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Quem foi bem e quem foi mal entre as construtoras listadas na B3 nas prévias de resultados do 1T24

Montagem com prédios e outros imóveis em construção e guindastes | Fundos imobiliários, incorporadoras, construtoras, ações, MRV

As principais construtoras e incorporadoras listadas na B3 divulgaram nos últimos dias as prévias operacionais do primeiro trimestre de 2024. E os números foram uma boa oportunidade para o mercado confirmar se o cenário de queda dos juros, inflação controlada e estímulos à habitação popular se traduziu em resultados melhores para as companhias.

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Não basta, porém, ter um quadro macroeconômico bom e incentivos do governo se as empresas não estiverem preparadas para correr atrás dos resultados. É preciso ter operações e finanças saudáveis para conseguir aproveitar o cenário positivo.

A boa notícia é que, de fato, as incorporadoras de modo geral se aproveitaram do momento favorável para lançar mais empreendimentos neste começo de ano. E isso se traduziu em um aumento das vendas em relação ao primeiro trimestre de 2023. Mas nem todas as empresas do setor fizeram a lição de casa — ou pelo menos não conforme a expectativa dos analistas.

Nesta reportagem, o Seu Dinheiro traz um panorama dos principais destaques da temporada de prévias de oito incorporadoras no primeiro trimestre de 2024.

Os três destaques das construtoras do segmento econômico

Para Fanny Oreng, do Santander, os números das companhias de baixa renda impressionam, especialmente de três delas: “Vimos a Direcional (DIRR3) acelerando a velocidade de vendas (VSO) e colocando o indicador de volta no trilhos, um excelente primeiro trimestre na Cury (CURY3), e a Tenda (TEND3) com números muito sólidos.”

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Os detalhes da performance do trio estão disponíveis abaixo e, de acordo com a analista, mostram que as condições para operar no Minha Casa Minha Vida (MCMV) já melhoraram muito e ficarão ainda mais atrativas.

Vale relembrar que o programa foi retomado e turbinado no ano passado, com mudanças que incluíram queda nos juros, aumento nos subsídios e no teto dos imóveis. Além disso, o primeiro trimestre deste ano trouxe duas novidades que já foram implementadas e devem se refletir nos números dos próximos meses.

A primeira é o Regime Especial de Tributação para Incorporações Imobiliárias, ou RET1, que prevê que a receita proveniente das unidades vendidas na faixa um do programa habitacional — para famílias com renda de até R$ 2.640 — tenha uma alíquota efetiva de imposto de apenas 1%.

Já a segunda permite o uso de depósitos futuros do fundo de garantia para os financiamentos também no primeiro grupo do MCMV. A Caixa Econômica Federal começou a oferecer as linhas de crédito do FGTS Futuro na semana passada.

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Segundo Fanny, a Tenda é, “sem dúvida”, quem mais tem a ganhar com as duas medidas porque é a companhia mais exposta à faixa 1 do programa habitacional. “Mas eu acredito que empresas como Direcional e MRV (MRVE3) vão aumentar a quantidade de projetos vendidos dentro desse grupo e também serão beneficiadas.”

MRV (MRVE3): queima de caixa ainda preocupa

Por falar em MRV, que é a maior construtora dentro do Minha Casa Minha Vida, a companhia registrou recorde de vendas no primeiro trimestre — foram R$ 2,3 bilhões, alta de 18% ante o 1T23.

Apesar do avanço, outro indicador chamou a atenção do mercado: a queima de caixa de R$ 18,6 milhões entre janeiro e março. A cifra é menor do que os R$ 120,8 milhões negativos reportados no 1T23, mas contraria os R$ 130,8 milhões gerados no último trimestre do ano passado.

“Acreditamos que isso deve melhorar a partir do segundo trimestre, pois começam a sair do balanço projetos com margem baixa, que estão consumindo mais caixa ao longo do ano. Mas, para a ação no curto prazo fica o questionamento com relação a essa dinâmica”, diz a analista do Santander.

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Daniel Gasparete, analista de Real Estate no Itaú BBA, cita que o resultado poderia ter sido ainda pior não fosse o efeito positivo de R$ 627 milhões vindo das vendas de recebíveis — o que corresponde a 43% da expectativa para o ano todo — e uma transferência de R$ 230 milhões relacionada a vendas passadas.

A joia da coroa da média e alta renda

Saindo do segmento econômico para a média e alta renda, os analistas não têm dúvidas sobre qual nome mais chama a atenção no setor: “A Cyrela (CYRE3) teve um resultado bastante positivo, mostrando mais uma vez um desempenho de vendas muito forte”, afirma Gasparete.

A construtora registrou R$ 2,14 bilhões no indicador de comercializações totais contratadas, uma alta de 39% ante o primeiro trimestre de 2023.

Com a performance, o estoque também ficou em patamares saudáveis. Do total vendido no período, R$ 177 milhões correspondem a unidades prontas e R$ 1 bilhão saiu do estoque em construção.

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Gasparete cita ainda a Melnick (MELK3) como uma construtora de alta renda com resultados “ bem interessantes” em termos de desempenho de vendas e lançamentos. A empresa gaúcha superou as estimativas do Itaú BBA e quebrou recordes no primeiro trimestre.

Os lançamentos, por exemplo, atingiram os R$ 617 milhões — alta de 43% na base anual e acima da projeção do banco de investimentos, representando 56% das estimativas do Itaú BBA para todo o ano de 2024.

Quem ainda não fez a lição de casa entre as construtoras?

Nem só de destaques positivos foi feita a temporada de prévias do primeiro trimestre. A lista de decepções é menor, vale destacar, mas inclui nomes conhecidos dos investidores.

Dois exemplos são a Even (EVEN3) e a Plano & Plano (PLPL3), que, na visão da Fanny Oreng, do Santander, apresentaram indicadores mais fracos que o previsto.

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Já Daniel Gasparete afirma que a prévia da EZTec (EZTC3) foi “um pouco mais fraca” do que a expectativa. A companhia lançou três projetos com um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 457,5 milhões e vendeu R$ 299,6 milhões — cifra 19,6% inferior à do 1T23.

Confira a seguir os principais números das prévias operacionais das incorporadoras no 1T24

EmpresaLançamentosΔ (1T24/1T23)VendasΔ (1T24/1T23)
Cury (CURY3)R$ 1,88 bilhão+32,7%R$ 1,55 bilhão+43,9%
Cyrela (CYRE3)R$ 1,7 bilhão+26%R$ 2,14 bilhões+39%
Direcional (DIRR3)R$ 896,5 milhões+46,7%R$ 1,3 bilhão+62,8% 
Even (EVEN3)R$ 617,1 milhões+32,7%R$ 426 milhões+40%
EZTec (EZTC3)R$ 457,5 milhões+260,6%R$ 299,6 milhões-19,6%
MRV (MRVE3) IncorporaçãoR$ 1,59 bilhão+150,4%R$ 2,1 bilhões+18,4%
Plano & Plano (PLPL3)R$ 418,1 milhões-5%R$ 544,3 milhões+4%
Tenda (TEND3)R$ 759,9 milhões+54,8%R$ 964,8 milhões+57,9%
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