Vai pisar fundo? O que a ata do Fed mostrou e fez o investidor patinar
Na reunião política monetária de 3 e 4 de maio, o banco central norte-americano aumentou a taxa de juros em 0,50 ponto percentual — o maior avanço em 22 anos

Na corrida contra a inflação, o Federal Reserve (Fed) está disposto a seguir pisando no acelerador dos juros para cruzar a linha de chegada antes dos preços altos.
O piloto — o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell — já deixou claro que seguirá elevando a taxa básica até que haja evidências convincentes de que a inflação está desacelerando no país.
E a equipe nos boxes parece estar disposta a atender o pedido. A ata da reunião de 3 e 4 de maio mostrou que os dirigentes do Fed não só apoiaram o aumento de 0,50 ponto percentual (pp) na ocasião como estão preparados para dar o sinal verde para elevações da mesma magnitude nos próximos encontros.
Da arquibancada, o mercado assiste às revelações do documento sem saber se comemora ou se não. A reação inicial da bolsas em Nova York foi acelerar com Powell. Mas minutos depois, o S&P 500, por exemplo começou a oscilar entre perdas e ganhos.
O Fed não vai tirar o pé
Membros da equipe de Powell enfatizaram a necessidade de aumentar a taxa de juros rapidamente — e possivelmente mais do que os mercados antecipam — para enfrentar uma inflação que não dá tréguas, segundo a ata.
Eles observaram ainda que a política monetária pode ter que superar a chamada postura neutra — ou seja, quando não é favorável nem restritiva ao crescimento — uma consideração importante que pode ecoar pela economia.
Leia Também
A reunião de 3 a 4 de maio viu o comitê do Fed aprovar o aumento dos juros em 0,50 pp e traçar um plano, a partir de junho, para reduzir o balanço de US$ 9 trilhões do banco central, composto principalmente de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas.
Essa foi a maior elevação da taxa em 22 anos e ocorreu quando o banco central norte-americano está tentando colocar um freio na inflação, que alcançou o maior nível em 40 anos nos EUA. Atualmente, a taxa de juros está na faixa entre 0,75% e 1,00% ao ano.
A precificação de mercado atualmente vê o Fed movendo-se para uma taxa básica de juros em torno de 2,5% a 2,75% até o final do ano, o que seria consistente com lugar onde muitos dirigentes veem uma taxa neutra. Declarações na ata, no entanto, indicam que o comitê está preparado para ir além.
“Todos os participantes reafirmaram seu forte compromisso e determinação em tomar as medidas necessárias para restaurar a estabilidade de preços”
Trecho da ata da reunião do Fed de 3 e 4 de maio deste ano
60 vezes inflação
Que a disparada de preços é uma preocupação do Fed — e do mundo neste momento — não há dúvidas. Tanto que o presidente do banco central norte-americano está disposto a arriscar colocar a economia dos EUA em recessão com uma política monetária agressiva para conter esse avanço.
A ata divulgada nesta quarta-feira (25) deixou essa preocupação ainda mais evidente. O documento menciona 60 vezes a palavra inflação.
Se de um lado, os membros do Fed demonstram confiança de que a política monetária e a flexibilização de vários fatores contribuintes, como problemas na cadeia de suprimentos, ajudariam a situação, de outro lado, as autoridades observaram que a guerra na Ucrânia e os bloqueios associados à covid-19 na China exacerbariam a inflação.
Em março, o índice de preços com consumo (PCE, a medida preferida do Fed para a inflação) subiu 6,6% ante igual período do ano anterior, registrando aceleração em relação aos 6,4% registrados em fevereiro — o maior valor registrado desde 1978.
Não é só a inflação que preocupa o Fed...
Junto com a determinação controlar a inflação, vieram as preocupações com a estabilidade financeira.
Os dirigentes do Fed expressaram preocupação de que uma política mais rígida possa causar instabilidade tanto no mercado de dívida via Treasuries quanto no mercado de commodities.
Especificamente, a ata alertou sobre “as práticas de negociação e gerenciamento de risco de alguns participantes-chave nos mercados de commodities [que] não são totalmente visíveis para as autoridades regulatórias”.
Questões de gerenciamento de risco “podem dar origem a demandas significativas de liquidez para grandes bancos, corretoras e seus clientes”.
Ainda assim, as autoridades continuaram comprometidas em aumentar a taxa de juros e reduzir o balanço. A ata afirma que isso deixaria o Fed “bem posicionado no final deste ano” para reavaliar o efeito que a política estava tendo sobre a inflação.
O balanço trilionário do Fed
Na questão do balanço, a ata mostrou que o plano será permitir que um nível máximo de recursos seja lançado a cada mês, um número que chegará a US$ 95 bilhões até agosto, incluindo US$ 60 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 35 bilhões em hipotecas.
A ata indica ainda que a venda definitiva de MBS, como são conhecidos os títulos lastreados em hipotecas, é possível, com aviso de que isso acontecerá com bastante antecedência.
De olho na conta de luz: Aneel aprova orçamento bilionário da CDE para 2025 com alta de 32% — e cria novo encargo
Novo orçamento da agência regula impacto de R$ 49,2 bilhões no setor elétrico — quase tudo será pago pelos consumidores
Governo Trump apela até para a Rua 25 de março e o Pix na investigação contra o Brasil. Aqui estão as seis acusações dos EUA
O governo norte-americano anunciou, na noite da última terça-feira (15), investigações contra supostas práticas desleais do comércio brasileiro. Veja as seis alegações
Ganhador da Mega-Sena fatura prêmio de mais de R$ 45 milhões com aposta simples; Lotofácil também faz um novo milionário
Em uma verdadeira tacada de sorte, o ganhador foi o único a cravar todas as dezenas do concurso 2888 da Mega-Sena; confira os resultados das principais loterias da Caixa
Copom vai cortar juros ainda em 2025 para seguir o Fed, mas não vai conseguir controlar a inflação, diz Fabio Kanczuk, do ASA
O afrouxamento monetário deve começar devagar, em 25 pontos-base, mesmo diante da possível tarifação dos EUA
Lula tira do papel a Lei da Reciprocidade para enfrentar Trump, mas ainda aposta na diplomacia
Medida abre caminho para retaliação comercial, mas o governo brasileiro segue evitando o confronto direto com os Estados Unidos
Temporada de balanços 2T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
A temporada de balanços do 2T25 começa ainda em julho e promete mostrar quem realmente entregou resultado entre as principais empresas da B3
Tarifas de Trump jogam balde de água fria nas expectativas para a economia brasileira; confira os impactos da guerra tarifária no país, segundo o Itaú BBA
O banco ressalta que o impacto final é incerto e que ainda há fatores que podem impulsionar a atividade econômica do país
Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana
Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional
É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM
Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado
Bolsonaro é a razão da tarifa mais alta para o Brasil, admite membro do governo dos EUA — mas ele foge da pergunta sobre déficit comercial
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, falou em “frustração” de Trump em relação à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro ante a Justiça brasileira, mas evitou responder sobre o fato de os EUA terem superávit comercial com o Brasil
Sem milionários, só Lotofácil fez ganhadores neste sábado (12); Mega-Sena acumula em R$ 46 milhões. Veja resultados das loterias
Lotofácil fez quatro ganhadores, que levaram R$ 475 mil cada um. Prêmio da +Milionária agora chega a R$ 128 milhões
Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana
Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil
Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil
Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado
Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’
Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana
Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo
A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções
O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto
Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso
Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados
Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender
Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA
De Galípolo para Haddad: a carta do presidente do BC ao ministro da Fazenda deixa alerta sobre inflação
Embora Galípolo tenha reforçado o compromisso com a convergência, foi o que ele não disse que chamou atenção
O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas
Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista