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Impedido de controlar XP, Itaú decidiu destravar valor aos acionistas com cisão, diz Bracher

Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco

Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco

Impedido pelo Banco Central de deter o controle ou ingerência na XP Investimentos, o Itaú Unibanco optou por fazer a cisão de sua participação na corretora para destravar valor aos acionistas. A afirmação é de Candido Bracher, presidente do maior banco privado brasileiro.

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O Itaú anunciou ontem à noite que estuda segregar a participação de 41,05% na XP em uma nova empresa, cujas ações serão distribuídas aos acionistas do banco. O banco pretende ainda vender os demais 5% que detém na corretora.

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“A cisão faz sentido, já que o banco não tem possibilidade de exercer o controle da XP, e o valor que o mercado atribui à participação dentro do nosso balanço é menor”, afirmou Bracher, em teleconferência com a imprensa para comentar o resultado do terceiro trimestre.

O valor contábil da participação de 46% na XP detida pelo Itaú é de R$ 9,6 bilhões. Listada na bolsa norte-americana Nasdaq, a corretora possui valor de mercado da ordem de R$ 135 bilhões — ao câmbio de ontem.

Se o objetivo era destravar valor, o banco aparentemente conseguiu. No pregão de hoje, as ações do Itaú (ITUB4) fecharam em alta de 3,99% na B3, mas chegaram a subir bem mais ao longo do dia. Leia também nossa cobertura completa de mercados.

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Embora a XP seja negociada em Nova York, a nova empresa que será criada para incorporar a participação do Itaú terá a mesma estrutura do banco, ou seja, terá ações listadas no Nível 1 de governança corporativa da B3. Ficará nas mãos de cada acionista decidir se mantém ou não suas ações.

O Itaú comprou a participação na XP em 2017. O acordo original previa a opção de o banco assumir o controle acionário da corretora. Mas o BC acabou vetando essa possibilidade como condição para aprovar o negócio, o que transformou a participação num investimento financeiro em vez de ativo estratégico, segundo Bracher.

A decisão de segregar a participação não muda o acordo fechado com a XP, que prevê a compra de uma participação adicional de 11,5% na corretora em 2022, segundo o presidente do Itaú.

Bracher negou que o fim do casamento do banco com a XP tenha relação com o acirramento na disputa pelo mercado de investimentos. Em junho deste ano, os sócios se estranharam depois que o Itaú lançou uma campanha publicitária na qual criticou o modelo de agentes autônomos adotado pela XP.

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“Entendemos que a concorrência nunca deixou de existir e nunca tiramos o pé no acelerador por ter adquirido participação na XP”, afirmou Bracher, que deixa o comando do Itaú em fevereiro. Para o lugar dele, o banco escolheu Milton Maluhy.

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