Banco do Brasil acredita em recuperação de ativos da Americanas
Dos grandes bancos brasileiros, o Banco do Brasil é o que tem menor exposição à Americanas e decidiu provisionar apenas metade
![Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/02/tarciana-medeiros-banco-do-brasil-nilton-fukuda-perspectiva-14022023-715x402.jpg)
Diferentemente de bancos privados, como Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4), o Banco do Brasil (BBAS3) decidiu provisionar apenas metade da sua exposição ao caso Americanas (AMER3). E isto aconteceu porque a instituição acredita que haverá recuperação dos ativos.
“Neste caso específico, avaliou-se que 50% era adequado segundo nossa metodologia e informações que tínhamos. A gente enxerga que vai haver recuperação de ativos porque existem ativos a serem recuperados”, disse o diretor financeiro, Ricardo Forni, durante coletiva com jornalistas.
O evento foi o primeiro para comentar resultados com a presença da nova presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, no comando. Ela assumiu o cargo em meados de janeiro, substituindo Fausto Ribeiro na direção.
Com o caso Americanas sob escrutínio, o BB afirmou que o escândalo foi analisado de maneira personalizada e a decisão de provisionar apenas metade da exposição não foi feita levando em consideração o impacto no desempenho do banco em 2022 ou em 2023.
De qualquer forma, caso o banco tivesse feito um provisionamento total, ainda teria registrado desempenho acima do esperado.
Dos grandes bancos brasileiros, o BB é o que tem menor exposição à varejista — R$ 1,3 bilhão, de acordo com a lista de credores divulgada pela Americanas. Desse montante, a instituição decidiu provisionar R$ 788 milhões.
Os executivos defenderam seus processos de análise de crédito, mas ressaltaram que há componentes de “assimetria de informações que analista algum é capaz de constatar”. E, ao contrário de pares como Itaú, Bradesco e BTG, o BB evitou classificar o caso como fraude.
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Banco do Brasil: resultado impressionante
O BB concluiu o ano passado com lucro líquido ajustado de R$ 31,8 bilhões, uma alta de 51,3% em relação a 2021. No quarto trimestre isolado, o lucro foi de R$ 9,039 bilhões, afetado pelas provisões adicionais com o caso Americanas. Ainda assim, o resultado é 52,4% maior do que no 4T21 e marca um novo recorde na história do banco.
Tanto o resultado do ano quanto do trimestre ficaram acima das expectativas dos analistas ouvidos pela Bloomberg, que projetavam lucro anual de R$ 30,471 bilhões e trimestral de R$ 8,035 bilhões.
O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL), que mede a rentabilidade do banco, também cresceu e ficou em 21,1% no ano e em 23% no quarto trimestre — patamar acima, inclusive, dos bancos privados.
Desconsiderando as provisões com a Americanas, o lucro teria sido de R$ 9,4 bilhões no trimestre, com RSPL anualizado de 23,4%. No ano, o lucro teria totalizado R$ 32,2 bilhões.
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Analistas estão otimistas, mas com receios
De maneira geral, os analistas consideraram o balanço impressionante e reiteraram recomendações de compra do papel. O BTG Pactual publicou um relatório destacando que, mesmo com os riscos envolvidos numa estatal, a ação do Banco do Brasil (BBAS3) está barata.
“Nós sentimos que os investidores estão sempre procurando por uma razão para não comprar (a nova é que o BB não deveria estar entregando um lucro tão forte no cenário atual)”, disseram os analistas do BTG. Mas, na visão deles, o banco tem “anticorpos” para evitar intervenções governamentais.
Uma das analistas que se mostra receosa com as mudanças a serem implementadas pela nova gestão é a analista da Empiricus Larissa Quaresma.
“É sabido que os executivos nomeados pelo governo, embora com histórico profissional respeitado, implementarão uma agenda mais voltada para o social, o que pode machucar os lucros no médio prazo”, disse a analista.
Banco do Brasil: vem mais por aí
As projeções de crescimento (guidance) do banco em 2023 também deixaram os analistas empolgados com o futuro do BB.
O Safra destacou que o bom momento do banco deve continuar e, se as projeções do banco para o lucro líquido se confirmarem em 2023, o resultado ficará 14% acima das estimativas dos analistas.
“No meio do caminho, a ação do BB seria negociada a 3,3 vezes o índice preço/lucro, o que vemos como um valuation atrativo”, disse o Safra em relatório.
A empolgação maior em relação ao combo resultados fortes e guidance agressivo ficou com o JP Morgan: em relatório, elevou a recomendação para as ações BBAS3, de neutro para compra, destacando ainda que as ações do Banco do Brasil agora são as favoritas no setor — Itaú, Bradesco e Santander Brasil vêm em sequência.
Nesta terça-feira, a ação do BB (BBAS3) reage ao balanço de maneira positiva e lidera os ganhos do Ibovespa, com alta acima de 4% e preço no patamar de R$ 42.
Confira as recomendações para o papel às quais o Seu Dinheiro teve acesso:
Instituição | Recomendação | Preço-alvo |
Itaú BBA | Compra | R$ 48 |
JP Morgan | Compra (elevado de neutro) | R$ 56 |
Safra | Compra | R$ 61 |
BTG Pactual | Compra | R$ 57 |
Bradesco BBI | Compra | R$ 57 |
Goldman Sachs | Compra | R$ 52* |
XP | Compra | R$ 61 |
GENIAL | Compra | R$ 52,60 |
EMPIRICUS | Compra | - |
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