Sucessor de Campos Neto terá trabalho: para economistas, desordem fiscal deve elevar Selic a partir do ano que vem
Em evento sobre macroeconomia, Marcos Mendes e Daniel Leichsenring consideram que desequilíbrio fiscal reduz potencial da economia e obrigará a elevação da Selic a partir de 2025

“O Lula tem sorte e está sempre no momento em que as condições do mundo são as melhores para ele”. Mesmo com esse cenário para o petista, Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset, afirma que os problemas fiscais não resolvidos pelo governo devem fazer com que a taxa básica de juros (Selic) volte a subir a partir do ano que vem, atingindo 11,5% em 2026.
Ou seja, o sucessor de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central provavelmente terá de elevar os juros no ano que vem, de acordo com o economista.
Ao lado de Marcos Mendes, pesquisador associado do Insper e organizador do livro “Pra não esquecer: políticas públicas que empobrecem o Brasil”, Leichsenring participou do Macro Summit Brasil 2024.
O evento online gratuito sobre cenário macroeconômico e mercado financeiro é realizado pelo Market Makers, um dos principais hubs de conteúdo financeiro do Brasil, em parceria com o MoneyTimes e Seu Dinheiro.
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No primeiro painel do evento “O Brasil está rumo certo ou não?”, os convidados colocaram suas preocupações com a política fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e afirmaram verem um horizonte ruim para as contas públicas nos próximos anos.
Ainda assim, ambos consideram que a retomada do crescimento das principais economias globais e a queda de juros nos Estados Unidos e Europa devem sustentar números positivos também no Brasil.
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PIB para cima, mas...
Na análise de Marcos Mendes, o crescimento dos últimos dois anos foi muito bom, próximo de 3%, com mercado de trabalho bombando e crédito crescendo. Porém, o descuido na área fiscal reduz o potencial de crescimento futuro.
“O que a gente está vivendo hoje não tem duração muito longa. A produtividade vem em uma trajetória negativa, taxa de investimento baixa, população em idade ativa está desabando, quando a gente pega isso tudo e faz as contas, dá um potencial de crescimento de 1,7%. Pode crescer um pouco mais? Pode, mas não vai colocar a gente em um crescimento acima de 2% ao ano em uma trajetória de longo prazo. E isso é muito pouco”.
Um pouco mais otimista com o crescimento do PIB para 2024, Daniel Leichsenring espera que este ano repita o cenário de revisões para cima como visto no ano passado, fechando o ano com PIB também entre 2,5% e 3%.
“Não vejo motivo para, nessa altura do campeonato, achar que as coisas vão dar errado. A gente ainda tem uma boa trajetória de melhora a partir daqui”.
Mas o economista-chefe da Verde Asset afirma também concordar com o Marcos Mendes. “Quando você olha a perspectiva de crescimento do Brasil, não é nada brilhante. A nossa performance ao longo do tempo deixa muito a desejar na comparação com crescimento de diversos países da América Latina, cerca de 20 países, onde o Brasil aparece como um dos piores.”
Ele observa padrões no Brasil, onde consegue ter uma trajetória de crescimento um pouco mais forte por algum período para apenas acumular desequilíbrios no processo, que acabam, de alguma maneira, em alguma crise a voltar à estaca zero. “Em particular, o fiscal é sempre o nosso calcanhar de Aquiles”.
Ajuda que vem de fora
Durante a conversa mediada por Thiago Salomão, fundador e apresentador do Market Makers, e Marcio Juliboni, diretor de redação do Money Times, os dois economistas apontaram a previsão de queda das taxas de juros nos Estados Unidos e Europa, abrindo oportunidades para a entrada de investimentos no mercado brasileiro.
E esse cenário externo positivo deverá carregar o Brasil até as próximas eleições presidenciais em 2026, pelo menos.
“Acho que a gente está virando uma página para um lado muito mais positivo e a gente vai ter consequências favoráveis por algum período. O Brasil vai se beneficiar muito disso, apesar de nada ser responsabilidade nossa. A gente vai saber surfar nessa onda dos próximos 2 ou 3 anos”, diz Leichsenring, que vê semelhança do cenário atual com os períodos de crescimento mundial entre os anos entre 2003 e 2007 e 2013 até 2018. “Períodos curtos de tempo em que o mundo inteiro cresceu”.
“Se está tudo bem com a economia internacional, a gente vai bem. Balançou um pouco, a coisa fica estranha por aqui”, concorda Marcos Mendes, sem deixar de destacar que os fatores de crescimento da economia brasileira não contam com a simpatia da administração petista.
“Quais são os principais fatores de crescimento, do bom desempenho da economia dos últimos anos? O agro, o petróleo e crescimento muito grande do mercado de capitais, sendo tudo isso originado por políticas que o governo atual é contrário.”
Muda meta hoje e mais juros para amanhã
O pesquisador do Insper chamou a atenção para as más notícias que devem vir nos próximos meses, como a mudança da meta do resultado primário.
“Vão ter que apresentar uma LDO e vão ter que dizer qual a meta de déficit do ano que vem, que não vai poder ser 0,5%. Porque, se fizerem uma meta de 0,5%, vão ter que apresentar uma LDO muito fake, com muitos dados distorcidos. Eu tenho a impressão de que a economia internacional indo bem ajuda tremendamente, mas o governo está trabalhando muito para atrapalhar”, afirma Mendes.
A falta de compromisso com a política fiscal vai cobrar seu preço, de acordo com o economista-chefe da Verde Asset.
“A Selic não passa nem um ano em 9,5% e já para o ano que vem [o mercado] coloca de volta para 11% e depois 11,5% de 2026 em diante. A curva de juros é o lugar onde todas as preocupações se juntam.”
Para Leichsenring, a taxa longa do Brasil pagando quase 6% de juro real ao ano é extraordinariamente alta, mesmo para os padrões brasileiros.
“Será que o país vai ser viável com 6% de juro real de longo prazo? A curva de juros diz claramente que esse fiscal não para de pé.”
Além dos juros: atenção com a previdência e dólar em queda
Na parte final de sua análise, Marcos Mendes dedicou atenção para a previdência. Isso porque ele considera como “assustador” o crescimento de 16% ao ano na despesa do benefício de prestação continuada (BPC).
Para ele, o governo toma a estratégia correta de automatizar a concessão de alguns benefícios, como exame médico online. Porém, só deveria fazer isso se tiver muita segurança que será rigoroso no controle.
“Parece que estão concedendo para todo mundo, aumentando a demanda de novos requerimentos. Existem escritórios especializados em demandar benefícios ao INSS. O governo alega que a concessão cresce porque a fila está muito grande. Mas a gente vê que a fila não está caindo.”
Por sua vez, Daniel Leichsenring afirma que o dólar está em seu momento mais valorizado frente a outras moedas do mundo, inclusive do real
Olhando para frente, à medida que os Estados Unidos cortam juros e reduzem a inflação, a economia vai desacelerar e colocar uma perspectiva de o dólar sair desse extremo de sobrevalização para algo mais moderado, de acordo com o economista da Verde.
“Não acho que vai cair abruptamente, mas vai aos poucos convergindo para a média. Se isso acontece, a gente pode ver aqui o câmbio caindo para R$ 4. Não tem nada a ver com a gente, mas tem a ver com o equilíbrio do mundo sendo um pouco mais favorável para os emergentes.”
Assista à íntegra do painel com Marcos Mendes e Daniel Leichsenring:
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