O bitcoin acumula em reais uma queda de 50% nos últimos três meses. Mesmo assim, a criptomoeda mais popular do mercado segue com uma valorização de 20% em 2021 e de 197% em um ano.
A queda recente, que vem se desenhando desde o seu pico histórico de US$ 63 mil em meados de abril, deve-se a uma sequência de notícias estressantes para o mercado:
- A Tesla, do bilionário Elon Musk, deixou de aceitar bitcoin no pagamento dos carros elétricos em maio;
- No mesmo mês, o governo comunista chinês começou a perder o controle do movimento especulativo do mercado cripto no seu território e proibiu as instituições financeiras de efetuarem transações com criptoativos;
Após esses acontecimentos, o bitcoin, que havia caído para a casa dos US$ 35 mil, voltou a testar os US$ 40 mil, até que nesta terça-feira (22) caiu para menos de US$ 29 mil, após a China desligar pools de mineração no país e ameaçar encerrar contas de clientes envolvidos com criptomoedas.
Com isso, o universo cripto despencou junto. Afinal, trata-se de um mercado correlacionado: a elevada dominância do bitcoin (hoje em 45%) faz com que os outros criptoativos sigam a tendência de reagir de acordo com as oscilações do próprio bitcoin.
É interessante notar, aliás, como essa correlação vem se comportando nos últimos meses: enquanto o bitcoin subia exponencialmente até meados de abril, com altas de 100% no ano até então, altcoins (moedas fora do radar) subiam mais de 1000% no período.
Mas afinal, ainda vale a pena investir em bitcoin?
O especialista em criptoativos da Empiricus André Franco, responsável pela carteira Crypto Legacy, que acumula cerca de 1.500% de lucro nos últimos quatro anos, avalia que sim e, assim como vem dizendo desde o começo do ano, ainda enxerga o bitcoin a US$ 100 mil até o final de 2021.
Segundo ele, a China concentra hoje a maior parte de mineradores de bitcoin no mundo, mas, com as proibições do governo chinês, eles vão naturalmente para outras regiões. Isso, inclusive, já começou a acontecer: a BIT Mining, uma empresa chinesa de mineração de bitcoin, está migrando para o Cazaquistão.
“Estamos falando de empresas que já conhecem o processo e já têm as máquinas, que apenas vão migrar para locais com energia barata, por exemplo. E já existem locais atrativos. Nos Estados Unidos, alguns estados já se beneficiam do potencial da mineração, oferecem energia barata e esperam que o processo gere impostos e divisas”, explica Franco.
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E qual o impacto disso no curto e no longo prazo para o bitcoin?
André Franco analisa que, no curto prazo, “com as máquinas sendo desligadas, sabemos que o poder de processamento da rede fica comprometido em velocidade, segurança e taxas. E isso reflete no preço que estamos vendo”.
No longo prazo, porém, o hashrate (índice do poder computacional usado durante o processo de mineração de bitcoin) tende a se estabilizar. “À medida que as máquinas começarem a ser religadas em outras regiões, a tendência é voltar ao normal. Logo, não visualizo um cenário ruim”, afirma.
É por isso que André Franco recomenda que você foque no longo prazo.