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Ué, mas o e-commerce da Amazon não valia zero? O que esperar das ações da big tech após a disparada recente

Van da Amazon

Van da Amazon

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. 

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Uma das primeiras "lições" que o Rodolfo Amstalden me ensinou, quando eu entrei na Empiricus, foi a de que o sentimento tem o poder de influenciar os preços.

Em poucas oportunidades eu pude ver essa dinâmica em ação tão claramente quanto nos resultados da Amazon nos últimos 12 meses. A big tech tem ações listadas na Nasdaq, mas pode ser negociada na B3 com o BDR AMZO34.

Hoje eu vou te contar essa história.

Quanto vale o e-commerce da Amazon?

Em meados de novembro de 2022, numa atualização escrita para os nossos clientes, eu utilizei um gráfico similar a esse:

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Elaboração: Autor | Fonte: Amazon

Era o quarto trimestre consecutivo em que o e-commerce da Amazon apresentava prejuízo operacional em seu principal mercado, os EUA.

Em retrospecto, esse era também o "low" das ações, quando elas negociavam a cerca de US$ 80. 

Se você já ouviu a famosa frase de Warren Buffett "compre ao som dos ganhões, venda ao som dos violinos", deve imaginar o que deveria ter feito naquele momento.

Entretanto, o que acontece na prática, em momentos como esse, costuma ser muito diferente.

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Quando as ações estão no "low", o sentimento em torno delas é péssimo. As notícias são ruins e todos os investidores acreditam que as coisas vão piorar.

Eu presenciei discussões em que investidores ativamente argumentavam que o e-commerce da Amazon valia zero, afinal, no "melhor momento de todos os tempos" (ou seja, na pandemia), ele não foi capaz de dar lucros.

O argumento, obviamente sem muita âncora na realidade, era replicado nos quatro cantos no mercado, na esteira da performance ruim das ações.

Na semana passada, a Amazon divulgou seus resultados do 2T23, e adivinhe só? 

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As margens do e-commerce estão estabilizadas e a empresa entregou um resultado operacional mais de 30% acima do esperado pelo mercado.

Os números da Amazon

Na última sexta-feira (04), após a divulgação dos resultados, as ações da Amazon encerraram o pregão subindo 10%.

No consolidado, a gigante americana somou vendas de US$ 134,3 bilhões, um crescimento de 11% na comparação anual, acima do esperado.

Entre os principais mercados da Amazon, as vendas nos EUA cresceram 11%, totalizando US$ 84,5 bilhões. No mercado internacional, as vendas cresceram 10%, totalizando US$ 29,7 bilhões.

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Olhando individualmente para as linhas de negócio da empresa, as vendas diretas (os produtos vendidos no 1P do e-commerce da Amazon) cresceram 5% na comparação anual, somando US$ 52,9 bilhões. 

No marketplace, as vendas totalizaram US$ 32,3 bilhões, crescimento de 18% versus o 2T22, desconsiderando os efeitos cambiais.

Como eu disse acima, melhor que os bons números em termos de crescimento, foi o retorno da rentabilidade.

Desde que assumiu, o novo CEO da Amazon (Andy Jassy, antigo CEO da AWS, divisão de infraestrutura em nuvem da companhia) deixou claro que sua prioridade seria a lucratividade. 

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O fim da era Bezos implica que o restante da empresa precisaria ser lucrativa, assim como a AWS (obviamente com margens menores, devido à natureza dos dois negócios).

Nos EUA, a operação da Amazon apresentou um lucro operacional de US$ 3,2 bilhões no 2T23, contra um prejuízo de US$ 627 milhões no mesmo período do ano passado.

Nos mercados internacionais, onde a Amazon detém um mix de mercados maduros e lucrativos (como o Reino Unido, Alemanha e Japão) e outros ainda em fase de investimentos (como o Brasil e a Índia), o prejuízo operacional caiu pela metade no 2T23.

Nas nuvens

O grande destaque dos últimos anos, a Amazon AWS, mostrou um resultado levemente acima do esperado: um crescimento de 12%, com vendas totais de US$ 22,1 bilhões no trimestre.

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Apesar dos números não serem mais astronômicos como na pandemia (quando a AWS chegou a crescer acima de 40% ao ano), é bom ver o segmento voltar a crescer. 

No trimestre anterior (1T23), a AWS apresentou sua primeira queda de receitas numa base consecutiva (4T22). 

A divisão, que enfrentou desafios do lado da demanda, com os clientes buscando ativamente maneiras de otimizar seus gastos com infraestrutura e postergando projetos não essenciais, reportou que, no geral, o mercado está de volta ao modo crescimento e em busca de inovação.

No 2T23, a margem operacional da AWS foi de 24%, estável em relação ao último trimestre.

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Os bons números reportados acima culminaram em um lucro operacional de US$ 7,68 bilhões, bem acima dos US$ 4,72 bilhões esperados pelo mercado.

O que esperar das ações da Amazon?

Hoje, definitivamente, o sentimento envolvendo as ações da Amazon é outro. 

Andy Jassy vem conseguindo cultivar a imagem de que a empresa irá focar cada vez mais na lucratividade. 

Essa perspectiva foi o suficiente para convencer a todo o mercado. Foram raros os bancos de investimentos que não revisaram para cima seus preços alvos após a divulgação dos resultados.

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Depois de um rally de cerca de 65% neste ano, as ações certamente não são mais uma barganha. Mas ainda acredito que elas sejam capazes de entregar um retorno acima do índice para os seus investidores em longo prazo.

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