Os membros do Federal Reserve (Fed), banco central americano, encararam o corte de juro de 0,25 ponto anunciado no mês passado como uma recalibragem da política monetária ou um “ajuste de meio de ciclo” e não discutiram abertamente qual seriam os próximos passos. A preferência é por manter graus de liberdade para tomada de decisão.
A avaliação está na ata do encontro, divulgada nesta quarta-feira, que também nos mostrou que dois membros mostram preferência por corte de meio ponto. O documento, no entanto, tem parte de sua importância eclipsada pela expectativa com a fala do presidente Jerome Powell, na sexta-feira, no simpósio de Jackson Hole. Desde a reunião de 31 de julho, as tensões entre EUA e China se acentuaram, como também os ataques de Donald Trump à instituição.
A reação dos mercados foi brevemente positiva. Até a divulgação do documento, o Dow Jones subia cerca de 1%, e o S&P 500 e o Nasdaq avançavam 0,8%, cada, percentuais que pouco se alteraram até o momento.
Na parte do documento que traz as discussões sobre a condução da política monetária, a avaliação que prevaleceu no colegiado foi a de que seria necessário passar uma mensagem de que a atuação será guiada pelos dados e suas implicações para o futuro da economia, evitando a percepção de que o Fed tem um caminho já desenhado.
Divergências de avaliação
Os dois participantes que cogitaram um corte de meio ponto, defenderam uma ação mais firme para lidar com a inflação, que segue consistentemente abaixo da meta de 2%. Para eles, a economia real teria de ficar ainda mais aquecida para acelerar a convergência da inflação à meta.
O resultado da reunião, foi corte de 0,25 ponto, para 2% a 2,25% ao ano, com dois diretores votando abertamente pela manutenção (Esther George e Eric Rosengren).
Quem defendeu estabilidade, apontou que a economia segue em um “bom lugar”, impulsionada pela confiança e mercado de trabalho forte. Além disso, o comportamento dos preços seria condizente com inflação de 2%.
Por fim, “alguns” participantes expressaram preocupação com o fato de que um maior afrouxamento monetário poderia elevar os riscos à estabilidade financeira em alguns setores da economia. Eles também argumentaram que o um corte poderia passar uma mensagem errada sobre o real estado da economia americana.
A redução do juro foi vista como algo que melhor posicionaria a economia americana para lidar com os efeitos do menor crescimento global e das incertezas trazidas pela guerra comercial. Pontos que já tinha sido bem enfatizados por Powell na entrevista concedida após a decisão de julho.
Agora é aguardar os próximos tuítes de Trump.