Pacto fáustico à brasileira? ‘Temos que atravessar 2025 com o Lula para talvez em 2026 buscar uma virada de ciclo’, afirma Felipe Miranda, da Empiricus
Em painel sobre Brasil e sobre a criação da Empiricus, o sócio-fundador e CIO da casa de análise avalia como o atual governo tem impactado o mercado

Neste mês de novembro, a Empiricus Research completa 15 anos. E, para celebrar esse aniversário, 150 assinantes da casa puderam participar de um evento exclusivo com presenças ilustres no auditório do BTG Pactual, em São Paulo, para discutir economia comportamental, investimentos, Brasil e cenário internacional.
Dentre os palestrantes estavam Clóvis de Barros Filho (filósofo e professor), Eduardo Gianetti (economista e professor), Fernando Schüler (cientista político e colunista da Veja), Daniel Goldberg (CIO da Lumina Capital) e os próprios sócios-fundadores da Empiricus: Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden.
Empiricus nasceu para democratizar o acesso à informação
Em seu painel, Miranda começa contando o principal motivo que levou à criação da casa de análise. “A gente fundou a Empiricus com o grande objetivo de democratizar o acesso à informação para a pessoa física. A gente queria tirar o dinheiro da poupança”.
Segundo o estrategista-chefe da Empiricus, os analistas da Faria Lima e do Leblon sempre acreditaram que “está tudo bem” a pessoa física continuar jogando na “série B” dos investimentos.
“Eu sempre pensei o contrário: a pessoa física tem que jogar na ‘série A’. Inclusive ela pode ter acesso a investimentos não só equivalentes, mas por vezes até melhores do que os disponíveis para o investidor institucional. E não precisa depender só do gerente do banco para tomar as melhores decisões. […] Nesse sentido, acho que temos feito um trabalho até acima do que nós mesmos esperávamos”.
- LEIA TAMBÉM: Analista recomenda: ‘se você não tem esta ação do setor elétrico, esta é a chance de comprar’; veja qual é
‘Brasil é mais cíclico do que ruim’
Na segunda parte de seu painel, Miranda se aprofunda na análise de investimentos e explica por que considera o Brasil mais “cíclico” do que ruim para se investir.
Leia Também
“Meu argumento de ser muito cíclico é que o Brasil viveu uma série de cisnes negros, que são aqueles eventos de baixa probabilidade: pandemia, maior recessão da História em 2015. Vivemos um ciclo muito ruim desde a segunda metade de 2021. Para o mercado de capitais não é o ambiente ideal, não é pró-mercado, não é pró-Lula. A gente pode até dourar a pílula de várias maneiras, mas esses eventos prejudicaram muito, de fato”.
Governo frustrou expectativas em 2024
No caso deste ano, especificamente, Miranda reforça que parte da queda da Bolsa e da alta do dólar tem a ver com a reversão de expectativas que havia no início do ano. “Começamos 2024 em 134 mil pontos e expectativa de queda de juros, e no final estamos vivendo outro cenário”.
Sobre isso, André Esteves, sócio do BTG Pactual e também convidado do painel, complementa: “A gente [o governo] demora muito para tomar decisões e faz um pouco menos do que devia. E isso vai deteriorando as expectativas. O Haddad passou a acreditar que o equilíbrio fiscal traria taxas de juros mais baixas. Só que ele tem uma ingerência do governo, então o que é combinado na Fazenda não tem se concretizado”.
Para ele, o ponto principal dessa frustração do mercado está ligado à credibilidade do governo. “A falta de responsabilidade fiscal – que o Lula também prometeu em campanha – está dragando a credibilidade do Haddad e do próprio Galípolo, que ainda nem é presidente do Banco Central”. Gabriel Galípolo foi escolhido para assumir o cargo a partir de 2025.
Ainda assim, Esteves é otimista com o país. “Para falar a verdade não vejo nenhuma complexidade no Brasil, a dívida externa está equilibrada, temos bastante diversidade nas exportações, somos fortes no agronegócio, no petróleo e no metals & mining; as reservas cambiais brasileiras são líquidas; temos um sistema financeiro sólido, desemprego está baixíssimo. Então o Brasil está fácil, essa fotografia é fácil, só está faltando a direção certa”
Por que o Brasil atual se assemelha à lenda de Fausto? CIO da Empiricus explica
Para Miranda, a gente vive um grande pacto fáustico “à brasileira”, remetendo-se à lenda de Fausto, um personagem literário que vai além da ética e da moral para satisfazer sua própria ambição e que aparece de forma análoga no livro “Grande Sertão: Veredas” – filme inclusive financiado pelos sócios da Empiricus.
“O Fausto é o cara que faz um pacto com o demônio para que ele consiga transformar metais em ouro, e, no caso do Brasil, a gente fez um pacto de topar aguentar o Lula no governo por um ano para pegar talvez uma virada de ciclo em 2026″, compara.
Além disso, ele vê 2025 como uma “ponte” apenas para o ano eleitoral seguinte: “É um ano meio que não não define grandes coisas”.
Porém, para o analista-chefe da Empiricus Research, o pêndulo do Brasil pode migrar mais para a direita nas próximas eleições para presidente. “O Trump demonstra um certo zeitgeist contra o incumbente e mais à direita. E se você parar pra pensar, [por um período] teve Trump, Macri e Bolsonaro [no poder], depois teve Biden, Fernandez e Lula. E agora você tem Trump, Milei e… complete a frase [com o nome do próximo presidente do Brasil]”.
Por fim, na visão dele se a alta probabilidade da “marcha à direita” se confirmar em 2026, “teríamos um rali eleitoral contratado já para 15 meses à frente”.
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Desaprovação a Lula cai para 50,1%, mas é o suficiente para vencer Bolsonaro ou Tarcísio? Atlas Intel responde
Os dados de abril são os primeiros da série temporal que mostra uma reversão na tendência de alta na desaprovação e queda na aprovação que vinha sendo registrada desde abril de 2024
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Guido Mantega vai ficar de fora do conselho da Eletrobras (ELET3) e governo busca novo nome, diz jornal
Há cinco dias da assembleia que elegerá os membros do conselho da empresa, começa a circular a informação de que o governo procura outra opção para indicar para o posto
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump
Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.
Do pitch à contratação: evento gratuito do BTG conecta jovens talentos ao mercado financeiro
Inscrições estão abertas até 27 de abril; 1 a cada 5 participantes é contratado até três meses após o evento, diz estudo
Méliuz (CASH3): BTG Pactual aumenta participação acionária na companhia e ações saltam mais de 14%; entenda
Papéis voltam aos holofotes do mercado aos poucos, desde que o Méliuz tomou a decisão de investir em bitcoin, em março
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir
Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos
Lula é reprovado por 59% e aprovado por 37% dos paulistas, aponta pesquisa Futura Inteligência
A condição econômica do país é vista como péssima para a maioria dos eleitores de São Paulo (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate à alta dos preços e a criação de empregos
Eletrobras (ELET3) mantém presidente e diretoria executiva até 2027 em meio a disputa judicial
O processo de renovação do Conselho de Administração da Eletrobras faz parte do acordo que está em andamento com a União, devido a uma disputa judicial que corre desde 2023
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
MRV (MRVE3) mostra como quer voltar ao topo, ações sobem mais de 8% e aparecem entre as maiores altas do Ibovespa
No MRV Day, os executivos da companhia divulgaram os planos para os próximos anos e o guidance para 2025; o mercado parece ter gostado do que ouviu
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale