O presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano, Jerome Powell, usou palavras novas para reforçar uma mensagem já conhecida: Não há um caminho predeterminado. Os próximos passos com relação à taxa de juros seguem dependendo dos dados sobre atividade e inflação.
Em um primeiro momento, o mercado enxergou um tom mais “dovish”, ou inclinado à redução de juros, e o ritmo queda dos índices em Wall Street se reduziu com a divulgação do discurso. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, que caíram cerca de 0,5%, refletindo a retaliação chinesa às tarifas americanas, chegaram a operar próximos da estabilidade ou com leve alta, mas agora voltam a cair com força. Por aqui, o Ibovespa chegou a reduzir as perdas, mas também voltou a mergulhar, caindo 1,48%, aos 98.528 pontos. Motivo: o ataque violento de Donald Trump a Powell e à China (veja abaixo).
O trecho do discurso que o mercado correu para ler e que é destaque nos sites de finanças ao redor do mundo diz que “estamos observando cuidadosamente” os desenvolvimentos de um cenário que se tornou mais incerto nas últimas semanas e que “vamos atuar de forma apropriada” para sustentar a expansão da economia, com um mercado de trabalho forte e inflação ao redor da meta de 2%.
Powell falou que desde a reunião de 31 de julho, apareceram novas evidências de desaceleração global, notadamente na Alemanha e na China, e que os eventos geopolíticos têm dominado o noticiário, como o Brexit, as tensões em Hong Kong e a dissolução do governo na Itália.
“Os mercados financeiros reagiram fortemente a esse quadro complexo e turbulento. Os mercados acionários têm sido voláteis. As taxas dos títulos de longo prazo em todo o mundo caíram acentuadamente para níveis próximos do pós-crise”, disse.
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No entanto, ponderou Powell, a economia americana continua apresentando boa performance, puxada pelos gastos do consumidor. A criação de empregos está menor, mas ainda acontece em velocidade superior ao crescimento da força de trabalho. E a inflação parece estar se deslocando para próximo dos 2%.
This is the key part of Powell's speech. It says a lot but it's hard to say it tells us anything pic.twitter.com/rZWXmld1J8
— ForexLive (@ForexLive) August 23, 2019
Guerra Comercial
Segundo Powell, encaixar o contexto de guerra comercial dentro do trabalho do Fed tem sido um grande desafio. A definição de uma política comercial, lembrou o presidente, é trabalho do Congresso e do Executivo, não do Fed, que tem seu próprio mandato de inflação baixa e pleno emprego.
Em tese, disse Powell, qualquer coisa que afete a inflação e o emprego também afeta a estância apropriada de política monetária, “e isso pode incluir incertezas sobrea política comercial”.
No entanto, ponderou, não há precedentes para guiar nenhuma resposta da política monetária à situação atual. Powell enfatiza isso ao dizer que não há um guia (rulebook) para lidar com o problema comercial.
“O que podemos fazer é tentar olhar além do que pode ser um evento passageiro, focar em como as questões comercial estão afetando as perspectivas e ajustar a política monetária para promover os nossos objetivos”, disse.
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Trump não gostou...
A reação do presidente Donald Trump foi quase imediata. Em seu "Twitter", Trump voltou a atacar o presidente do Fed e disse que sua única dúvida é: "quem é nosso maior inimigo, Jay Powell ou o presidente Xi?"
Não satisfeito, Trump foi para cima da China com grande agressividade, dizendo que os chineses roubam propriedade intelectual e que "Nós não precisamos da China, francamente estaríamos melhor sem eles", que o "roubo" de bilhões de dólares tem de parar. Trump também falou que iria responder às tarifas impostas hoje pela china na tarde de hoje. Aguardemos.
....your companies HOME and making your products in the USA. I will be responding to China’s Tariffs this afternoon. This is a GREAT opportunity for the United States. Also, I am ordering all carriers, including Fed Ex, Amazon, UPS and the Post Office, to SEARCH FOR & REFUSE,....
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 23, 2019