O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira (12) que a instituição elevou para 50% os dividendos pagos ao Tesouro, num momento em que o País vive um desafio fiscal.
"O BNDES está aumentando para 50% o pagamento de dividendos. Estamos indo para R$15, quase R$16 bilhões. Estamos tirando recursos do nosso capital, o que não é fácil", disse Mercadante, em evento.
O aumento do percentual de pagamento de dividendos de 25% para 50% não vai reduzir os desembolsos do banco, garantiu Mercadante.
"O capital é o que permite a gente alavancar e financiar o crescimento. Mas estamos contribuindo mais com o Tesouro, que não é uma atitude própria dos bancos públicos. Mas nós achamos que nesse momento é muito importante", afirmou.
Segundo Mercadante, a ajuda ao governo não compromete os financiamentos feitos pelo banco.
"Nós temos reservas estratégicas e, principalmente, nós estamos criando novos instrumentos que permitem essa atitude. Por exemplo, a Fazenda (Ministério) emitiu US$ 2 bilhões em bônus sustentáveis, fez o chamado hedge, quer dizer, protegeu a oscilação do câmbio. E nos deu o Fundo Clima, que são R$ 10,4 bilhões. Uma taxa de juros básica de 6,15% fixa ao ano, que é um ótimo instrumento", explicou.
O presidente do BNDES participou pela manhã do Future Investment Initiative (FII) Institute, organização sem fins lucrativos apoiada pelo FIP (fundo soberano da Arábia Saudita) e 30 empresas globais.
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Além dos dividendos do BNDES
O presidente do BNDES comentou ainda que o Brasil vive um momento positivo, com indicadores mostrando que a massa de trabalhadores ocupados e a massa salarial são recordes, com a renda média crescendo 6,1% ao ano.
"Temos desafios imensos, mas temos o compromisso profundo de combater a pobreza."
Em relação ao panorama internacional, Mercadante apontou ainda que os países do Sul vêm enfrentando crescente protecionismo de mercados desenvolvidos, como EUA e Europa.
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Foco em transição energética
Durante o evento, Mercadante também destacou o papel do Brasil como produtor de energia fóssil e no processo de transição energética.
"Temos a matriz energética mais limpa do mundo", frisou. "Somos um país grande produtor de energia fóssil, mas que fez transição energética muito antes."
O executivo afirmou que o perfil da matriz energética do Brasil — "a mais limpa do G20" — é uma vantagem competitiva definitiva para a descarbonização da economia.
"Queremos liderar a transição energética", disse à plateia formada por líderes globais, para então pedir aos presentes para que façam investimentos no Brasil. "Quem chega cedo, bebe água limpa."
Mercadante disse ainda que o BNDES é o banco de desenvolvimento que mais investe no segmento no mundo e que a instituição tem aliança com 20 bancos de desenvolvimento para preservar e restaurar a Amazônia. "O Brasil já reduziu em 50% o índice de desmatamento."
*Com informações de Estadão Conteúdo.