A 3R Petroleum (RRRP3) deixou para trás um prejuízo de R$ 147,5 milhões e registrou um lucro líquido de R$ 19,7 milhões no quarto trimestre de 2021. Essa reversão foi possível graças aos preços mais altos do petróleo e também às melhorias operacionais.
A 3R encerrou o ano com lucro líquido de R$ 16 milhões, depois um prejuízo de R$ 276,5 milhões em 2020.
Apesar da performance, o mercado está castigando as ações da empresa, que lideram as baixas na B3 neste início de tarde. Enquanto os papéis de outras petroleiras operam em alta, os da 3R caem 8,23%, cotados a R$ 33,09.
Segundo Eduardo Nishio, head de research e finanças da Genial Investimentos, o desempenho das ações da empresa está ligado às transferências de ativos comprados da Petrobras. No mês passado, a subsidiária da 3R pagou US$ 1,38 bilhão por ativos da estatal na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte.
“Apesar do bom momento operacional e do nível de preços do petróleo, o verdadeiro gatilho de valor para as ações da empresa são as respectivas transferências dos ativos adquiridos da Petrobras para a empresa para que a 3R possa começar os seus trabalhos de revitalização desses campos”, disse Nishio.
O desempenho financeiro da 3R
A receita líquida da empresa subiu 193,3% no quarto trimestre de 2021 ante o mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 250 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 63,6% em termos anuais, para R$ 82,6 milhões.
“Os principais motivos para o avanço da receita e do Ebitda foram a evolução da produção dos campos já controlados pela empresa e, claro, evolução do preço do petróleo e fortalecimento do dólar/real desde o quarto trimestre de 2020”, afirma Nishio.
Na comparação trimestral, no entanto, o Ebitda recuou à medida que a empresa se prepara para operar mais ativos. Já a produção total subiu 39,1% em base anual, atingindo 8,71 mil barris de óleo equivalente ao dia.
Embora a produção líquida da 3R tenha aumentado 13,5% no trimestre, com o preço médio do petróleo subindo 7,7%, o Ebitda ajustado caiu 21% entre outubro e dezembro, para R$ 83 milhões.
A empresa atribuiu o desempenho a fatores como aumento da estrutura para iniciar a operação de mais cinco ativos no futuro adquiridos da Petrobras e pagamentos de bônus no período.
Segundo os analistas do BTG Pactual, Pedro Soares e Thiago Duarte, a 3R relatou um conjunto fraco de resultados no quarto trimestre, como o Ebitda ajustado 13% abaixo da previsão.
"A surpresa negativa foi impulsionada por fatores como maiores custos de energia - decorrente do aumento da tarifa básica -, o descompasso entre o crescimento do quadro de funcionários (para novas operações) e a falta de receitas correspondentes, e bônus de desempenho todos bater o desempenho", afirmaram em relatório.
Efeitos do atraso na transferência de ativos
No acumulado do ano, o Ebitda ajustado totalizou R$ 356 milhões em grande parte devido ao atraso na transferência de ativos adquiridos da Petrobras, gerando um descompasso entre custos gerais e administrativos e receitas.
"Um descompasso entre despesas mais altas antes da incorporação de novos ativos era esperado e levou a um trimestre suave. Esperamos que os resultados operacionais aumentem significativamente no próximo trimestre, pois a 3R começa a incorporar mais barris às suas finanças, mostrando seu real potencial de margem", disseram Bruno Montanari e Guilherme Levy, analistas do Morgan Stanley.
O custo médio de extração consolidado subiu para US$ 9,64 por barril de petróleo por dia (bbl) no quarto trimestre de 2021, de US$ 8,49/bbl no trimestre anterior, uma vez que a 3R assumiu operações de ativos recém-adquiridos bem como devido a custos mais elevados de energia.