Sabe quando os analistas dizem que uma alta da taxa básica nos Estados Unidos vai afetar ativos de países emergentes como o Brasil? Pois bem. Isso foi visto na prática hoje, quando os juros projetados pelos títulos de dívida do governo norte-americano (Treasuries) subiram ao seu nível mais forte em nove meses.
Os yields dos Treasuries de dez anos - que estão entre os ativos considerados mais seguros do mundo - deram um salto para a casa de 1,70%, nível que não era visto desde pelo menos abril de 2021. Confira a nossa cobertura de mercados.
O gatilho para isso foi a divulgação da ata da reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed), como o banco central norte-americano é conhecido. O documento acabou com as esperanças dos investidores de desfrutar de dinheiro farto por mais tempo nos Estados Unidos.
A mensagem da ata de que a taxa básica, hoje perto de zero, pode subir mais rápido e mais vezes do que era esperado foi o suficiente para provocar uma corrida dos investidores para os títulos de dívida do governo norte-americano.
Corrida lá, menos dinheiro aqui
Mas, afinal, o que isso tudo significa? A alta de juros pelo Fed nos Estados Unidos afeta os mercados globais e uma taxa básica mais elevada por lá, torna os Treasuries muito mais atraentes.
Isso se traduz na diminuição do apelo de ativos de risco, como as bolsas, e os de países emergentes a exemplo do Brasil.
Fed sobe juros, empresas pagam mais
Embora pareça uma realidade distante, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos tem efeito sobre as empresas e, consequentemente, sobre suas ações.
Hoje, com os juros perto de zero, as empresas conseguem o chamado negócio de pai para filho ao tomar um empréstimo.
Uma taxa mais elevada significa que esses empréstimos vão encarecer, a dívida corporativa pode aumentar e a percepção do valor de uma companhia na bolsa pode diminuir, refletindo em seus papéis no mercado.
Para as empresas brasileiras, que tomam crédito no exterior ou que tem negócios lá fora, o cenário é mais ou menos o mesmo.