Aproveitando o sucesso dos filmes da Marvel, o primeiro filme Doutor Estranho nos apresenta o conceito de looping temporal — que não é nenhuma novidade para os amantes de filmes de viagem no tempo. Mas parece que o universo das criptomoedas foi atingido pela mesma magia que prende o demônio Dormammu no longa.
Isso porque sucessivos eventos nos fazem voltar ao mesmo ponto: uma empresa quebra, e o mercado cripto derrete. Do mais antigo ao mais recente, foram o Three Arrows Capital (3AC), Voyager, Celsius e FTX — agora, o Silvergate entra para o hall de companhias do setor que fecham as portas.
O Silvergate já havia atrasado a divulgação do seu balanço anual de 2022 e levantou as suspeitas de que as contas já não iam fechar. Poucos dias depois, o banco “amigo” das criptomoedas anunciou que encerrará suas operações com uma liquidação voluntária de ativos.
"À luz dos recentes desenvolvimentos regulatórios e da indústria, Silvergate acredita que um encerramento ordenado das suas operações e uma liquidação voluntária do banco é o melhor caminho a seguir", disse o banco em documento enviado às autoridades regulatórias.
A instituição vinha pouco a pouco se aproximando do universo das criptomoedas, chegando a focar seus esforços totalmente em ativos digitais. Naturalmente, o bitcoin (BTC) reagiu ao noticiário e ampliou as perdas da semana.
Confira o desempenho das dez maiores criptomoedas do mundo hoje:
# | Name | Price | 24h % | 7d % |
1 | Bitcoin (BTC) | US$ 21.626,49 | -1,99% | -7,45% |
2 | Ethereum (ETH) | US$ 1.531,39 | -1,65% | -6,57% |
3 | Tether (USDT) | US$ 0,9999 | -0,01% | -0,02% |
4 | BNB (BNB) | US$ 288,76 | 0,32% | -3,25% |
5 | USD Coin (USDC) | US$ 0,9999 | 0,01% | -0,02% |
6 | XRP (XRP) | US$ 0,3926 | 1,21% | 3,83% |
7 | Cardano (ADA) | US$ 0,3166 | -1,98% | -9,70% |
8 | Dogecoin (DOGE) | US$ 0,7153 | -2,67% | -11,15% |
9 | Polygon (MATIC) | US$ 1,05 | -6,18% | -12,96% |
10 | Binance USD (BUSD) | US$ 1,00 | 0,04% | 0,03% |
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Fechando as portas: o histórico do Silvergate com as criptomoedas
O Silvergate Bank, holding que inclui o Silvergate Capital, focado em investimentos, tinha uma relação muito próxima com a falida FTX, que chegou a ser a segunda maior corretora de criptomoedas (exchange) do mundo e entrou com pedido de falência em novembro do ano passado.
A falência afetou especialmente as operações da instituição financeira, que reportou uma perda de quase US$ 1 bilhão e viu os depósitos minguarem de US$ 11,9 bilhões para apenas US$ 3,8 bilhões no último trimestre.
Só isso seria suficiente para abalar as estruturas do Silvergate, mas outros gigantes do mercado de criptomoedas — a mais conhecida, Coinbase, mas também Paxos, Galaxy Digital, entre outros — cortaram laços com o banco, o que piorou ainda mais a situação.
E os investidores com isso?
Ainda segundo os documentos, o banco se comprometeu a “pagar integralmente pelos depósitos dos clientes” — ou seja, em um primeiro momento, não há motivos para preocupações.
“A empresa também está considerando a melhor forma de resolver pendências e preservar o valor residual de seus ativos, incluindo sua tecnologia proprietária e ativos fiscais”, continua o documento.
O tamanho do Silvergate — além das criptomoedas
Segundo o balanço, o Silvergate tinha mais de US$ 1,8 bilhão em depósitos dos clientes e cerca de US$ 2 bilhões em ativos no final de 2018. O boom de 2021 das criptomoedas fez esses mesmos números dispararem: depósitos chegaram a somar US$ 14,3 bilhões e ativos, mais de US$ 16 bilhões.
Após a falência da FTX em novembro de 2022, os números passaram a encolher: de US$ 14,3 bilhões os depósitos caíram para US$ 6,2 bilhões; o valor dos ativos foi de US$ 16 bilhões para US$ 11,3 bilhões no período subsequente à queda da corretora.
A liquidação de ativos bem como o plano para fechar as portas estão sendo acompanhados pelo departamento de Justiça dos Estados Unidos e pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).
Por falar no Fed…
Uma fonte não identificada da Bloomberg afirmou que o Federal Reserve havia aprovado o uso do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) para iniciar conversas com o Silvergate e evitar uma paralisação imediata das atividades.
Os fiscais do FDIC, ainda segundo a fonte, estão na sede da empresa desde a semana passada.
E como ficam as criptomoedas no meio disso?
Não se sabe ao certo os valores que o Silvergate possui em seu balanço, nem o impacto disso nas cotações. Os desdobramentos do caso devem ser conhecidos nas próximas semanas.
Vale lembrar que o mercado de criptomoedas é altamente volátil e que os ativos podem variar de valor com o desenrolar das investigações sobre o Silvergate. O investidor, por fim, também não deve manter uma exposição maior do que 5% do seu portfólio em ativos digitais, segundo especialistas.