Ao que parece, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, acenou uma mudança para melhor no balanço de riscos para a inflação ao falar sobre a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência. Com isso, o corte da Selic do dia 31 vira quase certeza, só não se sabe se 0,25 ponto ou meio ponto percentual.
Na divulgação do Relatório de Inflação, Campos Neto e o diretor de Política Econômica, Carlos Viana, deixaram claro que não havia relação mecânica e direta das etapas de aprovação da reforma da Previdência com a retomada dos cortes na Selic, que está em 6,5% desde março do ano passado.
Já ontem, em entrevista à “GloboNews”, Campos Neto disse que os vetores acompanhados pelo BC melhoraram, incluindo a reforma, que era o fator preponderante. “Como nós tínhamos três fatores e dois melhoraram sensivelmente, nós passamos então a dizer que o fator preponderante ficou com as reformas. Então, nessa linha, obviamente um avanço nas reformas faz com que o cenário fique mais benigno para a inflação no futuro”, disse.
Segundo o presidente, o BC já tinha reconhecido a melhora no vetor externo, apesar do risco de menor crescimento mundial, e um aumento da capacidade ociosa e interrupção do crescimento doméstico, um “termo forte”, segundo ele.
Na entrevista, Campos Neto também voltou a reforçar que não troca inflação por crescimento de curto prazo e que entende que a taxa de juros atual estimula o crescimento. O quão estimulativa é um debate que será feito quando acontecer a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No mercado as taxas de juros futuras, que são as que realmente importam para investimentos e para o setor produtivo, já embutem uma Selic menor. O trabalho do BC seria sancionar essa redução, que acontece sem que vejamos um descolamento das expectativas de inflação para cima. Sinal de que o BC tem credibilidade junto ao mercado.
Em todo caso, o Copom se reúne no dia 31 e Campos Neto tem até lá para fazer eventual correção de comunicação. Esse encontro também contará com voto da nova diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Feitosa Nechio.