhias vêm ao mercado.”
Na visão de Saraiva, as empresas que estão prontas para ir a mercado e realizar um IPO são companhias com bom histórico de números financeiros, boas projeções futuras e, antes de tudo, com um bom tamanho de mercado.
“Se a empresa tem tudo o necessário, mas não o tamanho preciso, a oferta não teria um desempenho tão bom e atrairia tanto. Há necessidade de fluxo de caixa maior, mas principalmente de tamanho.”
A ação do Assaí virou um risco? ASAI3 cai mais de 6% com a chegada dos irmãos Muffato; saiba o que fazer com o papel agora
Na quinta-feira (27), companhia informou que fundos controlados pelos irmãos Muffato adquiriram uma posição acionária de 10,3%
Anvisa manda recolher lotes de sabão líquido famoso por contaminação; veja quais são e o que fazer
Medida da Anvisa vale para lotes específicos e inclui a suspensão de venda e uso; produto capilar de outra marca também é retirado do mercado
O “bom problema” de R$ 40 bilhões da Axia Energia (AXIA3) — e como isso pode chegar ao bolso dos acionistas
A Axia Energia quer usar parte de seus R$ 39,9 bilhões em reservas e se preparar para a nova tributação de dividendos; entenda
Petrobras (PETR3) cai na bolsa depois de divulgar novo plano para o futuro; o que abalou os investidores?
Novo plano da Petrobras reduz capex para US$ 109 bi, eleva previsão de produção e projeta dividendos de até US$ 50 bi — mas ações caem com frustração do mercado sobre cortes no curto prazo
Stranger Things vira máquina de consumo: o que o recorde de parcerias da Netflix no Brasil revela sobre marcas e comportamento do consumidor
Stranger Things da Netflix parece um evento global que revela como marcas disputam a atenção do consumidor; entenda
Ordinários sim, extraordinários não: Petrobras (PETR4) prevê dividendos de até US$ 50 bilhões e investimento de US$ 109 bilhões em 5 anos
A estatal destinou US$ 78 bilhões para Exploração e Produção (E&P), valor US$ 1 bilhão superior ao do plano vigente (2025-2029); o segmento é considerado crucial para a petroleira
Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) pagarão dividendos e JCP bilionários aos acionistas; confira prazos e quem pode receber
O banco pagará um total de R$ 23,4 bilhões em proventos aos acionistas; enquanto a mineradora distribui R$ 3,58 por ação
Embraer (EMBJ3) pede truco: brasileira diz que pode rever investimentos nos EUA se Trump não zerar tarifas
A companhia havia anunciado em outubro um investimento de R$ 376 milhões no Texas — montante que faz parte dos US$ 500 milhões previstos para os próximos cinco anos e revelados em setembro
A Rede D’Or (RDOR3) pode mais: Itaú BBA projeta potencial de valorização de mais de 20% para as ações
O preço-alvo passou de R$ 51 para R$ 58 ao final de 2026; saiba o que o banco vê no caminho da empresa do setor de saúde
Para virar a página e deixar escândalos para trás, Reag Investimentos muda de nome e de ticker na B3
A reestruturação busca afastar a imagem da marca, que é considerada uma das maiores gestoras do país, das polêmicas recentes e dos holofotes do mercado
BRB ganha novo presidente: Banco Central aprova Nelson Souza para o cargo; ações chegam a subir mais de 7%
O então presidente do banco, Paulo Henrique Costa, foi afastado pela Justiça Federal em meio a investigações da Operação Compliance Zero
Raízen (RAIZ4) perde grau de investimento e é rebaixada para Ba1 pela Moody’s — e mais cortes podem vir por aí
A agência de classificação de risco avaliou que o atual nível da dívida da Raízen impõe restrições significativas ao negócio e compromete a geração de caixa
Dividendos robustos e corte de custos: o futuro da Allos (ALOS3) na visão do BTG Pactual
Em relatório, o banco destacou que a companhia tem adotado cautela ao considerar novos investimentos, na busca por manter a alavancagem sob controle
Mercado torce o nariz para Casas Bahia (BHIA3): ações derretem mais de 20% com aumento de capital e reperfilamento de dívidas
Apesar da forte queda das ações – que aconteceu com os investidores de olho em uma diluição das posições –, os analistas consideraram os anúncios positivos
Oncoclínicas (ONCO3): grupo de acionistas quer destituir conselho; entenda
O pedido foi apresentado por três fundos geridos pela Latache — Latache IV, Nova Almeida e Latache MHF I — que, juntos, representam cerca de 14,6% do capital social da companhia
Por que o Itaú BBA acredita que a JBS (JBSS32) ainda pode mais? Banco elevou o preço-alvo e vê alta de 36% mesmo com incertezas no horizonte
Para os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, a tese de investimento permanece praticamente inalterada e o processo de listagem nos EUA segue como um potencial catalisador
Black Friday 99Pay e PicPay: R$ 70 milhões em recompensas, até 250% do CDI e descontos de até 60%; veja quem entrega mais vantagens ao consumidor
Apps oferecem recompensas, viagens com cashback, cupons de até R$ 8 mil e descontos de 60% na temporada de descontos
Uma pechincha na bolsa? Bradesco BBI reitera compra de small cap e calcula ganho de 167%
O banco reiterou recomendação de compra para a companhia, que atua no segmento de logística, e definiu preço-alvo de R$ 15,00
Embraer (EMBJ3) recebe R$ 1 bilhão do BNDES para aumentar exportações de jatos comerciais
Financiamento fortalece a expansão da fabricante, que prevê aumento nas entregas e vive fase de demanda recorde
Raízen (RAIZ4): membros do conselho renunciam no meio do mandato; vagas serão ocupadas por indicados de Shell e Cosan
Um dos membros já havia deixado cargo de diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Cosan
