A primeira parte de 2022 foi difícil para as criptomoedas, com o bitcoin perdendo cerca de 31,9% nos cinco primeiros meses do ano. Mas quem está tirando proveito disso são as corretoras de criptomoeda, as chamadas exchanges.
Elas ganharam espaço no debate sobre criptomoedas por dois motivos. Em primeiro lugar, são entidades com pouca regulação específica, o que atraiu a atenção dos órgãos responsáveis por organizar o mercado. O segundo, porque são as empresas mais próximas do modelo tradicional que conhecemos para negociação de ativos.
Agora é a vez de Ripple e FTX irem às compras. Ambas têm planos de novas aquisições para ampliar sua participação no mercado e antecipar a regulação.
Quais os planos das corretoras agora?
Brett Harrison, presidente da FTX, afirmou que a corretora tem uma “boa posição em termos de capital” e que irá olhar em volta para “oportunidades de fusões e aquisições com outras empresas”.
Em 2020, a FTX já havia adquirido a plataforma Blockfolio, com o objetivo de angariar mais usuários para sua rede.
Do mesmo modo, Brad Garlinghouse, CEO da Ripple, afirmou que a exchange tem um “sólido balanço” e prevê melhora das margens e novas aquisições no mercado cripto. “Acho que estamos agora em um estágio de crescimento e estamos mais propensos a sermos compradores do que… Vendedores”, acrescentou.
E por que isso agora?
O momento parece pouco favorável para o desenvolvimento e crescimento de projetos. É preciso lembrar que as criptomoedas — e consequentemente as companhias que lidam com moedas digitais — têm um comportamento parecido com as empresas de tecnologia das bolsas.
De modo geral, elas tendem a crescer quando os juros estão baixos e o crédito está facilitado — no jargão do mercado, o “dinheiro está barato”.
Mas o futuro é exatamente o oposto: a economia global começa a dar sinais de recessão em meio ao aumento dos juros por todas as partes. O maior Banco Central do mundo, o Federal Reserve, já anunciou que o aperto monetário virá — ou seja, o dinheiro ficará mais caro.
Mas não se trata de dinheiro
Ao contrário do que se imagina, essas fusões e aquisições não miram apenas na qualidade dos projetos assimilados, mas também na parte regulatória.
Isso porque tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e em diversas partes do mundo, as exchanges devem enfrentar percalços regulatórios. Em especial no caso local, abrir uma corretora do zero é demorado e bastante caro — e aí entram as aquisições.
Outras corretoras no Brasil
O caso mais famoso foi a desistência de compra do Mercado Bitcoin pela Coinbase aqui no Brasil. Mas a Binance, maior exchange do planeta, já havia comprado as operações de outra empresa, também em movimento de uma antecipação regulatória.
Tanto Harrison, da FTX, quanto Garlinghouse, da Ripple, admitiram que as fusões e aquisições serão nesse sentido: incorporar operações para antecipar a regulação. Enquanto isso, as próprias criptomoedas tentam engatar uma recuperação das perdas recentes.
*Com informações da CNBC