Ibovespa recua mais de 2% com novos sinais preocupantes em Brasília; dólar vai a R$ 5,45
As últimas declarações vistas em Brasília seguiram criando uma panela de pressão na bolsa, levando o Ibovespa a mais um dia de forte queda
![Montagem mostra imagem com tons de vermelho do prédio do congresso nacional ruindo e gráficos em queda ao fundo | Ibovespa](https://media.seudinheiro.com/uploads/2021/10/Brasilia-congresso-nacional-ruindo-graficos-715x402.jpg)
Um frio na espinha causa incômodo nos agentes do mercado financeiro.
É aquela sensação de se estar vivendo um déjà vu — a impressão de já ter vivido o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que ele tenha começado há apenas dois dias.
Normalmente é difícil dizer ao certo a raiz de um sentimento de déjà vu, mas dessa vez os agentes do mercado sabem muito bem o que o clima no ar lembra — a fracassada política econômica do segundo mandato de Dilma Rousseff.
Como é comum nos primeiros dias de um novo governo, os últimos dias foram marcados por muitos discursos e poucas medidas efetivas. O suficiente para seguir aumentando as incertezas em torno da política econômica, fiscal e o futuro substituto do teto de gastos — ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu braço direito, Gabriel Galípolo, insistam em repetir que a sustentabilidade das contas públicas deve acompanhar todos os planos traçados.
“O mercado não está dando o benefício da dúvida. O bate cabeça com a desoneração dos combustíveis, quando não prevaleceu a decisão do ministro, indicou que haverá muita pressão para acomodação do parecer da ala política do partido”, apontou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
A forte queda do petróleo já seria má notícia o suficiente para o principal índice da bolsa brasileira, mas o flerte de Carlos Lupi, novo ministro da Previdência Social, com uma reversão da reforma da Previdência parece ter sido a gota d’água para os investidores hoje. O Ibovespa encerrou a sessão em forte queda de 2,08%, aos 104.165 pontos — recuo superior ao visto nas bolsas de Nova York.
No câmbio, o dia foi de pressão — somando dólar forte no exterior com o conturbado cenário político. O real teve um dia de forte desvalorização — 1,72%, a R$ 5,4521, maior patamar desde julho de 2022.
Pressão na curva de juros
Entre a preocupação com a deterioração do cenário fiscal e o aguardo das primeiras medidas oficiais do novo governo, a curva de juros teve mais um dia de forte pressão.
Entre diversas falas dos novos ministros de Estado, Gabriel Galípolo, número dois da Fazenda, disse que as decisões sobre o preço dos combustíveis estarão nas mãos da nova gestão da Petrobras (PETR4) e que não há como dissociar a política fiscal da política monetária. Além disso, o secretário afirmou que é preciso que o novo arcabouço fiscal olhe para arrecadação e gastos públicos, mas sem um gatilho automático, e que se olhe para a trajetória da dívida.
Carlos Lupi, ministro da Previdência Social, gerou desconforto ao afirmar que é preciso uma "antirreforma da Previdência".
Para Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, apesar das falas destacadas, o sentimento negativo generalizado é mais pelo conjunto da obra — ainda repercutindo o discurso de posse de Lula, marcado pela imagem de uma maior participação do estado na política econômica e a utilização de bancos públicos para impulsionar o desenvolvimento —, resgatando os fantasmas do passado.
Para Marcel Andrade, head de renda variável da Empiricus Investimentos, a bolsa poderia ter caído ainda mais se não fossem os patamares atuais descontados.
Confira o fechamento dos principais vencimentos da curva de juros:
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F24 | DI Jan/24 | 13,79% | 13,53% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 13,30% | 12,93% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 13,26% | 12,89% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 13,28% | 12,92% |
Sobe e desce do Ibovespa
Apesar do forte clima de cautela que tomou conta do mercado, as ações da Qualicorp (QUAL3) conseguiram se destacar — ainda que tenham encerrado a sessão muito longe das máximas do dia.
O movimento de alta foi impulsionado por mudanças feitas na gestão da companhia, uma solução para o impasse que envolvia a fatia da Rede D’Or na operadora.
O caráter mais cauteloso dos negócios, com forte alta do dólar, levou as empresas de papel e celulose a terem um dia positivo. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 5,94 | 7,61% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 14,57 | 1,89% |
SUZB3 | Suzano ON | R$ 49,85 | 1,78% |
KLBN11 | Klabin units | R$ 20,12 | 0,35% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 29,52 | 0,20% |
O avanço dos juros futuros e a forte queda do petróleo ficaram responsáveis por influenciar negativamente a ponta contrária da tabela. Confira também as maiores quedas da sessão:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
CASH3 | Meliuz ON | R$ 1,08 | -11,48% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 5,98 | -6,85% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 34,30 | -6,69% |
ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 13,40 | -6,49% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 3,98 | -6,35% |
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