Petrobras (PETR4) diz até quando conselho pode decidir o que fazer com dividendos extras que ainda estão retidos; mercado reage mal ao balanço do 1T24
Saiba o que a diretoria da estatal falou sobre a remuneração aos acionistas depois de resultados mais fracos do que o projetado e se os dividendos extraordinários podem ser distribuídos agora
Até bem pouco tempo, a pergunta que o mercado se fazia era se a Petrobras (PETR4) iria distribuir os dividendos extraordinários retidos na reserva de remuneração. Depois de uma queda de braço com o governo, a estatal liberou metade desses proventos — o equivalente a R$ 22,7 bilhões — no mês passado. Agora, o que os investidores querem saber é quando haverá uma decisão sobre os 50% restantes.
Quem respondeu à pergunta do bilhão (de proventos) foi o diretor executivo financeiro, Sergio Caetano Leite — o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, participou da teleconferência que explicou os resultados da empresa no primeiro trimestre apenas por meio de um vídeo gravado.
E Leite foi categórico: “Não há data para distribuir os 50% que ainda estão na reserva, portanto, isso pode acontecer no segundo trimestre, no terceiro trimestre, no quarto trimestre e até no começo do ano que vem”.
O tema veio à tona mais uma vez depois que a estatal entregou resultados — e dividendos — abaixo do esperado no primeiro trimestre deste ano. As ações PETR4 fecharam em queda de 1,80%, sendo cotadas a R$ 40,87 na B3. Acompanhe nossa cobertura ao vivo dos mercados.
- Gigantes estatais têm os bastidores revelados. Ex-líderes se reúnem e “abrem o jogo” sobre experiência na Petrobras, Eletrobras e Caixa. Descubra tudo ao vivo, participando do evento “Elas Revolucionaram as Estatais” no dia 28/05. Retire seu ingresso gratuito aqui.
Petrobras (PETR4) e os dividendos extraordinários
Quando os acionistas da Petrobras aprovaram, no fim de abril, a distribuição da metade dos dividendos extraordinários referentes ao exercício de 2023 — que estavam retidos desde março na reserva de remuneração da companhia — a estatal indicou que o restante seria analisado até dezembro deste ano.
“[A] eventual distribuição dos 50% remanescentes pela companhia, a título de dividendos intermediários, será avaliada pelo CA [Conselho de Administração] ao longo do exercício corrente”, disse a Petrobras na ocasião.
Leia Também
Hoje, Leite reforçou a mensagem e explicou como a companhia encara o uso da reserva de remuneração. “Esperamos que a reserva funcione sempre que necessário e que for mais seguro para a Petrobras. A reserva foi criada há anos e pode ser usada quando temos muito caixa e pouco lucro ou vice-versa. A ideia é que a reserva possa ser usada em qualquer condição e a despeito de qualquer evento externo”, disse.
O executivo ainda citou a polêmica com o governo sobre a retenção dos dividendos extraordinários — e defendeu a prática, que aconteceu no momento em que a questão fiscal está em xeque, mais uma vez.
“Olhando retrospectivamente, o que aconteceu na Petrobras é que a governança funcionou bem. O conselho de administração recebeu as análises e indicou que precisava de mais elementos e de se aprofundar. Quando o CA se sentiu confortável com os esclarecimentos, colocou em votação na AGE e liberou os proventos”, disse Leite, acrescentando que a reserva foi criada para o pagamento de dividendos e não para investimentos.
Para Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, o discurso está em linha com o que a estatal já havia sinalizado na ocasião da liberação dos primeiros 50% da reserva.
“Espero a distribuição eventual do que foi retido, há espaço para isso. Mas temos uma discussão fiscal importante e que nunca é resolvida — ainda mais com a tragédia no Rio Grande de Sul, que pode demandar ajuda fiscal do governo federal e os dividendos da Petrobras podem acabar ajudando nisso”, disse o analista da Empiricus.
Junto com os resultados do primeiro trimestre de 2024, a Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou o pagamento de dividendos ordinários e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 13,45 bilhões.
O valor é 45,5% abaixo dos de R$ 24,7 bilhões distribuído no mesmo período do ano passado e é explicado não apenas pela performance mais fraca dos três primeiros meses de 2024, mas também à mudança na fórmula de cálculo dos dividendos — que caiu de 60% para 45% do fluxo de caixa livre, implementada em julho de 2023.
- [Recomendação de investimento] 5 ações para buscar dividendos recorrentes na sua conta; baixe o relatório gratuito
Dividendos à parte, e os resultados do 1T24?
Embora tenha começado com explicações sobre os dividendos extraordinários da Petrobras, a teleconferência de hoje foi marcada para detalhar a performance financeira da companhia nos primeiros três meses do ano — e para qual o mercado torceu o nariz, fazendo as ações PETR4 caírem mais de 3% no início do dia.
Entre janeiro e março, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, o que representa uma queda de 37,9%% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a queda foi de 23,7%. As projeções da Bloomberg indicavam lucro líquido de R$ 30,458 bilhões para o período.
A receita com vendas também caiu, ficando abaixo das estimativas, bem como o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que encolheu para R$ 60 bilhões no período.
Muito desse desempenho está ligado à queda na produção e a um impacto cambial negativo de R$ 11 bilhões no lucro da estatal.
DIVIDENDOS EXTRAORDINÁRIOS da Petrobras (PETR4) LIBERADOS: veja datas
Segundo o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o encolhimento da produção nos primeiros três meses do ano foi um movimento planejado, que não afeta a curva de produção prevista no Plano Estratégico para os próximos cinco anos.
"Nesse trimestre, em relação ao anterior, tivemos uma queda na produção de petróleo e gás já esperada porque programamos paradas de manutenção em plataformas. Foi um movimento planejado, que não impacta nossa curva de produção prevista no Plano Estratégico. São paradas de curto prazo. Mas aumentamos a produção em 12 meses em pouco mais de 3% e a trajetória é de crescimento na curva projetada para o período entre 2024 e 2028", afirmou Prates.
O mercado já esperava um resultado menor, justamente por conta da queda da produção, que já havia sido informada pelo Petrobras no relatório operacional. Então por que as ações da petroleira operam em queda hoje?
Segundo a XP Investimentos, a reação do mercado se deve, em boa parte, ao aumento inesperado dos custos da Petrobras em SG&A (despesas administrativas, de vendas e gerais), nos custos com paradas de manutenção e com provisões judiciais.
“Houve uma queda da produção de 5,5% no primeiro trimestre ante igual etapa do ano passado devido a paradas de manutenção, o que levou a custos de extração mais elevados (+9,4% na comparação trimestral) e, consequentemente, a margens de E&P [produção e exploração] ligeiramente mais baixas”, diz a XP em relatório.
O Safra explica ainda que o Ebitda abaixo do esperado reflete principalmente ruídos sobre a estatal e um Ebitda de Exploração e Produção mais baixo, por conta de custos mais elevados do que o antecipado, mais do que compensando a surpresa positiva no segmento de refino.
- Leia também: Lula se acha o dono da Petrobras (PETR4), diz Adriano Pires: “só falta passar para o Imposto de Renda dele”
Vale a pena comprar Petrobras agora?
Depois dos resultados, os bancões atualizaram a avaliação da Petrobras. O Citi, por exemplo, reiterou recomendação neutra, com preço-alvo de US$ 15 por American Depositary Receipt (ADR) — o que representa um potencial de desvalorização de 12% ante o fechamento de segunda-feira (13).
"Mantemos nossa visão mais conservadora sobre a tese, devido ao risco de alocação de capital, tendência de preços de petróleo mais fracos e menor rendimento de dividendos e fluxo de caixa livre para a empresa (FCF), apoiando nossa recomendação neutra", diz o Citi em relatório.
O BTG Pactual, por sua vez, é comprador de Petrobras, com preço-alvo de US$ 19 para os ADRs — o que representa um potencial de valorização de 11,5% sobre o último fechamento.
“No geral, já esperávamos que a reação inicial dos investidores aos principais resultados do 1T24 fosse marginalmente negativa, mas somos compradores na fraqueza”, diz o BTG em relatório.
Segundo o banco, menos paradas para manutenção e adição de uma nova plataforma no segundo semestre deverão impulsionar a produção, gerando maior alavancagem operacional e levando o aumento de custos a uma espiral descendente.
- Você sabe ler os balanços trimestrais das empresas listadas na bolsa? Os analistas da Empiricus Research vão te ajudar a “decifrar” esses números, sem cobrar nada por isso. É só clicar aqui.
“Combinado com investimentos mais baixos e uma posição de caixa de aproximadamente US$ 18 bilhões — acima do ideal —, isso deverá apoiar pagamentos mais elevados — e potencialmente extraordinários — no futuro”, diz o BTG.
O Santander também reiterou a recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de US$ 18 por ADR — o que, considerando o fechamento do último pregão, implica em um potencial de valorização de 5%.
Para Ruy Hungria, da Empiricus, quem investe nas ações da Petrobras precisa colocar na conta a possibilidade de uma eventual interferência do governo. “Por isso, o investidor tem que se pautar nos dividendos e no valuation — e entender se esse valuation embute possíveis decepções pelo caminho.”
CVM questiona sigilo na recuperação judicial da Ambipar (AMBP3) e pede acesso aos documentos enviados à Justiça
Autarquia alega que ter acesso a essas informações é essencial para uma avaliação crítica de todos os interessados na recuperação — credores, investidores e o próprio regulador
A Vale (VALE3) pode mais: Safra sobe preço-alvo das ações e diz que dividendo bilionário está mais perto do que nunca
Segundo os analistas, a mineradora segue negociada com desconto em relação às concorrentes globais, e ainda pode apresentar resultados mais fortes daqui para frente
“Quem apostar contra a Petrobras (PETR4) vai perder”, diz a presidente da estatal. Mas o mercado também pensa assim?
A resposta dos analistas para essa pergunta não é um consenso; saiba o que está por vir e o que fazer com o papel depois dos resultados robustos do terceiro trimestre de 2025
Sequência do game mais vendido de todos os tempos é adiada de novo — e o medo do fracasso é um dos motivos
Com fracasso do Cyberpunk 2077 como referência, estúdio responsável pelo GTA 6 opta por ganhar tempo para alcançar o nível de qualidade esperado
Embraer (EMBJ3) está descontada na bolsa, e JP Morgan eleva preço-alvo para potencial de alta de até 42%
O JP Morgan atualizou suas estimativas para a ação da Embraer (EMBJ3) para R$ 108 ao final de dezembro de 2026. A nova projeção não está tão distante da anterior, de R$ 107 por ação, mas representa uma alta de até 27%. Incluindo a divisão EVE, subsidiária de veículos elétricos de pouso vertical, os chamados […]
Laranjinha vs. Roxinho na Black Friday: Inter (INBR32) turbina crédito e cashback enquanto Nubank (ROXO34) aposta em viagens
Inter libera mais de R$ 1 bilhão para ampliar poder de compra no mês de novembro; Nubank Ultravioleta reforça benefícios no Nu Viagens
Cemig (CMIG4) vira ‘moeda de troca’ de Zema para abater dívidas do Estado e destravar privatização
O governador oferta a participação na elétrica para reduzir a dívida de MG; plano só avançaria com luz verde da assembleia para o novo modelo societário
Petrobras (PETR4) ignora projeção, tem lucro 2,7% maior no 3T25 e ainda pagará R$ 12,6 bilhões em dividendos
Nos cálculos dos analistas ouvidos pela Bloomberg, haveria uma queda do lucro entre julho e setembro, e os proventos viriam na casa dos R$ 10 bilhões
Banco ABC Brasil (ABCB4) quer romper o teto histórico de rentabilidade e superar os 15% de ROE: “nunca estamos satisfeitos”, diz diretor
Mesmo com ROE de 15,5%, o diretor financeiro, Ricardo Moura, afirma que está “insatisfeito” e mapeia as alavancas para entregar retornos maiores
Magazine Luiza (MGLU3) tem lucro quase 70% menor no 3T25 e CFO culpa a Selic: “ainda não estamos imunes”
A varejista registrou lucro líquido ajustado de R$ 21 milhões entre julho e setembro; executivo coloca o desempenho do período na conta dos juros elevados
“Estamos vivendo um filme de evolução”, diz CFO da Espaçolaser (ESPA3). Receita e Ebitda crescem, mas 3T25 ainda é de prejuízo
A rede de depilação fechou o trimestre no vermelho, mas o diretor Fabio Itikawa vê 2025 como um ano de reconstrução: menos dívida, mais caixa e expansão apoiada em franquias
Cogna (COGN3) acerta na lição de casa no 3T25 e atinge menor alavancagem em 7 anos; veja os destaques do balanço
A companhia atribui o resultado positivo do terceiro trimestre ao crescimento e desempenho sólido das três unidades de negócios da empresa: a Kroton, a Vasta e a Saber
Axia (ELET3): após o anúncio de R$ 4,3 bilhões em dividendos, ainda vale comprar a ação da antiga Eletrobras?
Bancos consideraram sólido o desempenho da companhia no terceiro trimestre, mas um deles alerta para a perda de valor do papel; saiba o que fazer agora
Adeus home office: Nubank (ROXO34) volta ao escritório por “custos invisíveis”; funcionários terão tempo para se adaptar ao híbrido
O Nubank se une a diversas empresas que estão chamando os funcionários de volta para os escritórios
Minerva (BEEF3) tem receita líquida e Ebitda recordes no 3T25, mas ações desabam na bolsa. Por que o mercado torce o nariz para o balanço?
Segundo o BTG Pactual, com um trimestre recorde para a Minerva, o que fica na cabeça dos investidores é: o quão sustentável é esse desempenho?
Rede D’Or (RDOR3) brilha com lucro 20% acima das expectativas, ação é a maior alta da bolsa hoje e ainda pode subir mais
No segmento hospitalar, a empresa vem conseguindo manter uma alta taxa de ocupação dos leitos, mesmo com expansão
Vai caber tudo isso na Raposo Tavares? Maior empreendimento imobiliário do Brasil prepara “cidade própria”, mas especialistas alertam para riscos
Reserva Raposo prevê 22 mil moradias e até 80 mil moradores até 2030; especialistas alertam para mobilidade, infraestrutura e risco de sobrecarga urbana
iPhone, iPad, MacBook e mais: Black Friday da iPlace tem produtos da Apple com até 70% de desconto, mas nem tudo vale a pena
Rede autorizada Apple anuncia descontos em iPhones, MacBooks, iPads e acessórios, mas valores finais ainda exigem avaliação de custo-benefício
Banco ABC Brasil (ABCB4) corta guidance e adota tom mais cauteloso para 2025, mesmo com lucro e rentabilidade em alta no 3T25
O banco entregou mais um trimestre previsível, mas decidiu ajustar as metas para o ano; veja os principais números do resultado
O melhor está por vir para a Petrobras (PETR4)? Balanço do 3T25 pode mostrar que dividendo de mais de R$ 10 bilhões é apenas o começo
A produção de petróleo da estatal deve seguir subindo, de acordo com bancos e corretoras, abrindo caminho para novas distribuições robustas de proventos aos acionistas