Responsável por revelar as fraudes contábeis no IRB (IRBR3), a gestora Squadra acertou novamente ao apostar na queda das ações de outra empresa badalada do mercado: o Nubank (NUBR33).
Mas o ganho nas posições vendidas não foi suficiente para reverter a perda dos fundos no primeiro semestre deste ano. A gestora carioca sofreu com a queda do mercado acionário nos primeiros seis meses do ano, mais notadamente com o investimento na XP (XPBR31).
O Squadra Long Biased, fundo que pode operar com posições vendidas, apresentou perda de 7% no primeiro semestre. No mesmo período, a cota do Squadra Long Only recuou 15,6%.
Por que a Squadra apostou na queda do Nubank
A aposta na queda das ações do Nubank rendeu a maior contribuição dentro do portfólio short (vendido) da Squadra no primeiro semestre, de acordo com a gestora.
A Squadra faz parte do grupo de investidores que admira o trabalho do Nubank. Por outro lado, a gestora avaliou que chegou à bolsa caro demais e com projeções "excessivamente otimistas".
“Frente à admiração prévia que possuíamos pela trajetória da empresa, se sobrepôs uma combinação de fatores no momento do IPO que julgamos desfavoráveis a uma evolução positiva do preço de suas ações”, escreveu a gestora, em carta aos investidores.
A aposta se revelou certeira. Depois de estrear como o banco mais valioso da América Latina, o Nubank acumula uma perda de mais de 50% desde a oferta pública inicial (IPO), na Bolsa de Nova York (Nyse). O banco digital também possui recibos de ações (BDRs) na B3, com código NUBR33.
Diante da forte queda, a Squadra decidiu reduzir a posição vendida no Nubank, que divulga o balanço do segundo trimestre nesta segunda-feira, após o fechamento do mercado. Saiba o que esperar nesta matéria.
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IRB: o grande short diminuiu
Além do Nubank, a Squadra reduziu a aposta na queda das ações do IRB (IRBR3). Foi esse grande short que trouxe notoriedade à gestora de Guilherme Aché.
Em fevereiro de 2020, a Squadra provocou um pequeno terremoto no mercado ao publicar uma carta na qual defendia a posição vendida no IRB. Na ocasião, a gestora apontou a existência de inconsistências contábeis nos balanços da empresa de resseguros.
Até então, o IRB era praticamente uma empresa intocável na bolsa. Sinônimo de sucesso desde a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) em 2017, a resseguradora vinha de um histórico de lucros crescentes e uma rentabilidade de fazer inveja às maiores empresas globais do ramo.
Cinco meses depois do questionamento da Squadra, a empresa reapresentou os balanços de 2019 e 2018, que mostraram um lucro líquido R$ 670 milhões menor do que o apresentado originalmente.
Desde o alerta da Squadra, as ações do IRB acumulam uma queda de quase 95% na bolsa. Sem considerar o aumento de capital de R$ 2,3 bilhões feito há dois anos para sanear o balanço, a perda no valor de mercado da empresa de resseguros chega a 99,5%, de acordo com a Squadra.
Nesta segunda-feira, o IRB anunciou que estuda fazer uma nova oferta de ações para capitalizar a companhia, que está novamente perto do limite mínimo de capital para operar. Além disso, o balanço do segundo trimestre da resseguradora também sai hoje após o fechamento da bolsa.
“Seguiremos com o mesmo foco em oportunidades short, porém não será trivial nos depararmos com outra história como essa em nossas carreiras”, escreveu a gestora.
As principais apostas da Squadra: XP e Mercado Livre
Se as apostas da Squadra na queda de ações se revelaram bem sucedidas, o mesmo não se pode dizer das posições compradas.
A gestora perdeu com a queda das ações da XP, em meio ao cenário mais complicado para as plataformas de investimentos. No ano, os papéis da corretora acumulam queda de mais de 30% na Nasdaq. Mas a empresa também possui BDRs na B3, com o código XPBR31.
Apesar de o resultado ser negativo, a Squadra não só manteve como decidiu aproveitar a queda para aumentar a posição em XP.
Por fim, junto com a corretora, a principal posição dos fundos da Squadra é nas ações do Mercado Livre. A gestora era acionista da empresa de comércio eletrônico e chegou a vender os papéis no segundo semestre do ano passado, diante dos preços altos.
“Na XP, não tivemos a mesma astúcia (ou sorte) e incrementamos uma posição que já era representativa em nosso portfólio. Em ambos os casos, são empresas que figuram entre os melhores negócios disponíveis na bolsa e cuja precificação se reduziu drasticamente de um ano para cá.”