‘A grande vacina é a continuidade das reformas’, diz Ana Paula Vescovi, economista do Santander
Banco revisou para baixo previsão de crescimento para 2020, após indicadores fracos.

Os indicadores fracos da atividade do quarto trimestre de 2019, alguns piores que o previsto, levaram o banco Santander a reduzir a previsão de crescimento do Brasil para este ano, de 2,3% para 2%. O coronavírus teve contribuição muito pequena ainda, mas é preciso monitorar os efeitos da epidemia, disse a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional.
O banco espanhol espera inflação comportada este ano, o dólar tendendo a convergir para R$ 4,10 e vê um Congresso predisposto a aprovar reformas do governo de Jair Bolsonaro. "A grande vacina para nós é a continuidade da agenda das reformas", disse Ana Paula. A seguir, os principais trechos da entrevista:
O que motivou o Santander a revisar para baixo as estimativas de crescimento do Brasil?
O quadro geral brasileiro é de uma economia que se recupera gradualmente. A recuperação é muito decorrente das reformas que foram empreendidas e das melhorias que estão sendo alçadas por essas reformas. Tínhamos uma expectativa de que o ano de 2019 fechasse com nível de crescimento melhor, e ele veio mais baixo. Estamos ajustando essa velocidade de crescimento a um quarto trimestre que deve crescer menos que estimávamos. O Brasil continua em um passo de recuperação, consistente, de boa qualidade.
O coronavírus teve algum impacto nessa revisão?
Muito pequeno. O coronavírus é um fato importante, ainda estamos observando os acontecimentos. A curva de contaminação, pelos dados oficiais da China, já começa a se reduzir, mas temos poucos dados ainda. Não foi isso que motivou nossa revisão. Tem algum impacto? Muito pequeno ainda, mas merece atenção, pois a China já ocupa 15% da economia global. Todo o processo na China ocorre em região que é um polo logístico, mas é preciso observar o tempo, a intensidade. A revisão foi provocada pelos indicadores mais fracos do quarto trimestre. O coronavírus explica, mas uma pequena parcela.
O que pode fazer o PIB do Brasil crescer mais que o previsto?
O ano de 2020 deve ser um período de muitos eventos, prometendo muita volatilidade. São riscos positivos ou negativos. Temos cenário global onde a economia mundial estava ensaiando melhora, em função das reduções de juros do ano passado, e aí veio o coronavírus. Vai ser ano de eleições nos Estados Unidos em ambiente muito polarizado. Tem ainda disputas militares regionais, disputas comerciais, tem a questão do Brexit que não se concluiu. No cenário doméstico, temos ainda uma janela de oportunidade para aprovar reformas, em conjuntura ainda favorável, mas em que precisamos cada vez mais aproveitar este momento e conseguir priorizar reformas.
Como a sra. vê o andamento das reformas? O que o governo tem de priorizar este ano?
A prioridade máxima é conseguir assegurar, ainda que emergencialmente, a redução de gastos obrigatórios, de forma que a gente consiga conviver com o teto de gastos. Dar ancoragem para a política fiscal e macroeconômica até que tenhamos condições de amadurecer a aprovação de reformas mais estruturais no campo dos gastos públicos.
Leia Também
Estou falando de melhorar a alocação dos gastos públicos, mexer nos orçamentos, melhorar a aplicação de recursos destinados ao pagamento de servidores públicos, mexer nas carreiras, nos incentivos. É importante conseguir tempo para que o Brasil possa discutir e amadurecer essas reformas.
A segunda parte é insistir na agenda de reformas microeconômicas, regulatórias, melhoras que levem à capacidade de o Brasil crescer mais. Quando se fala de o crescimento passar de 1% para 2%, é uma recuperação cíclica, por causa dos juros estimulativos.
E o governo deve conseguir avançar com a agenda de reformas este ano?
É preciso aproveitar a janela de um Congresso que está predisposto a aprovar reformas e impedir retrocessos, que principalmente possam vir a ameaçar as instituições fiscais, como o teto de gastos. Fazer reforma dentro de ambiente democrático é desafiador. É preciso alcançar um crescimento maior, temos uma série de demandas sociais, como redução da desigualdade. Muito mais arriscado que o coronavírus é o vírus do retrocesso. A grande vacina para nós é a continuidade da agenda das reformas.
Na revisão do cenário econômico, o Santander também cortou as previsões para o IPCA, prevendo inflação comportada em 2020 (3,1%) e 2021 (3,7%). O que motivou esse movimento?
Tivemos um choque de inflação em novembro e dezembro de 2019, muito concentrado na carne e proteínas e alguma coisa de combustíveis. No caso de proteína, o choque vindo da peste suína acabou antecipando alguns efeitos que viriam em 2020. Esse choque muito concentrado no final de 2019 muda o cenário mais favoravelmente para a inflação de 2020. É uma inflação sob controle, com expectativas razoavelmente bem ancoradas e os núcleos inflacionários vão convergir para em torno de 3%.
O que espera do dólar?
Na média do ano, vamos ter nível de preços de commodities mais baixo, isso sim decorrente do efeito coronavírus, o que implica deterioração dos termos de troca para o Brasil. Teremos uma leve deterioração da conta corrente, que ainda vai ser financiada pela entrada de investimento direto de estrangeiros. Daqui para a frente deve ter uma normalização desse cenário de câmbio convergindo para um patamar mais neutro, que é R$ 4,10.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Consórcio formado por grandes empresas investe R$ 55 milhões em projeto de restauração ecológica
A Biomas, empresa que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, planeja restaurar 1,2 mil hectares de Mata Atlântica no sul da Bahia e gerar créditos de carbono
MRV (MRVE3) mostra como quer voltar ao topo, ações sobem mais de 8% e aparecem entre as maiores altas do Ibovespa
No MRV Day, os executivos da companhia divulgaram os planos para os próximos anos e o guidance para 2025; o mercado parece ter gostado do que ouviu
Dividendos e JCP: Santander (SANB11) anuncia o pagamento de R$ 1,5 bilhão em proventos; veja quem mais paga
Acionistas que estiverem inscritos nos registros do banco no dia 17 de abril terão direito ao JCP
Obrigado, Trump: China aumenta compra de soja brasileira e Santander vê uma empresa bem posicionada para se beneficiar da maior demanda
A guerra de tarifas entre China e Estados Unidos nem esfriou e as empresas asiáticas já começaram os pedidos de soja brasileira: 2,4 milhões de toneladas nesta primeira semana
BofA, Itaú BBA e Santander reforçam recomendação de investimento na Sabesp (SBSP3) após anúncio de precatório bilionário
Segundo os bancos, o acordo com a prefeitura de São Paulo pode resultar numa geração de valor presente líquido que pode representar até 2% do valor de mercado da Sabesp
Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA
Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
As melhores empresas para crescer na carreira em 2025, segundo o LinkedIn
Setor bancário lidera a seleção do LinkedIn Top Companies 2025, que mede o desenvolvimento profissional dentro das empresas
Banco Master: Reunião do Banco Central indica soluções para a compra pelo BRB — propostas envolvem o BTG
Apesar do Banco Central ter afirmado que a reunião tratou de “temas atuais”, fontes afirmam que o encontro foi realizado para discutir soluções para o Banco Master
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
Vai liquidar o portfólio? SARE11 sobe mais de 9% na bolsa após Santander receber propostas para venda dos ativos
A alta do SARE 11 na bolsa vem na esteira da divulgação de que o fundo imobiliário teria recebido propostas de possíveis compradores, segundo informações do MetroQuadrado
Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA
Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia
Por que o Santander cortou preço-alvo de Assaí (ASAI3), mas continua otimista com a ação
Fundamentos sólidos e geração de caixa são pontos positivos para a tese de investimentos, mas redução da alavancagem pode ser prejudicada pela Selic mais alta
Itaú BBA põe Banco do Brasil (BBAS3) no banco de reservas com projeção de dividendos menores — mas indica os craques do setor
Itaú BBA tem recomendação neutra para o Banco do Brasil, apesar de lucro acima do esperado no quarto trimestre de 2024. Analistas da instituição têm outros preferidos no setor bancário
Totvs (TOTS3) impressiona com salto de 42% do lucro no 4T24 — mas a joia da coroa é outra; ação sobe forte após o balanço
Os resultados robustos colocaram os holofotes na Totvs nesta quinta-feira (13): os papéis da companhia figuram entre as maiores altas do dia, mas quem roubou a cena foi um segmento da companhia