Petrobras (PETR4) entrega mais um bom resultado, mas o mercado só pensa ‘naquilo’: o risco de intervenção no governo Lula; veja a reação dos analistas
Uma das principais dúvidas de analistas e investidores é sobre os rumos da política de dividendos da Petrobras (PETR4) sob a gestão de Lula

O balanço trimestral da Petrobras (PETR4), divulgado na noite de quinta-feira (3), veio sólido e em linha com o esperado. Mas não tem jeito: desde o resultado das eleições o mercado só pensa em como a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai afetar a gestão da companhia.
Em outras palavras, a principal preocupação dos investidores a partir de agora é menos sobre o passado e mais sobre o futuro da empresa. O medo de parte do mercado é de que não apenas a era de dividendos extraordinários tenha ficado para trás, mas também a gerência tida como exemplar e os resultados financeiros fortes.
Os analistas do BTG Pactual, por exemplo, falam que a Petrobras foi "uma empresa enxuta, bem gerenciada e focada" nos últimos anos.
- Magazine Luiza (MGLU3) já era? Cara ou barata? Com uma queda de mais de 30% no ano, alguns fatores marcantes podem impactar a ação e concorrentes daqui para frente. Acesse neste link mais detalhes.
Em relatório, a equipe do banco aponta que a tendência dos próximos meses é de que os investidores fiquem em compasso de espera, em busca de descobrir como será a gestão do novo governo.
"O resultado da eleição no Brasil provavelmente aumentou a percepção de risco na alocação de capital da empresa, e sua disposição de distribuir dividendos poderá em breve diminuir significativamente", diz o relatório.
Assim, o BTG acredita que há fundamentos positivos para os papéis da empresa, mas que também há muitas incertezas e gatilhos que justificam uma visão mais negativa. Enquanto não for possível avaliar a estratégia futura para a companhia, a equipe do banco prefere manter recomendação neutra para PETR4.
Leia Também
O Goldman Sachs também passou a integrar o time dos receosos após o resultado das urnas e decidiu cortar a recomendação de PETR3 e PETR4 de compra para neutro.
Durante teleconferência com analistas realizada mais cedo nesta sexta-feira (4), os executivos da Petrobras reforçaram que cabe ao conselho de administração fazer qualquer alteração na atual política de distribuição de dividendos.
Eles apontaram, ainda, a necessidade de que haja propostas nesse sentido caso o próximo governo queira fazer alguma mudança, que requer também aprovação da diretoria executiva.
“Não há qualquer previsão de alteração de política de dividendos para a companhia”, disse Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras.
Para entender a polêmica dos dividendos da Petrobras (PETR4)
Entre julho e setembro deste ano, a Petrobras registrou lucro líquido de de R$ 46,096 bilhões no terceiro trimestre, alta de 48% na comparação com igual período de 2021. Pouco antes da divulgação dos resultados, a estatal anunciou um novo pagamento bilionário de dividendos.
O conselho de administração da estatal aprovou a distribuição de um valor de aproximadamente R$ 44 bilhões — R$ 3,3489 por ação ordinária (PETR3) ou preferencial (PETR4).
É importante lembrar que a estatal distribuiu mais de R$ 87 bilhões em dividendos no trimestre passado. O valor recorde fez com que a companhia conquistasse o título de maior pagadora de proventos do mundo.
Mas o presidente Lula, que assumirá a chefia do Executivo no próximo ano, já avisou que quer que a petroleira reduza o pagamento de proventos para voltar a investir em atividades além do pré-sal, como o refino.
Lula também comentou a possibilidade de acabar com a política de paridade de preços que garante que a Petrobras compre gasolina no mercado internacional e revenda sem prejuízos no Brasil.
O fim dessa regra ajudaria a segurar o preço dos combustíveis no Brasil, mas teria um grande impacto no lucro da estatal e na conta dos dividendos.
'Mega proventos' na mira do TCU
Na tarde de hoje, o pagamento de R$ 44 bilhões em dividendos recém-aprovado virou alvo de judicialização do Tribunal de Contas da União (TCU).
O subprocurador-geral do Ministério Público do TCU, Lucas Furtado, protocolou um pedido para a suspensão da remuneração aos acionistas da Petrobras. Em linhas gerais, a medida quer avaliar a legalidade da distribuição antecipada dos "mega proventos" ao governo federal.
No mesmo horário, a Petrobras realizava uma coletiva de imprensa para comentar o balanço. Durante o evento, os executivos da estatal afirmaram que a companhia ainda não havia sido notificada sobre a decisão do TCU, mas colocaram-se à disposição do órgão regulador.
“A companhia só atuou dentro do que prevê política de remuneração dos acionistas. Estamos praticando essa política há vários trimestres. Fizemos o que sempre fizemos, é uma política que já previa pagamento”, disse Rodrigo Araújo Alves.
As ações da Petrobras reagiram mal à contestação dos dividendos e encerraram a sexta-feira em forte queda. Os papéis preferenciais (PETR4) da estatal registraram perda de 5,51%, a R$ 28,30; os ordinários (PETR3) recuaram 5,23%, cotados a R$ 31,71.

Em relatório, o Bradesco BBI apresenta um índice chamado de "Medo x Cobiça", para calcular se a companhia é negociada dentro de um parâmetro de medo com riscos de intervenção estatal ou o contrário.
Desta vez, o marcador está no nível laranja do "Medo", apenas um abaixo do vermelho — considerado mais grave. Entre os medos apontados pelos analistas, está o fato de que dificilmente a empresa será privatizada a partir de agora.
"As ações da Petrobras estão precificando uma perspectiva mais negativa do que positiva, e o mercado espera o fim da política de precificação de combustíveis em linha com a paridade internacional, além de um aumento gradual das despesas de capital não essenciais", escrevem os analistas.
Petrobras: nem tudo é nebuloso
Ainda que o mercado esteja receoso com o futuro da Petrobras (PETR4), isso não significa que todo mundo deve correr para vender o papel. A XP, por exemplo, mantém a recomendação de compra para o ativo.
Os analistas elogiaram a forte posição financeira da empresa, destacando o Ebitda forte, geração de caixa livre (50% anualizado sobre valor de mercado) e pagamento de dividendos (45% anualizado sobre PETR4) com uma posição financeira sólida (0,7x DL/ EBITDA).
"Acreditamos que os investidores negociarão a ação no curto prazo de acordo com o fluxo de notícias relacionadas a indicações de como o próximo governo se comportará em suas políticas econômicas. No entanto, vemos muitos dos piores resultados já incorporados nos preços das ações", escreveram.
O analista Ruy Hungria, da Empiricus, tem uma visão semelhante e comenta que a Lei das Estatais, a política de paridade internacional e o foco no pré-sal provocaram uma melhora considerável nos resultados da companhia.
“Sabemos dos riscos, mas ao mesmo tempo a Petrobras negocia hoje por menos de 2 vezes EV/Ebitda e tem um dividend yield de mais de 30%, o que já embute uma perspectiva de piora relevante de resultados pela frente, que pode nem acontecer”, diz.
Diante disso, PETR4 segue nas séries Carteira Empiricus e Vacas Leiteiras, de ações boas pagadoras de dividendos.
Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025
Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números
Petrobras (PETR4): produção de petróleo fica estável em trimestre marcado pela queda de preços
A produção de petróleo da estatal foi de 2,214 milhões de barris por dia (bpd) entre janeiro e março, 0,1% menor do que no mesmo período do ano anterior, mas 5,5% maior na comparação trimestral
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Santander (SANB11), Weg (WEGE3), Kepler Weber (KEPL3) e mais 6 empresas divulgam resultados do 1T25 nesta semana – veja o que esperar, segundo o BTG Pactual
De olho na temporada de balanços do 1º trimestre, o BTG Pactual preparou um guia com suas expectativas para mais de 125 empresas listadas na bolsa; confira
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Weg (WEGE3), Azul (AZUL4) e Embraer (EMBR3): quem “bombou” e quem “moscou” no primeiro trimestre do ano? BTG responde
Com base em dados das prévias operacionais, analistas indicam o que esperam dos setores de transporte e bens de capital
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Vale (VALE3) volta ao azul no primeiro trimestre de 2025, mas tem lucro 17% menor na comparação anual; confira os números da mineradora
A mineradora explica que os maiores volumes de vendas e custos menores, combinados com o melhor desempenho da Vale Base Metals, compensaram parcialmente o impacto dos preços mais baixos de minério e níquel
Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI
Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida