O fim da alta nos juros ou uma pausa estratégica? Veja como o Fed pode virar a página da política monetária nos Estados Unidos
A atenção dos mercados globais está voltada para a reunião do banco central dos EUA nesta semana, na qual espera-se que o Fed mantenha os juros estáveis

A semana é decisiva para os mercados internacionais. Nos EUA, teremos a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que deverá manter a taxa de juros inalterada entre 5% e 5,25%. Os investidores há muito esperam por uma pausa do Federal Reserve (Fed) e a antecipação de uma ajudou o S&P 500 a entrar novamente em um bull market, embora o hype da IA tenha contribuído bastante.
Mas precisamos de cautela. O termo "pausar" talvez seja enganoso neste contexto e "pular" possa ser uma opção melhor. Se o Fed realmente mantiver as taxas inalteradas, será para permitir que o banco central tenha mais tempo para avaliar os dados antes de decidir se novos aumentos são necessários, assim como fizeram os bancos centrais da Austrália e do Canadá — pausaram, avaliaram e voltaram a subir.
A inflação elevada e com resistência em ceder foi a culpada. Em outras palavras, ainda que o índice de preços ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) desta terça-feira (13) possa não alterar a decisão de junho do Fed, o dado será crucial para ditar o quão alto o banco central acha que as taxas precisam ir nas próximas reuniões para domar a inflação. Podemos ver isso implicitamente na curva de juros nos EUA:
A partir de agora, para os índices de inflação, as vitórias fáceis dos últimos meses, com as comparações favoráveis com os preços altíssimos da energia do ano passado, não existem mais. Isto é, o fruto mais fácil da desinflação já foi colhido e o resto da jornada para a meta de 2% do Fed é muito mais difícil. De qualquer forma, uma pausa será importante, dado que o BC dos EUA sobe os juros há mais de um ano.
Mais importante do que a decisão em si será o comunicado de Jerome Powell, que poderá fazer um balanço das perspectivas após as recentes tensões no setor bancário. Provavelmente, o movimento desta semana será acompanhado por um forte sinal de que eles estão preparados para continuar subindo, se necessário — uma mensagem de segurança do Fomc deverá enfatizar o potencial para novos aumentos.
A verdade é que também precisamos de tempo para avaliar o impacto de aumentos de juros anteriores. Por isso, será importante verificar o resumo revisado das projeções econômicas, a primeira publicação do conhecido "gráfico de pontos" — que compila a opinião dos diretores — desde a reunião de março. A maioria dos investidores espera que ele mostre um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros projetada para o final de 2023.
Leia Também
VEJA TAMBÉM — Socorro, Dinheirista! Inter saiu da Bolsa Brasileira e eu perdi 50% do meu patrimônio: e agora? Veja detalhes do caso real abaixo:
As vozes dissonantes no Fed
Contudo, também vale a pena observar como o comitê atualizará suas outras projeções econômicas, como a de desemprego e de inflação. Ao mesmo tempo, o presidente Jerome Powell provavelmente enfrentará o desafio de apaziguar vários colegas que temem que o progresso da inflação tenha parado. Afinal, como temos visto, os diferentes membros do comitê estão expressando opiniões bem alarmantes.
O presidente do Fed Regional de Dallas, Lorie Logan, disse que continua preocupado se a inflação está caindo rápido o suficiente. Já a governadora Michelle Bowman alertou no mês passado que nem os preços nem a força de trabalho mostravam sinais suficientes de arrefecimento. Por fim, James Bullard, Neel Kashkari e Loretta Mester também mantiveram a porta aberta para apoiar mais aumentos.
Autoridades do Fed votaram recentemente em uníssono, exceto por dois dissidentes isolados no ano passado. Mas, com as taxas de juros próximas do nível que as autoridades consideram alto o suficiente, diferentes opiniões estão surgindo sobre quanto mais ir adiante, aumentando a perspectiva de uma dissidência.
O aperto monetário para combater a inflação foi a grande história do ano passado. Se voltarmos a ver volatilidade sobre este assunto, teremos ruído para os ativos de risco globais. Sem falar que, considerando o aperto monetário realizado até aqui, uma recessão seria mais do que esperada. Sendo esse o caso, o mercado internacional, em especial o americano, poderia flertar com algumas correções no futuro.
O rugido do leão: Ibovespa se prepara para Super Semana dos bancos centrais e mais balanços
Além das decisões de juros, os investidores seguem repercutindo as medidas de estímulo ao consumo na China
Agenda econômica: Super Quarta vem acompanhada por decisões de juros no Reino Unido, China e Japão e a temporada de balanços segue em pleno vapor
Além dos balanços e indicadores que já movimentam a agenda dos investidores, uma série de decisões de política monetária de bancos centrais ao redor do mundo promete agitar ainda mais o mercado
Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA
Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia
O lado bom do IPCA ruim: inflação acelera em fevereiro, mas reforça visão de que Galípolo e Campos Neto acertaram com a Selic
IPCA acelera de +0,16% em janeiro para +1,31% em fevereiro e inflação oficial atinge o nível mais alto para o mês em 22 anos
Decisão polêmica: Ibovespa busca recuperação depois de temor de recessão nos EUA derrubar bolsas ao redor do mundo
Temores de uma recessão nos EUA provocaram uma forte queda em Wall Street e lançaram o dólar de volta à faixa de R$ 5,85
Itaú BBA põe Banco do Brasil (BBAS3) no banco de reservas com projeção de dividendos menores — mas indica os craques do setor
Itaú BBA tem recomendação neutra para o Banco do Brasil, apesar de lucro acima do esperado no quarto trimestre de 2024. Analistas da instituição têm outros preferidos no setor bancário
Hegemonia em disputa: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de IPCA, dados de emprego nos EUA e balanços
Temporada de balanços volta a ganhar fôlego enquanto bolsas têm novo horário de funcionamento, inclusive no Brasil
A redenção de Nova York: Powell envia sinal que traz alívio — momentâneo — para a bolsa apesar do efeito Trump
O presidente do Federal Reserve participou nesta sexta-feira (7) de evento promovido pela Universidade de Chicago e falou sobre as tarifas do novo governo e as implicações para a inflação e para os juros
O último pibão de Lula? Economia brasileira cresce 3,4% em 2024, mas alta dos juros já cobra seu preço
Depois de surpreender para cima nos primeiros trimestres de 2024, PIB cresce menos que o esperado na reta final do ano
Strike em Nova York: bolsa caminha para a pior semana desde setembro — e o vilão é bem conhecido dos mercados
O dado de emprego mais fraco referente a fevereiro aumentou as incertezas sobre o futuro da maior economia do mundo; investidores esperam agora pelo discurso do presidente do Fed para medir a temperatura
Méliuz (CASH3) tenta replicar estratégia de Michael Saylor para voltar a brilhar na bolsa; ação dispara mais de 16% após compra de US$ 4,1 milhões em bitcoin (BTC)
O Méliuz aposta no mundo da criptomoeda para se proteger da alta de juros no Brasil, enquanto vê as ações perderem metade do valor de mercado
Quando você é o técnico: Ibovespa busca motivos para subir em dia decisão de juros do BCE
Além do BCE, os investidores seguem de olho nas consequências da guerra comercial de Donald Trump
O dólar vai cair mais? Kinea reduz posição comprada na moeda americana, segue vendida em bolsa brasileira, mas mantém uma aposta de alta
A desaceleração da economia brasileira, os juros altos e o cenário político incerto levaram a gestora a manter a posição vendida na bolsa do Brasil — e, taticamente, também vendida em real
Entre a crise e a oportunidade: Prejuízo trimestral e queda no lucro anual da Petrobras pesam sobre o Ibovespa
Além do balanço da Petrobras, os investidores reagem hoje à revisão do PIB dos EUA e à taxa de desemprego no Brasil
O calcanhar de Aquiles que pode derrubar Trump e a maior economia do mundo
Kevin Warsh, antigo membro do conselho de governadores do Fed, fala dos pontos fortes e fracos do novo governo norte-americano em uma conversa com André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual
Rubens Menin, fundador da MRV e do banco Inter, fala em busca por ‘consciência fiscal coletiva’ e ‘luz no fim do túnel’, mas falta enxergá-la
Comentários de Rubens Menin foram feitos durante painel na CEO Conference 2025, promovida pelo banco BTG Pactual
O céu é o limite para a Selic? Por que Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, diz que PIB menor é positivo para o Brasil
Durante participação na CEO Conference Brasil 2025 nesta terça-feira (25), ele também fala sobre o maior medo do mercado neste momento e alerta para riscos
Fiscal frouxo? Os gastos do governo fora do Orçamento não preocupam André Esteves, do BTG — e aqui está o porquê
Para o banqueiro, um dos problemas é que a política fiscal brasileira se mostra extremamente frouxa hoje, enquanto a monetária está “muito apertada”
Frenesi com a bolsa: BTG revela se há motivos reais para se animar com as ações brasileiras em 2025
Para os analistas, apesar da pressão do cenário macroeconômico, há motivos para retomar o apetite pela renda variável doméstica — ao menos no curto prazo
Sem querer parecer chato: Ibovespa reage a prejuízo da Vale e ao andamento de temporada de balanços
Em dia de agenda fraca, investidores repercutem reversão de lucro para prejuízo pela Vale no quarto trimestre de 2024