O Inter (BIDI4 / BIDI11) decidiu avançar nos planos de deixar a B3 e listar ações nos Estados Unidos. Após a reorganização, o banco digital manterá apenas recibos desses papéis (BDRs) negociados na bolsa brasileira.
Com a mudança de praça, os controladores do Inter — que lá fora passará a se chamar Inter Platform — poderão manter as rédeas da instituição mesmo com uma fatia pequena do capital.
Isso é possível graças ao chamado "supervoto", que permite a distinção entre classes de ações. No caso do Inter, cada ação com supervoto (classe B) dará direito a 10 votos cada. Já as ações que serão negociadas no exterior e darão lastro aos BDRs da B3 darão direito a apenas um voto.
Hoje o capital do Inter já é dividido em ações ordinárias e preferenciais (que não dão direito a voto). Mas a legislação brasileira estipula um limite de 1/3 na relação entre ações ordinárias e preferenciais.
O grupo controlador do Inter, formado pela família Menin — também dona da incorporadora MRV — possui a maioria das ações com direito a voto, mas já está perto do limite de 50%.
A expectativa é que essa participação seja diluída conforme o banco capte recursos para fazer o negócio crescer, por isso a decisão pela mudança para as ações com supervoto.
Recentemente, o Congresso aprovou a possibilidade de adoção do supervoto (ou voto plural) aqui no Brasil, mas isso não foi suficiente para mudar a decisão do Inter de dar adeus à B3.
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Além da questão do controle, as empresas com foco em tecnologia que listaram suas ações lá fora entendem que conseguem uma avaliação melhor de seus negócios do que no Brasil.
Mesmo depois da migração para os Estados Unidos, o Inter informou que pretende manter o registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por pelo menos mais 12 meses.
O Inter abriu o capital na B3 em abril de 2018 e se tornou um dos maiores fenômenos da bolsa desde então. Nos últimos 12 meses, os papéis BIDI11 acumulam uma valorização de mais de 100%, mesmo depois da forte queda recente dos papéis.
No pregão de hoje, as ações do banco digital reagem bem à notícia da migração para Nova York. Por volta das 11h10, BIDI11 subia 5,99%, cotada a R$ 44,04, uma das maiores altas do Ibovespa. Leia também nossa cobertura completa de mercados.
Dinheiro ou BDR do Inter?
E como fica para o acionista do Inter com essa mudança? A reorganização prevê que quem possui ações do banco receberá BDRs na mesma proporção que detém hoje. Ou seja, os direitos econômicos não mudam, apenas o poder de influência nas futuras assembleias.
Hoje o Inter possui ações preferenciais (BIDI4) e units — certificados que representam duas ações PN e uma ON negociados na B3. O pedido de registro de Programa de BDRs Nível I Patrocinado está em análise final pela CVM, segundo o banco.
Mas quem decidir não aceitar a mudança poderá optar por receber a sua parte em dinheiro. O valor a ser recebido nesse caso ainda será estabelecido em um laudo de avaliação. O documento será elaborado por uma instituição independente indicada pelos membros independentes do conselho de administração do Inter.
A opção por dinheiro ou BDR poderá ser feita pelo acionista do Inter em até cinco dias úteis depois da assembleia que aprovar a reorganização.
Para arcar com os valores necessários para reembolsar os acionistas que decidirem receber sua parte em dinheiro, o Inter informou que negocia com bancos de investimento estruturas para financiar e realizar o pagamento.
O fundo japonês Softbank, um dos principais acionistas do banco digital brasileiro, já fechou acordo para transformar a participação de 14,49% no Inter em ações classe A ou BDRs.
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