A bolsa brasileira segue em pé de guerra com Brasília. Enquanto o investidor local deve ficar de olho nos importantes indicadores desta terça-feira (10), os ruídos do Palácio do Planalto podem pressionar ainda mais o Ibovespa.
Pela manhã, teremos os dados de inflação, medidos pelo IPCA de julho e a ata da última reunião do Copom. Os preços devem subir 0,95% na base mensal, de acordo com a mediana das expectativas dos especialistas ouvidos pelo Broadcast. Se levarmos em conta a passagem anual, a mediana das projeções é de 8,99%.
Frente a essa inflação, os especialistas estão de olho nos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado deve analisar a ata e buscar sinais sobre a percepção da autoridade monetária sobre o juro neutro.
No último comunicado, o Copom sinalizou que deve elevar a Selic em 1,0 ponto porcentual na próxima reunião, em setembro. O Comitê ainda avalia que considera adequado aumentar os juros acima do nível neutro, ou seja, para além de 6,5% ao ano.
Sinais de Brasília
Ainda hoje devem ocorrer duas votações importantes no Congresso Nacional. A primeira, mais diretamente ligada à economia, é a apresentação da PEC dos Precatórios, que deve permitir o parcelamento da dívida do governo com despesas judiciais. Esse alongamento dos precatórios abriria espaço nas contas públicas para o aumento do Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família.
Já o segundo evento, mais ligado ao cenário político, é a votação no plenário da Câmara sobre a PEC do voto impresso. O texto já havia sido rejeitado por uma comissão especial da Casa. Mas as atenções estão voltadas para o desfile de blindados que, segundo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, é uma “coincidência”.
O desfile de tanques, endossado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, é visto como uma forma de pressionar os deputados pela aprovação da PEC. A votação começa às 15h e deve ser acompanhada de perto pelos investidores.
Tom agressivo
Do outro lado da América, os Estados Unidos também seguem chamando a atenção do investidor. O Federal Reserve deve alterar sua política de estímulos na próxima reunião do Fomc, o Copom norte-americano, em setembro.
O momento inflacionário, afirmam os dirigentes regionais do Fed, está durando mais do que o esperado e a política atual da instituição não está mais estimulando o emprego. Por outro lado, está aumentando os preços e as taxas de juros do país. Na tarde de ontem (09), os títulos do Tesouro americano, os Treasuries, foram às máximas.
Além disso, o pacote de infraestrutura trilionário do presidente americano Joe Biden deve ser votado ainda nesta terça no Senado americano. Os investidores devem ficar de olho nos desdobramentos do tamanho do pacote de estímulos e do reflexo nas contas do governo.
Bolsas pelo mundo
Os índices asiáticos não mantiveram um único sinal durante o pregão, mesmo com a volta da bolsa de Tóquio, fechada durante o feriado local. O tom foi majoritariamente positivo apesar do medo envolvendo a variante delta do coronavírus.
Na Europa, as bolsas também não apresentam uma única direção na abertura de hoje. O tom mais fraco vindo de dados locais se soma ao risco trazido pela variante delta e pressiona os índices.
Por fim, os futuros de Nova York apontam para uma abertura próxima da estabilidade. Sem maiores indicadores locais dos EUA, os investidores devem se apegar às falas dos dirigentes regionais do Fed de hoje.
Agenda do dia
- Banco Central: Ata da última reunião do Copom (8h)
- IBGE: IPCA de julho (9h)
- Ministério da Economia: PEC dos Precatórios será detalhada pelo Ministério em coletiva (9h30)
- Banco Central: O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, palestra em evento do Goldman Sachs (14h30)
- Estados Unidos: API divulga estoques de petróleo (17h30)
- Plenário da Câmara deve votar proposta de voto impresso
Balanços
- Balanço do BTG Pactual (antes da abertura)
- Balanço da Klabin (antes da abertura)
- Balanço da Marfrig (após o fechamento)
- Balanço da RaiaDrogasil (após o fechamento)