A noite do último sábado (8) prometia ser um marco no mercado de criptomoedas: Elon Musk, o CEO-celebridade da Tesla convertido em garoto-propaganda do Dogecoin, era o apresentador especial do Saturday Night Live (SNL). A expectativa era grande: estamos falando de um dos programas mais populares da TV americana.
Sim, é verdade: o SNL é um programa de comédia e seus convidados costumam aproveitar o holofote para tirar sarro de si mesmos — e, convenhamos, a figura de um bilionário apoiador de uma moeda digital surgida de um meme dá bastante pano para a manga.
Ainda assim, a aposta era a de que uma simples menção ao Dogecoin seria suficiente para provocar uma nova disparada no ativo. Só que as coisas não saíram exatamente como se imaginava.
Numa das esquetes, Musk e os apresentadores do SNL simularam uma bancada de jornal — o bilionário interpretava um analista de mercado financeiro, convidado para falar sobre as criptomoedas.
"É um tipo de dinheiro digital, mas, em vez de ser controlado por um banco central, é descentralizado através da tecnologia de blockchain. E os preços estão disparando no Bitcoin, Ethereum e, principalmente, no Dogecoin", disse Musk — ou melhor, Lloyd Ostertag.
Só que, a partir daí, começaram as piadas. De maneira insistente, os outros personagens passam a perguntar "o que é o Dogecoin?", apenas para Musk se enrolar ou dar respostas vagas. Depois de alguns minutos, o quadro chega à conclusão:
- Ah, então é um golpe?
- Sim, é um golpe
Efeito Elon Musk
Novamente, vale ressaltar: estamos falando de um programa de humor, e nada do que foi dito deve ser levado muito a sério. Tanto é que, logo no começo do SNL, a cotação do Dogecoin chegou a subir, rondando os US$ 0,70 por unidade.
Mas, ao longo do programa, a criptomoeda mudou de tendência e passou a cair forte, recuando ao patamar de US$ 0,42 — uma baixa de mais de 30%. As piadas de Musk, no entanto, não foram os únicos fatores de influência para o ativo.
A plataforma de trade Robinhood, muito popular entre pessoas físicas nos EUA, teve problemas na noite de ontem. A aba de criptoativos parou de funcionar após um pico nos acessos e nas negociações — o sistema só começou a ser restaurado depois de quase uma hora.
"As negociações com criptomoedas estão de volta e funcionando. Por causa do grande volume e volatilidade, alguns usuários podem passar por problemas intermitentes. Estamos trabalhando duro para providenciar uma experiência agradável e vamos monitorar o assunto de perto", escreveu o app, no Twitter.
Após o programa, as cotações da criptomoeda se recuperaram pouco mais de 10%, estando hoje (10) cotada a US$0,50.
Dogecoin em baixa
De algumas semanas para cá, o Dogecoin tem se sobressaído em relação às demais criptomoedas e passado por uma forte valorização: em 5 de maio, o ativo acumulava ganhos de mais de 100% em sete dias e atingia a marca de US$ 90 bilhões de valor de mercado — mais que a Petrobras. O investimento em dogecoin não é recomendado pelos especialistas.
Mas, nos últimos dias, um movimento de queda mais intenso passou a ser visto no Dogecoin, em meio às preocupações quanto à sustentabilidade das altas — afinal, estamos falando de um ativo derivado de um meme. E mesmo Elon Musk, um dos entusiastas da criptomoeda, resolveu tirar o pé do acelerador, recomendando cautela aos investidores.