Para surpresa de absolutamente ninguém, bilionários ficaram ainda mais ricos na pandemia – inclusive no Brasil
Também para espanto de zero pessoa, Brasil segue entre os países mais desiguais do planeta e tem capítulo à parte em relatório coordenado por Thomas Piketty
Se o seu desconfiômetro indicava que a pobreza e a concentração de renda haviam aumentado durante a pandemia, a edição de 2022 do Relatório Global de Desigualdade acaba de confirmar o que você já suspeitava depois de voltar a andar pelas ruas da sua cidade.
A fatia do bolo da riqueza das famílias detida pelos bilionários no mundo — incluindo, é claro, os brasileiros — quase dobrou de tamanho e atingiu um valor recorde durante a pandemia.
Antes da chegada do novo coronavírus, no início de 2020, os bilionários acumulavam 2% de toda a riqueza global das famílias. Em 2021, ano de referência para os dados usados no estudo, 3,5% de toda essa riqueza encontrava-se em mãos de bilionários.
Desigualdades mascaradas
Em 2021, a renda global atingiu o equivalente a US$ 122 trilhões, enquanto a riqueza líquida global chega a seis vezes esse montante. Se esses valores fossem igualmente distribuídos entre cada pessoa em idade adulta do planeta, a renda média anual seria de US$ 23.380, ou US$ 1.950 por mês.
Em reais, estaríamos falando em uma renda média anual de mais de R$ 132 mil, ou de um salário mensal de R$ 11 mil.
Nada mal, não é mesmo? Mas...
“Esses valores médios mascaram desigualdades significativas entre países e entre cidadãos”, enfatizam os autores do estudo produzido por uma rede de cientistas sociais e capitaneado pelo economista francês Lucas Chancel, codiretor do Laboratório de Desigualdade Global.
Um dos coordenadores do estudo, aliás, é o economista francês Thomas Piketty, que ganhou notoriedade mundial em 2013, quando lançou o livro “O Capital no Século XXI”.
Brasil segue entre os países mais desiguais do planeta
O Relatório Global de Desigualdade não separa os bilionários por nacionalidade, mas oferece uma análise mais detalhada sobre a situação em diversas nações.
Há décadas figurando entre as sociedades mais desiguais do planeta, o Brasil tem lá seu lugar cativo entre os países analisados.
Quando comparada a renda dos 50% mais pobres e dos 10% mais ricos, os ocupantes dos degraus superiores da pirâmide social brasileira ganham 29 vezes mais do que quem está na base. No detalhe, a metade mais pobre dos brasileiros obteve renda mensal de R$ 733 em 2021, enquanto os 10% mais ricos ganharam mais de R$ 21.300 por mês no ano passado.
“O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo”, enfatizam os autores do estudo. “Os 10% no topo captam 59% da renda nacional total, enquanto a metade inferior da pirâmide fica com apenas cerca de 10%”, prosseguem eles.
Comparações
O relatório pontua ainda que as desigualdades no Brasil são maiores do que nos Estados Unidos, onde os 10% mais ricos capturam 45% da renda nacional total, e na China, onde essa proporção é de 42%.
Mas não para por aí. Uma leitura mais detalhada faz saltar aos olhos que o Chile, volta e meia usado como referência de modelo socioeconômico ideal entre os países latino-americanos, apresenta a mesma proporção de desigualdade de renda do Brasil.
Tanto o Chile quanto o Brasil são países com desigualdade de renda muito superior, por exemplo, à constatada na Argentina, no Uruguai e - agora sim, surpresa - Equador.
Aquele 1%
Os gráficos apresentados no estudo revelam que houve alguma queda na desigualdade de renda no Brasil em alguns momentos dos anos 2000. Nenhum movimento muito brusco, porém.
“Desde a década de 2000, a desigualdade salarial foi reduzida no Brasil e milhões de pessoas saíram da pobreza, em grande parte graças a programas governamentais”, afirmam os autores do estudo, citando nominalmente o aumento do salário mínimo e o programa Bolsa Família.
Em nenhum momento, porém, o Brasil deixou de figurar nos quadros de desigualdade extrema de renda e riqueza. E a situação voltou a se deteriorar nos últimos anos.
No que se refere à riqueza, a metade mais pobre da população brasileira possui menos de 1% da riqueza nacional total (6% na Argentina), enquanto o 1% mais rico da população concentra cerca de metade da riqueza total.
‘Clube dos US$ 100 bilhões’: número bilionários com fortuna de 12 dígitos bate recorde em 2024; veja quem são
Em 2023, o “clube” tinha seis membros. Em 2020, apenas um: era Jeff Bezos, fundador da Amazon, que hoje aparece em terceiro lugar
Mark Zuckerberg ultrapassa Elon Musk e se torna terceiro homem mais rico do mundo, segundo ranking de bilionários da Bloomberg
Elon Musk, que encerrou 2023 como o homem mais rico do mundo, foi empurrado por Mark Zuckerberg para fora do pódio dos bilionários da Bloomberg
O fim das apostas esportivas no cartão de crédito: governo define novas regras para o ‘mercado bet’
Criada em 2018, a modalidade lotérica que reúne eventos virtuais e reais vem sendo regulamentada desde o ano passado
Lotofácil tem dois ganhadores, mas ninguém fica milionário — e outra loteria vai pagar prêmio de R$ 174 milhões nesta semana
Duas apostas cravaram as 15 dezenas sorteadas no concurso 3081 da Lotofácil; confira os números que saíram na loteria
Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente
O presidente do banco central falou sobre a inflação, o mercado de trabalho e sobre a trajetória da economia durante entrevista para a CNBC
Senado aprova isenção de imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos por mês; projeto vai à sanção presidencial
Aprovação do projeto de lei oficializa medida provisória publicada pelo governo em fevereiro; limite de isenção do imposto de renda passa para R$ 2.824
Haddad responde aos mercados sobre ruídos provocados por meta fiscal; veja o que o ministro falou
Haddad argumentou que o ajuste estabelece uma trajetória “completamente em linha” com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida
A final do BBB 24 está aí: Quanto o prêmio recorde de R$ 2,92 milhões renderia se o vencedor resolvesse viver de renda?
O Big Brother Brasil pagará o maior prêmio da história na final desta edição, com Davi, Isabelle e Matheus na disputa. Mas é possível viver apenas com a bolada?
Petrobras (PETR4) é uma das melhores petroleiras do mundo, mas ‘risco Lula’ empaca: “ações podem desabar da noite pro dia” — o que fazer com os papéis?
“Se você focar apenas em resultados, a Petrobras (PETR4) é uma das melhores petroleiras do mundo”. É assim que o analista Ruy Hungria começa sua participação no mais recente episódio do podcast Touros e Ursos. Ele explica que a estatal tem margens até melhores do que as gigantes do setor — como Chevron, Exxon e […]
Dólar em R$ 5,28: os dois eventos que fizeram a moeda norte-americana atingir o maior patamar em mais de um ano
Entenda por que os investidores buscam abrigo em ativos considerados porto seguro como o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA
Leia Também
-
Uma aposta levou sozinha o prêmio de quase R$ 65 milhões do último sorteio da Mega Sena. Será que foi você? Confira
-
Liz Truss abre mão de parte de cortes de impostos e troca ministro das Finanças; a bolsa de Londres e a libra agradecem
-
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais avançam após virada de ontem; Ibovespa aguarda novas pesquisas Ipespe e Datafolha
Mais lidas
-
1
Tchau, Vale (VALE3)? Por que a Cosan (CSAN3) vendeu 33,5 milhões de ações da mineradora
-
2
Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar
-
3
Dividendos da Petrobras (PETR4): governo pode surpreender e levar proposta de pagamento direto à assembleia, admite presidente da estatal