🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Ana Carolina Neira

Ana Carolina Neira

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.

AQUILO QUE AINDA NÃO SABEMOS

Americanas (AMER3): Confira seis perguntas que seguem sem resposta duas semanas após a revelação do rombo bilionário

Mercado assumiu postura de desconfiança diante das falhas de comunicação e daquilo que encaram como falta de transparência por parte da Americanas (AMER3)

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
27 de janeiro de 2023
9:28 - atualizado às 10:25
Americanas efeito congelamento Avenida Brasil
Montagem com fachada de loja da Americanas - Imagem: Pinterest / Montagem Brenda Silva

Já faz duas semanas que o noticiário de economia se concentra em um único caso, bastante emblemático: o rombo de R$ 20 bilhões encontrado na Americanas (AMER3).

Mais do que mera curiosidade em cima de um escândalo dessa magnitude, o que o mercado tem feito é o exercício clássico de quando buscamos elaborar um assunto de difícil compreensão: falamos sobre ele à exaustão, repassamos todos os fatos, tentamos encontrar algo que ainda não foi visto. 

Mas, por mais que exista esse esforço, é difícil dar conta de tudo e enxergar tudo o que aconteceu. Com a Americanas não é diferente e sobram perguntas diante de um caso que parece inacreditável se considerado o valor das dívidas e das inconsistências, a reputação de seus acionistas de referência e o tamanho da empresa.

Nos últimos dias conversei com fontes de mercado e advogados e trago a seguir algumas das muitas perguntas sobre o rombo contábil na varejista que até o momento seguem sem resposta.

1 - Quando o problema começou?

Parece óbvio querer delimitar uma data para dizer a partir de quando a Americanas passou a trazer informações erradas no balanço. Mas o fato é que ninguém sabe desde quando os balanços divulgados estavam errados. Ou quantos deles precisarão ser republicados com as devidas correções. Ou qual foi o malabarismo exato praticado pela gestão anterior.

Vale dizer também que a ausência de um histórico nesse sentido inflou não apenas os números da Americanas, mas também a remuneração de seus acionistas e a distribuição de dividendos nos últimos anos. Indo um pouco mais além, não sabemos também se isso é passível de algum tipo de correção.

Leia Também

Uma das principais razões que afastam os investidores no momento se resume justamente a não saber o tamanho real do problema e sua dimensão no tempo. Afinal, cinco anos de inconsistências contábeis são bem diferentes de cinco meses.

  • Não perca dinheiro em 2023: o Seu Dinheiro conversou com os principais especialistas do mercado financeiro e reuniu neste material as melhores oportunidades de investimentos em ações, BDRs, fundos imobiliários e muito mais. ACESSE AQUI GRATUITAMENTE

No pedido de recuperação judicial, a varejista informou dívidas de R$ 43 bilhões com 16 mil credores, mas em documento divulgado na quarta-feira (25) pela 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a declaração é de uma dívida de R$ 41,2 bilhões a 7.967 credores.

Ou seja: a Americanas sequer consegue encontrar o valor real da falha e acredita-se que ainda veremos ajustes.

“A cada dia que passa fica mais claro que eles fizeram uma divulgação alarmante sem nem ter certeza do tamanho do rombo. Quanto mais o tempo passa, mais eles precisam correr em busca de soluções e a reputação da empresa e dos executivos vão pelo ralo. É tudo muito amador para uma empresa gigante”, comenta um advogado que prefere não ter seu nome revelado.

2 - Os acionistas de referência sabiam dos problemas?

Esse é um dos pontos mais polêmicos até aqui. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os acionistas de referência da Americanas, levaram quase duas semanas para se pronunciar sobre o rombo contábil na companhia.

Em uma nota divulgada na noite de domingo, eles negaram saber dos problemas na varejista. Mas isso não foi suficiente para convencer os credores.

Para os bancos que tentam ganhar na Justiça o direito de receber o dinheiro devido pela Americanas ou algum tipo de bloqueio dos valores da empresa, seria muito difícil que os acionistas de referência não soubessem de absolutamente nada. 

Seja como for, Lemann e seus sócios se beneficiaram como acionistas do pagamento recorde de dividendos da companhia no ano passado. Foram R$ 333,2 milhões no total.

Parte desse mistério talvez seja resolvido graças à Justiça de São Paulo, que determinou busca e apreensão nos e-mails dos diretores da Americanas na quinta-feira (26). A medida inclui também conselheiros e funcionários da contabilidade.

3 - Quem são as pessoas responsáveis pela inconsistência nos balanços?

A decisão da Justiça de São Paulo também pode ajudar a responder essa pergunta, já que até agora o caso todo tem um certo tom de “ninguém sabe, ninguém viu”, com mais silêncio do que o mercado gostaria.

Essa postura ajudou a elevar o nível de desconfiança.

O anúncio das inconsistências foi feito na noite do dia 11 de janeiro e durante muito tempo a única declaração oficial sobre o assunto foi a teleconferência liderada pelo ex-CEO Sérgio Rial na manhã seguinte. Uma reunião mediada pelo BTG Pactual — principal credor da Americanas e que acionou a companhia na Justiça — com participação limitada de apenas mil participantes no formato de reunião online.

Não houve pronunciamento abrangente e oficial capaz de acalmar toda a base de acionistas, parceiros, consumidores, funcionários, demais credores, nada. Na ocasião, o executivo limitou-se a dizer que acabara de descobrir tais falhas e que isso o obrigava a deixar o cargo recém-assumido.

Ninguém sabe quem foi o primeiro funcionário a encontrar esses erros, quais as chefias responsáveis ou como em nove dias no cargo a nova gestão já conseguiu identificar o problema.

O comentário que corre é que tantas falhas na comunicação e a demora para posicionamentos essenciais no meio desta crise só aumentam a desconfiança, com a sensação de que há mais intenção em esconder o problema do que trazer luz ao caso.

E também de que há uma tentativa de eximir os executivos de culpa, transferindo a responsabilidade para a PwC, auditoria que atende a Americanas, assim como seus credores. Ou seja: seria natural que todos soubessem dos problemas, menos os próprios dirigentes.

E nessa tentativa de fazer uma lista de quem sabe ou não da verdade por trás do buraco em que a Americanas se afundou, um outro ponto ainda não foi esclarecido: a venda de R$ 241,5 milhões em ações no segundo semestre do ano passado pelos diretores da companhia.

As operações foram concentradas entre agosto e outubro e o mercado, obviamente, não deixou de observar a janela de tempo bastante específica nem o valor tão alto. Falta explicar o motivo para essa venda tão urgente.

Caso seja comprovado que houve o uso de informações privilegiadas, a prática do chamado "insider trading" prevê multa de até três vezes o valor total do lucro com as transações.

Aliás, os executivos da Americanas receberam R$ 35,6 milhões em remuneração no ano passado, enquanto o conselho de administração da empresa embolsou R$ 1,5 milhão, de acordo com os últimos dados disponíveis.

4 - Como ficam lojistas e também consumidores?

A lista de credores da Americanas é gigantesca e os mais conhecidos deles são os grandes bancos, que buscam de diferentes maneiras conseguir alguma proteção judicial contra um calote.

Mas há também funcionários, fornecedores menores, consumidores e donos de marketplace —  lojas, restaurantes e mercados que vendem produtos por meio da plataforma de e-commerce da varejista. Ainda não há como saber de qual maneira eles serão impactados, mas a movimentação em busca de salvação também já começou.

Até o final do ano passado, a Americanas contava com mais de 150 mil sellers — como são chamados os lojistas — e fornecedores, que juntos são responsáveis por 60% das vendas digitais da marca.

Na semana passada, esses vendedores dobraram os valores dos produtos à venda na plataforma para tentar impedir uma venda maior e ficar com recebíveis de cartões de crédito presos na companhia. Eles não vendem, mas diminuem o risco de nunca ver o dinheiro da venda.

Em comunicado, a Americanas garante que os profissionais da plataforma receberão os valores conforme previsto, mas na prática a desconfiança segue.

5 - De quanto dinheiro a empresa precisa para se reerguer?

Essa é outra pergunta ainda impossível de responder até agora. Uma vez que não sabemos o tamanho total do rombo ou seu histórico, fica difícil projetar quanto dinheiro a empresa vai precisar para se reerguer. Até porque a recuperação judicial resolve apenas uma parte dos problemas financeiros, o que torna a questão bem mais complexa do que a tal dívida de R$ 43 bilhões

Hoje, qualquer número relacionado à companhia virou um grande mistério e parte dele necessita inclusive da apresentação do plano de recuperação judicial para qualquer solução.

"Só quando o plano for divulgado é que vamos conseguir ter ideia do que a Americanas vai colocar na mesa para fazer frente a todos esses problemas e essa dívida enorme. Até lá, fica difícil projetar qualquer coisa", afirma Ana Lívia Dias, advogada associada ao escritório Briganti Advogados, especialista em Direito Civil e Processo Civil.

6 - Quais as consequências do caso Americanas (AMER3) para a regulação do mercado e o que farão a B3 e a CVM?

Diante de um quebra cabeças que parece ser tão difícil de decifrar, há algumas dúvidas que se posicionam bem além da Americanas (AMER3) porque dizem respeito ao mercado como um todo.

Desde o início das revelações sobre a varejista não faltou quem levantasse um ponto importante: qual será a resposta dos órgãos reguladores como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)? E isso vai além da punição aos eventuais envolvidos no escândalo.

Afinal, a Americanas apenas engrossa uma lista de outras empresas envolvidas em escândalos a despeito de sua presença em índices voltados à governança corporativa e, especialmente, no Novo Mercado da B3, que indica referência de boas práticas.

O rombo contábil da Americanas é o segundo envolvendo empresas do Novo Mercado em três anos. Em 2020, a empresa de resseguros IRB Brasil (IRBR3) revelou problemas no balanço, em um caso que passou batido pelos reguladores até ser revelado pela gestora carioca Squadra. 

O que pode acontecer, daqui em diante, é a revisão de algumas regras e parâmetros para casos semelhantes, inclusive aqueles que permitem que companhias envolvidas em problemas assim acessem o mercado de capitais e estejam presentes índices específicos, que servem como um selo de qualidade. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
COMEÇOU COM PÉ DIREITO

Estreia na Nyse pode transformar a JBS (JBSS32) de peso-pesado brasileiro a líder mundial

13 de junho de 2025 - 12:24

Os papéis começaram a ser negociados nesta sexta-feira (13); Citi avalia catalisadores para os ativos e diz se é hora de comprar ou de esperar

PARE ESTA FUSÃO

Minerva (BEEF3) entra como terceira interessada na incorporação da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3); saiba quais são os argumentos contrários

13 de junho de 2025 - 12:08

Empresa conseguiu autorização do Cade para contribuir com dados e pareceres técnicos

IMPACTO E RENTABILIDADE

“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática

13 de junho de 2025 - 8:54

Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas

ALÔ, ACIONISTAS

Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber

12 de junho de 2025 - 19:12

A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio

VOO COM HORA MARCADA

Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder

12 de junho de 2025 - 16:50

A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior

MAIS IMPOSTOS

Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo

12 de junho de 2025 - 16:24

Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor

BOM OU RUIM

Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem

12 de junho de 2025 - 16:03

O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?

OS ACIONISTAS ESTÃO DE OLHO

O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%

12 de junho de 2025 - 14:29

A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional

DESFEZ O MATCH?

Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento

12 de junho de 2025 - 7:32

Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real

REPORTAGEM ESPECIAL

Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar

12 de junho de 2025 - 6:07

Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital

FECHANDO CAPITAL

Despedida da Wilson Sons (PORT3) da bolsa: controladora registra OPA; veja valor por ação

11 de junho de 2025 - 19:44

Os acionistas que detém pelo menos 10% das ações em circulação têm 15 dias para requerer a realização de nova avaliação sobre o preço da OPA

TEM POTENCIAL

A Vamos (VAMO3) está barata demais? Por que Itaú BBA ignora o pessimismo do mercado e prevê 50% de valorização nas ações

11 de junho de 2025 - 18:01

Após um evento com os executivos, os analistas do banco reviram suas premissas e projetam crescimento de lucro para 2025 e 2026

NA BOCA DO POVO

A notícia que derruba a Braskem (BRKM5) hoje e coloca as ações da petroquímica entre as maiores baixas do Ibovespa

11 de junho de 2025 - 16:21

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o empresário Nelson Tanure falaram sobre o futuro da companhia e preocuparam os investidores

“ACUSAÇÕES SÉRIAS DEMAIS”

T4F (SHOW3) propõe pagar R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre trabalho análogo à escravidão no Lollapalooza, mas CVM rejeita

11 de junho de 2025 - 10:47

Em 2023, uma fiscalização identificou que cinco funcionários da Yellow Stripe, contratada da T4F para o festival, estavam dormindo no local em colchonetes de papelão

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Em meio ao ânimo com o Minha Casa Minha Vida, CEO da Direcional (DIRR3) fala o que falta para apostar mais pesado na Faixa 4

11 de junho de 2025 - 6:01

O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, expectativas para a empresa, a Riva, os principais desafios para a companhia e o cenário macro

UM DIA APÓS O REBAIXAMENTO

Petrobras (PETR4) respira: ações resistem à queda do petróleo e seguem entre as maiores altas do Ibovespa hoje

10 de junho de 2025 - 16:30

No dia anterior, a estatal foi rebaixada por grandes bancos, que estão de olho das perspectivas para os preços das commodity

MAIS OU MENOS

AgroGalaxy (AGXY3) reduz prejuízo no 1T25, mas receita despenca 80% em meio à recuperação judicial

10 de junho de 2025 - 16:02

Tombo no faturamento decorre do cancelamento da carteira de pedidos da safrinha de milho, tradicionalmente o principal negócio do período para distribuidoras de insumos agrícolas

RESPONSABILIZAÇÃO INTERNACIONAL

Vale (VALE3) e Samarco enfrentam mais uma ação judicial pelo rompimento da barragem de Mariana, desta vez na Holanda

10 de junho de 2025 - 15:32

Ação na justiça holandesa foi impetrada contra as subsidiárias das mineradoras no país europeu; primeira audiência será em 14 de julho

CENÁRIO FISCAL

CEO do BTG Pactual critica aumento de impostos no pacote fiscal de Haddad: ‘Mais areia na engrenagem do Brasil’

10 de junho de 2025 - 15:12

Em painel durante evento do mercado financeiro, Roberto Sallouti alerta para os riscos da decisão do governo de aumentar impostos em vez de cortar gastos

TIROU FOLGA?

ChatGPT apresenta instabilidade generalizada desde a madrugada desta terça-feira (10); entenda

10 de junho de 2025 - 13:38

Os produtos da OpenAI estão apresentando falhas tanto pelo site quanto pelo aplicativo móvel do chatbot

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar