O Ibovespa dá continuidade ao movimento da sessão passada e segue no campo positivo nesta terça-feira (28), sustentado pelo ambiente ameno visto no exterior e pela relativa tranquilidade vista no cenário político doméstico. E, desta vez, até o dólar à vista consegue um alívio.
O principal índice da bolsa brasileira operava em alta de 3,99% por volta de 16h20, aos 81.361,43 pontos — na Europa, as principais praças subiram mais de 1% e, nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,29%) e o S&P 500 (+0,10%) exibem um viés positivo.
No câmbio, o dólar à vista recuava 2,2,821% no mesmo horário, a R$ 5,4991 — o dia é de desvalorização da divisa americana em relação às moedas de países emergentes, embora o movimento seja mais acentuado por aqui.
- Eu gravei um vídeo para explicar a dinâmica dos mercados nesta terça-feira. Veja abaixo:
Esse bom humor visto nos ativos brasileiros se deve às menores tensões domésticas e internacionais. No exterior, os investidores seguem mostrando alívio com a desaceleração da curva de contágio do coronavírus na Europa e em parte dos Estados Unidos, duas regiões fortemente afetadas pela doença.
Naturalmente, a situação da pandemia ainda inspira cautela — segundo dados da universidade americana Johns Hopkins, mais de 3 milhões de pessoas já foram infectadas no mundo, com cerca de 212 mil mortes. Mas, considerando a tendência de suavização nos números, o humor dos agentes financeiros tem ficado ligeiramente melhor nos últimos dias.
Ainda lá fora, os mercados aguardam as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira (29), e do Banco Central Europeu (BCE), na quinta (30). A expectativa é a de que ambas as instituições possam sinalizar novos pacotes de estímulo e fornecer mais detalhes quanto às perspectivas de retomada da economia global.
Esse cenário mais otimista, assim, contribui para dar sustentação às bolsas globais nesta terça-feira — um ambiente que ajuda o Ibovespa.
De olho em Brasília
No panorama doméstico, os investidores continuam atentos ao noticiário político: qualquer movimentação por parte do governo ou do Congresso, considerando a deterioração das relações entre as partes, pode mexer diretamente com os rumos do mercado.
No entanto, a percepção é a de que, ao menos por enquanto, o clima é mais ameno na capital federal. Desde ontem, quando o presidente Jair Bolsonaro deu manifestações públicas de apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o noticiário político assumiu um tom menos intenso, o que ajuda a acalmar os ânimos dos agentes financeiros.
Isso não quer dizer que a situação esteja tranquila no front político. Na noite de ontem, o ministro do STF Celso de Mello determinou abertura de inquérito para investigar as declarações do ex-ministro da Justiça, Sergio moro, contra o presidente Bolsonaro.
A combinação entre calmaria externa, tranquilidade doméstica e baixa no dólar também traz alívio ao mercado de juros futuros, que passam por ajustes negativos nesta terça-feira.
A inflação sob controle — o IPCA-15 em abril recuou 0,01% — também contribui para elevar a percepção de que há amplo espaço para o Banco Central continuar cortando a Selic, conforme indicado pelas taxas dos DIs para janeiro de 2021:
- Janeiro/2021: de 3,19% para 2,85%;
- Janeiro/2023: de 5,70% para 4,88%;
- Janeiro/2025: de 7,50% para 6,62%.
Balanço forte
No lado corporativo, destaque para o Santander Brasil, que mais cedo reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,853 bilhões no primeiro trimestre de 2020, um aumento de 10,5% na base anual — a rentabilidade do banco ficou em 22,3%, acima dos 21,1% reportados nos três primeiros meses de 2019.
O mercado gostou do que viu: no mesmo horário, as units do Santander (SANB11) avançavam 10,40% e apareciam entre as maiores altas do Ibovespa — veja abaixo os cinco ativos de melhor desempenho do índice no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
VVAR3 | Via Varejo ON | 9,22 | +21,80% |
CVCB3 | CVC ON | 14,19 | +14,81% |
SMLS3 | Smiles ON | 15,86 | +14,10% |
AZUL4 | Azul PN | 15,96 | +13,11% |
BBAS3 | Banco do Brasil ON | 28,88 | +12,42% |
Confira também as maiores quedas do Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | 9,03 | -4,55% |
PCAR3 | GPA ON | 67,14 | -3,35% |
SUZB3 | Suzano ON | 38,83 | -3,17% |
NTCO3 | Natura ON | 34,82 | -1,64% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | 19,83 | -1,49% |