Cury (CURY3) inicia o ano lançando quase R$ 2 bilhões e executivo diz por que a construtora foi na contramão do mercado
De acordo com Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da construtora, a decisão de lançar mais no início do ano já é adotada há alguns anos e tem um propósito
Enquanto boa parte das construtoras e incorporadoras da B3 optou por iniciar o ano de forma mais modesta, testando a temperatura do mercado com um volume menor de projetos em relação ao fim do ano anterior, a Cury (CURY3) entrou em 2024 já com o pé afundado no acelerador.
De acordo com a prévia operacional publicada há pouco, a companhia focada em imóveis para as faixas mais altas do programa Minha Casa Minha Vida lançou dez empreendimentos no primeiro trimestre, com um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,9 bilhão.
A cifra é 32,7% superior à registrada no mesmo período do ano passado e também supera em mais de duas vezes os R$ 856,6 milhões do 4T23. Além dos lançamentos acelerados, a construtora também registrou crescimento nas vendas líquidas, que alcançaram R$ 1,6 bilhão — alta de 43,9% na base anual e 71,6% na trimestral.
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De acordo com Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da construtora, a decisão de lançar mais no início do ano já é adotada há alguns anos e tem um propósito. Em entrevista ao Seu Dinheiro, Mesquita revela o que está por trás dessa estratégia, comenta os principais números da prévia e fala sobre as perspectivas para os próximos meses.
Confira abaixo os destaques da conversa com o vice-presidente comercial da Cury.
Algumas construtoras optam por começar o ano com mais cautela e acelerar os lançamentos depois, mas a Cury já iniciou 2024 em um ritmo muito forte. Por que essa estratégia é adotada?
Já fazemos isso há alguns anos pois entendemos que nos dá uma capacidade de manobra e ajuste maior. Temos a possibilidade de, durante o ano, entender quais regiões estão absorvendo melhor e em quais locais a gente pode acelerar mais os lançamentos.
Além disso, como o mercado trabalha de maneira inversa, cria-se um momento propício para os empreendimentos, o que tem dado certo para o planejamento da empresa. Pretendemos continuar com essa estratégia até que ela não se mostre mais vencedora.
O banco de terrenos (landbank) foi recorde no primeiro trimestre como R$ 15,7 bilhões, mas a concentração de terrenos ainda é maior em São Paulo. Veremos um equilíbrio maior entre as praças com a aprovação de um novo plano diretor no Rio de Janeiro?
A proporção deve se manter estável porque São Paulo ainda tem um leque de oportunidades muito grande. As mudanças do plano diretor também foram muito favoráveis por aqui e o mercado é muito maior, então tende a ter um volume também maior de terrenos.
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A Cury seguiu elevando o valor cobrado pelas unidades (o preço médio foi de R$ 316,2 mil, alta de 13,5% ante o 1T23). Ainda há espaço para novos aumentos nos próximos trimestres?
Não necessariamente, depende do mix de lançamentos. Claro que o nosso objetivo dentro dos projetos é sempre ganhar o máximo de preço, mas sempre há empreendimentos que impactam a média mais para cima e outros mais para baixo.
O que podemos esperar do balanço do primeiro trimestre de 2024?
O período normalmente não é de grande volume por conta do período de final e início de ano, mas tivemos um 1T24 muito bom, foi um trimestre que entendemos como muito positivo.
Um ponto de destaque é que esse foi o 20º trimestre de geração de caixa positiva da empresa, mesmo tendo esse crescimento muito grande da operação. O que é possível pois temos eficiência dentro do modelo de crédito associativo, vendendo e repassando com qualidade.
Quais são as perspectivas para o mercado imobiliário nos próximos trimestres, considerando principalmente o segmento econômico no qual a Cury atua?
Acabamos de passar por um trimestre que teve uma conjuntura muito boa. Temos um plano muito bem encaixado, um orçamento de FGTS bem definido e um cenário de queda de juros. E isso se une também a questões específicas dos locais em que atuamos, como os novos planos diretores.
Ou seja, estamos em um momento favorável tanto pelo fator macroeconômico, quanto pela política de habitação federal e a conjuntura dos municípios. É difícil ter um cenário assim, que realmente dê mais segurança para as empresas atuarem em um horizonte mais longo.
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Por que a companhia optou por ficar de fora do Pode Entrar, programa habitacional lançado pela Prefeitura de São Paulo no ano passado?
Tínhamos projetos passíveis de fazer parte do Pode Entrar, mas avaliamos que, com a velocidade de vendas e as margens alcançadas, não fazia sentido abrir mão de preço só pelo fato de estar garantida a compra das unidades. Entendemos que se colocássemos esses empreendimentos no mercado conseguiríamos resultados melhores.
A Cury já disse que voltaria a construir na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida (para famílias com renda bruta mensal de até R$ 2.640), mas que ela não alcançaria o mesmo tamanho do passado na companhia, representando no máximo até 12% do faturamento. Isso muda com a entrada do RET1 e FGTS Futuro no jogo?
Atualmente, temos algo em torno de 4,5% da operação dentro deste cenário. Uma virada para um percentual maior não seria feita de forma rápida, e nem faz muito sentido para nós ter uma mudança muito drástica quando temos uma estratégia que tem se mostrado vencedora.
Vamos tentar aproveitar esses benefícios dentro de projetos específicos, mas, no geral, a empresa está focada na faixa 3 [para consumidores com renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8.000].
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