26 dias. Esse foi o tempo que a União Europeia (UE) levou para obter um acordo que proíbe o petróleo russo no bloco — medida considerada pelos europeus como uma pressão máxima contra Vladimir Putin para o fim da guerra na Ucrânia.
No dia 4 de maio, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, apresentou uma nova rodada de sanções contra a Rússia. Entre as medidas estava o plano para eliminar as importações de petróleo russo pelos membros do bloco.
Mas diferente dos EUA, que anunciaram a proibição imediata, os 26 dias para o acordo têm uma explicação: a União Europeia é altamente dependente do petróleo e do gás natural fornecidos pela Rússia.
Segundo dados de 2020, a Rússia respondia por 25% de todo o petróleo importado pelos países que integram a UE.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, Bruxelas tem imposto sanções a Moscou, mas vinha evitando medidas que envolvessem commodities energéticas.
Em março, a Comissão Europeia anunciou um acordo com os Estados Unidos destinado a reduzir a dependência do gás natural russo.
Pressão máxima contra Putin?
O porta-voz do acordo da UE foi o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Ele explicou que a proibição cobre imediatamente mais de dois terços das importações de petróleo da Rússia.
Segundo ele, a medida deve cortar uma fonte imensa de financiamento para a máquina de guerra de Vladimir Putin.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogiou o acordo, afirmando que cortará cerca de 90% das importações de petróleo da Rússia para a UE até o fim deste ano.
Resolvendo diferenças
Os membros da UE passaram horas tentando resolver as diferenças sobre a proibição das importações de petróleo da Rússia, sendo a Hungria a principal opositora da medida.
Outros países sem litoral, como a Eslováquia e a República Tcheca, também pediram mais tempo devido à sua dependência do petróleo russo.
A Bulgária, já cortada do gás russo pela Gazprom, também buscou alternativas.
A crise do custo de vida sentida em toda a Europa também não ajudou. A disparada dos preços de energia — entre outras coisas — reduziram o apetite de alguns países da UE por sanções que também podem prejudicar as próprias economias.
Putin sente peso de mais sanções
Apesar de o cenário não favorecer a imposição de mais sanções, o novo pacote de União Europeia inclui outras medidas contra Putin.
Entre elas, a retirada de um dos maiores bancos russos, o Sberbank, do sistema internacional de pagamentos Swift, o banimento de mais três emissoras estatais russas e sanções a indivíduos considerados responsáveis por crimes de guerra na Ucrânia.
Enquanto isso...
Enquanto a UE proíbe o petróleo russo, a Gazprom interromperá o fornecimento de gás à holandesa GasTerra a partir da terça-feira (31).
De acordo com comunicado da GasTerra, a decisão foi tomada depois de a companhia holandesa ter afirmado que não atenderia às exigências de Putin de pagar o combustível em rublos.
A empresa holandesa não quer arriscar violar as sanções impostas pela União Europeia, além de haver muitos riscos financeiros e operacionais ligados à rota de pagamento.
O corte de oferta pela Gazprom significa que entre agora e 1 de outubro, quanto o contrato se encerra, aproximadamente 2 bilhões de metros cúbicos de gás contratados não serão entregues.