A etapa final do The Merge (A Fusão, na tradução do inglês) aconteceu na madrugada desta quinta-feira (15). A atualização do sistema de validação do ethereum (ETH) foi um sucesso e animou analistas, investidores e entusiastas do mercado de criptomoedas.
Entretanto, o The Merge foi apenas o início de um calendário de atualizações da rede ethereum — apesar de ter sido a mais revolucionária de todas.
Não é raro encontrar um analista que defina o The Merge como “trocar o pneu com o carro andando” ou “arrumar o motor com o avião em pleno voo”, tamanha a importância dessa atualização. Porém, tudo indica que ela não será a única revolução dessa rede (blockchain).
O próximo passo após o The Merge será o The Surge, quando — aí sim — os usuários devem começar a sentir a diferença na rede.
Pós The Merge: atualização The Surge a caminho
O The Merge mudou o sistema de validação da rede do ethereum de proof-of-work (PoW, a prova de trabalho) para proof-of-stake (PoS, a prova de participação), entre outras melhorias pontuais.
Naturalmente, rumores e imprecisões correram no mercado para tentar antecipar os benefícios dessa atualização e foi necessário uma explicação dos desenvolvedores para sanar parte das dúvidas.
Mas para os usuários que esperavam grandes mudanças, pouca coisa aconteceu. Isso porque a mudança está focada no desenho da blockchain — uma área que apenas os programadores e desenvolvedores acessam com frequência.
The Surge deixará o ethereum ‘fragmentado’
Os analistas consultados pela reportagem entendem que existe um calendário e propostas interessantes para a próxima fase de atualização.
Entretanto, ainda será preciso “ver para crer” e ter um espectro de novidades mais bem definido antes de estipular o que uma nova atualização pode ou deve fazer. A comunidade do ethereum é muito engajada e, por isso, as propostas podem mudar ao longo dos anos.
Dito isso, uma das propostas da Ethereum Foundation é focar nos shards (fragmentação, na tradução do inglês) da blockchain do ethereum. Essas “quebras” darão ao ethereum mais capacidade de armazenar e acessar dados por meio da divisão do banco de dados atual.
Assim, a rede será ainda mais descentralizada e será possível redistribuir a capacidade de armazenamento de maneira mais horizontal.
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Mas como isso afeta o seu dia a dia?
O sharding servirá de suporte para protocolos de segunda camada (layer 2), os chamados rollups. Com isso, será possível manejar grandes quantidades de dados e descongestionar a rede.
Se, atualmente, o ethereum pode processar cerca de 15 a 20 transações por segundo, a próxima etapa de atualização com esses rollups e o sharding aumentará esse número para 100 mil transações por segundo — quem disse isso foi o próprio Vitalik Buterin, cofundador do ethereum.
Agora sim, as transações ficarão mais baratas
A consequência dessa melhora de eficiência da rede será a diminuição das taxas de transação para o usuário.
Este ainda é um dos maiores problemas para criação de protocolos em cima da rede ethereum, juntamente com dificuldades de tornar a blockchain escalável.
As taxas médias chegam próximas dos US$ 50, podendo atingir facilmente os US$ 100, de acordo com dados do The Block Data. Isso afeta a criação de novos projetos em NFT, DeFis e criptomoedas.
Quanto tempo até o The Surge
A expectativa é de que essa atualização aconteça em 2023. Mas o melhor mesmo é esperar sentado.
O próprio The Merge aconteceu com cinco anos de atraso, o que chegou a ser motivo de piada na comunidade cripto. A cautela dos desenvolvedores para “trocar o pneu com o carro andando” gerou um atraso no calendário de atualizações.
Por fim, a tão esperada disparada de preços pós-The Merge (ainda) não aconteceu. Isso porque o cenário macroeconômico não é dos mais favoráveis e, assim como sempre ressaltamos aqui no Seu Dinheiro, o mercado é extremamente volátil.
Portanto, a alta de preços devido a grande demanda por ethereum pode acontecer nos médio e longo prazos. O mesmo deve acontecer com o The Surge, levando em conta que, até lá, todo panorama macroeconômico pode mudar.
*Colaboraram com esta matéria Felipe Fernandez, analista de criptomoedas da VG Research, e Rafael Castaneda, analista da Mercurius Crypto.