O cerco começou a se fechar no Congresso. Após a pesquisa de popularidade apontar uma piora na imagem do presidente no combate à pandemia e sua má gerência no cargo, a morte do senador Major Olímpio (PSL) em decorrência da covid-19 fez a Câmara e o Senado abrirem os olhos para o que já vem sendo dito: a pandemia deve ser levada à sério.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Eduardo Ramos, confirmou que fará uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro na próxima quarta-feira (24). Enquanto isso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se viu obrigado a instaurar uma CPI para coordenar a gestão da crise.
Por fim, ontem à noite, o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, entregou o cargo após meses de pressão de Bolsonaro, que desgostou do plano de reorganização da estatal, com demissões e fechamento de agências. Essa é a nona baixa na equipe econômica de Guedes, que está cada vez mais cedendo às vontades do presidente.
Com a fraca agenda de indicadores do dia e sem maiores desdobramentos políticos, confira mais notícias que podem afetar a bolsa nesta sexta-feira (19):
Falando sozinho
O presidente do Federal Reserve, o Banco Central americano, Jerome Powell parece descolado da realidade. Enquanto seu discurso segue pelo caminho da manutenção de incentivos monetários, com juros baixos e estímulos fiscais, o mercado teme pela alta da inflação dos Estados Unidos.
Os títulos do Tesouro americano, os Treasuries, seguem em sua trajetória de alta, com os juros futuros disparando nos EUA. Isso foi visto pelo mercado como uma incapacidade (ou falta de vontade) da instituição em controlar a disparada da inflação.
De acordo com o Fed, a inflação deve ancorar em 2,0%, mas os investidores não estão tão otimistas quanto o BC americano.
Auxílio emergencial
O presidente da república Jair Bolsonaro assinou na quinta-feira (18) a Medida Provisória (MP) que traz de volta o auxílio emergencial. De acordo com a proposta, serão quatro parcelas de R$ 150, R$ 250 e R$ 350, dependendo de onde o beneficiário se encaixar.
O objetivo é ajudar famílias que já recebem o Bolsa Família e trabalhadores informais, um total de 45,6 milhões de pessoas. Ao menos 22,6 milhões de pessoas ficaram fora da nova rodada do auxílio.
Lockdown
Com a piora da pandemia no Brasil, diversas cidades e estados estão adotando medidas mais restritivas de circulação. Na maior cidade do país, São Paulo adiantou feriados e adotou rodízio de carros das 22h até 5h.
No Rio de Janeiro, há restrição de circulação nas orlas das praias e outros locais públicos. Com as secretarias de saúde alertando para falta de vagas, escassez de medicamentos e desgaste dos profissionais da saúde, especialistas no setor afirmam que será preciso uma coordenação nacional para frear o avanço da pandemia, que levou, só nas últimas 24h, 2.724 vidas brasileiras.
Bolsas pelo mundo
As bolsas da Ásia fecharam em baixa, motivadas pelo pregão negativo de Nova York, que também sentiram uma alta nos juros dos Treasuries. Confira:
- Nikkei (Japão), queda de 1,41%
- Hang Seng Index (Hong Kong), queda de 1,41%
- Kospi (Coreia do Sul), queda de 0,86%
- Shanghai SE (China), queda de 1,69%
Os índices europeus também sentiram a alta dos Treasuries e diminuíram seu apetite de risco no pregão de hoje. Por volta das 9h40, as bolsas apresentavam baixa:
- Dax (Alemanha), queda de 0,46%
- FTSE 100 (Reino Unido), queda de 0,89%
- CAC 40 (França), queda de 0,65%
- FTSE MIB (Itália), queda de 0,20%
Revertendo as perdas do dia anterior, os índices futuros apontam para um pregão com leves ganhos. Por volta das 9h40:
- Dow Jones futuro, alta de 0,10%
- S&P 500 futuro, alta de 0,27%
- Nasdaq futuro, alta de 0,69%
Agenda do dia
Com a agenda fraca para hoje, os principais indicadores do dia são:
- FGV: Prévia do índice de confiança da indústria em março (8h)
- BC: leilão de 16 mil contratos de swap em rolagem (11h30)
- EUA: O presidente Joe Biden discursa da Geórgia (17h40)
Empresas
Divulgam seus balanços hoje:
- Embraer (antes da abertura)
- Eletrobras (após o fechamento)