Crédito na praça: Cooperativas chegam a 7% dos depósitos bancários e viram alternativa aos bancos
Em números, uma delas está entre as dez maiores instituições do país em volume de ativos, à frente de bancos tradicionais
As cooperativas de crédito estão na Avenida Paulista e na Faria Lima com agências físicas. Também estão entre os participantes do piloto do Drex, a futura versão digital do Real.
Em números, uma delas está entre as dez maiores instituições do país em volume de ativos, à frente de bancos tradicionais.
E de acordo com especialistas, o avanço do volume de depósitos que estão nessas instituições mostra que elas começam a concorrer mais diretamente com os bancos.
Dados do Banco Central mostram que em março, as cooperativas reuniam 6,9% dos R$ 4,8 trilhões em depósitos que estavam em instituições financeiras. Ainda estavam distantes dos bancos, mas o crescimento nos últimos dez anos tem sido constante.
O número era maior que a soma dos depósitos mantidos em outros tipos de participante do sistema financeiro, como as instituições de pagamento, categoria em que se enquadram muitas das fintechs mais conhecidas pelo público.
Alguns fatores explicam esse crescimento. O primeiro é a presença física: desde 2019, o segmento abriu 2,3 mil agências no país, enquanto os bancos fecharam 2,7 mil para ampliar esforços no atendimento digital.
Um segundo fator, derivado do primeiro, é a migração de profissionais do segmento bancário para o de cooperativas.
"Vimos as pessoas saindo de banco e indo para as cooperativas, e esse movimento leva a um aumento do apetite de crédito", afirma o diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação de risco Fitch, Claudio Gallina.
"O apetite mudou, e o cliente começa a ver os benefícios, como o crédito relativamente mais barato que no banco."
LEIA TAMBÉM:
- Como o marco das Garantias pode reduzir os juros do crédito e ajudar a incrementar o caixa de fundos imobiliários
- Crédito consignado sem aval do cliente agora vai render multa para o banco; veja como vai funcionar
Cooperativas: um modelo diferente
Nas cooperativas de crédito, o cliente é, na verdade, um cooperado, que faz uma contribuição financeira ao entrar, geralmente de valor simbólico.
Ao final de cada exercício financeiro, o resultado é dividido entre todos eles.
"As cooperativas, diferentemente de fintechs e bancos, não visam ao lucro, porque o cliente é também o dono", diz o diretor da Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen, que destaca que os recursos recolhidos por uma cooperativa devem ser aplicados na mesma região.
As centrais — ou seja, sistemas de cooperativas de crédito como o Sicoob e a Sicredi — reúnem uma série de cooperativas locais.
No Sicoob, há 339, enquanto no Sicredi, que em ativos é o maior sistema do país, são 105.
"Cada cooperativa pode estar em vários municípios, embora no nosso caso, uma não concorra com a outra. Elas têm regiões de atuação bem delimitadas", afirma o diretor de Administração do Sicredi, Alexandre Englert Barbosa.
O diretor de bancos e instituições financeiras não-bancárias da Fitch, Jean Lopes, afirma que embora o sistema ainda seja concentrado, a expansão das cooperativas de crédito é chamativa justamente pelo modelo de negócio.
"Quando dois players com um modelo de negócio diferente começam a aparecer entre os maiores, isso tem um efeito", afirma. "Os bancos estão olhando para as cooperativas como um concorrente bem forte."
Como não têm o lucro como finalidade, as cooperativas são isentas de tributos sobre os resultados, diferentemente dos bancos, o que também ajuda na expansão das operações.
"Elas pagam menos impostos comparadas aos bancos, e isso permite que tenham um capital mais robusto", diz Gallina, da Fitch.
Disputa no mercado de crédito
Outro fator que explica o crescimento das instituições cooperativas é a captura de clientes de todos os segmentos da economia, após décadas em que essas instituições se voltavam aos produtores rurais.
Em resumo, qualquer pessoa pode abrir uma conta, o que também levou a um crescimento da prateleira de produtos.
"Cooperativa tem depósito a prazo, letras de crédito do agronegócio, imobiliárias. Como operam com crédito imobiliário e empréstimos rurais, geram lastro para esse tipo de ativo", diz Meinen, do Sicoob. "O associado pode concentrar todas as suas atividades financeiras em uma cooperativa."
Barbosa, do Sicredi, afirma que um dos segmentos em que os sistemas têm a atuação mais forte é o de micro e pequenas empresas (MPEs).
Em julho, o Sicredi chegou a 1 milhão de associados pessoas jurídicas, sendo que 73% deles eram MPEs, e 22%, microempreendedores individuais.
"A grande diferença é o fomento, a oportunidade que damos para que empresas menores passem a ter crédito e alavancar os municípios."
Em março deste ano, o Sicredi tinha uma carteira de crédito de R$ 179,8 bilhões, alta de 25,8% em um ano. No Sicoob, o dado publicado mais recente é o de dezembro de 2022, com carteira de R$ 140,6 bilhões, alta de 22,4% em um ano.
Agronegócio pediu — e o BNDES atendeu: banco aprova nova linha de crédito que pode chegar a R$ 10 bilhões neste ano
A iniciativa era esperada desde fevereiro, e visa a ampliação do acesso ao crédito a pequenos e médios produtores rurais
Mega-Sena e Quina acumulam e Lotofácil tem sete ganhadores no mais recente sorteio; veja valores pagos nas loterias federais
O mais recente concurso da Lotofácil teve um resultado emocionante: 7 apostas acertaram os 15 números e dividiram o prêmio principal de R$ 672.455,24 cada
Carro híbrido com etanol vira a “bola da vez” na disputa com modelo 100% elétrico: mas qual é a melhor solução?
A defesa do etanol na tecnologia do carro elétrico ganha cada vez mais adeptos e várias montadoras anunciaram motores híbridos flex
Arroz, feijão e mais: quais são os 15 itens da cesta básica que deixam de ter impostos com a nova reforma tributária
Além disso, a proposta apresentada ao Congresso também cria o chamado Imposto Seletivo Federal, popularmente chamado de “imposto do pecado”
A resposta ‘bombada’ da Dinheirista, sanções à Venezuela e títulos isentos do IR: veja o que foi destaque nesta semana
Além disso, as criptomoedas também estiveram em alta nesta semana, com o lançamento de um “novo” protocolo na rede do bitcoin (BTC)
Prévia da inflação veio melhor que o esperado — mas você deveria estar de olho no dólar, segundo Campos Neto
Para o presidente do Banco Central, o cenário dos Estados Unidos não tem uma relação mecânica com o Brasil, mas é preciso avaliar os impactos do lado de cá
Mega-Sena paga bolada de R$ 5,5 milhões para apostador sortudo; veja resultado da Quina e Lotofácil hoje
A aposta foi feita via canal eletrônico e, embora o prêmio principal tenha sido conquistado, milhares de apostadores ainda tiveram motivos para comemorar
Show da Madonna deve injetar R$ 300 milhões na economia do Rio — e aqui está o que você precisa saber para assistir
O show da Madonna está marcado para 4 de maio, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro — descubra como assistir de graça sem sair de casa
Shein, AliExpress e Shopee na mira: Novo imposto vai voltar a taxar compras de até US$ 50 em sites estrangeiros
Criado pela reforma tributária, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) começará a ser cobrado em 2026
Preço dos imóveis sobe em São Paulo: confira os bairros mais buscados e valorizados na cidade, segundo o QuintoAndar
Quatro bairros da capital paulista registraram cifras de cinco dígitos quando se trata de preço médio do metro quadrado
Leia Também
-
Agronegócio pediu — e o BNDES atendeu: banco aprova nova linha de crédito que pode chegar a R$ 10 bilhões neste ano
-
Desdobramentos da crise dos bancos regionais nos EUA: Fulton Bank assume todos os depósitos e ativos do Republic First Bank
-
BTG Pactual lança conta com taxa zero para quem mora no exterior e precisa fazer transações e investimentos no Brasil
Mais lidas
-
1
Carro híbrido com etanol vira a “bola da vez” na disputa com modelo 100% elétrico: mas qual é a melhor solução?
-
2
Bolsa ou renda fixa? Como ficam os investimentos após Campos Neto embolar as projeções para a Selic
-
3
LCIs e LCAs ‘obrigam’ investidores a buscar outros papéis na renda fixa, enquanto a bolsa tem que ‘derrotar vilões’ para voltar a subir em 2024