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Micaela Santos
Micaela Santos
É repórter do Seu Dinheiro. Formada pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), já passou pela Época Negócios e Canal Meio.
PANORAMA CRIPTO NA AMÉRICA LATINA

Além do bitcoin (BTC): investidor brasileiro de criptomoedas aumenta procura por altcoins e memecoins, aponta relatório da Bitso

Apesar da preferência, alta no preço fez procura pelo BTC cair no 1º semestre; confira as criptos mais investidas no país

Micaela Santos
Micaela Santos
22 de agosto de 2024
7:02 - atualizado às 8:03
PEPE Coin
Pepe Coin (PEPE), criptomoeda criada em homenagem ao meme "Pepe, the Frog". Fonte: Reprodução / Colagem Leticia Pinheiro - Imagem: Reprodução

Quando o assunto é investir em criptomoedas, o bitcoin (BTC) ainda é preferência nacional. No entanto, o interesse pelas altcoins e até por memecoins — criptomoedas que nasceram de piadas na internet — está ganhando mais espaço na carteira do investidor brasileiro. 

É o que aponta a segunda edição do Panorama Cripto na América Latina, pesquisa realizada pela Bitso, corretora de criptomoedas com sede no México. O estudo analisou o comportamento de mais de 8 milhões de clientes da empresa durante o primeiro semestre de 2024 nos países onde opera, como Argentina, Colômbia, México e Brasil.

Bitcoin e a dinâmica das altcoins

De acordo com a pesquisa semestral, o bitcoin ainda domina as carteiras de criptomoedas na América Latina. O Brasil tem a maior adoção entre os países da região, com o BTC representando 60% do portfólio médio. Em relação ao semestre anterior, a concentração desses ativos nas carteiras dos brasileiros cresceu 2 pontos percentuais. 

Por outro lado, há uma tendência crescente de aquisição de altcoins e memecoins na América Latina, incluindo no Brasil. Segundo o estudo da Bitso, o Brasil conta com a maior concentração de altcoins em toda a região. No país, esses ativos representam 18% das criptos investidas.

Em relação ao semestre anterior, a posse de altcoins aumentou 1% e indica uma maior disposição do investidor brasileiro de cripto ao risco, já que esse tipo de ativo é mais volátil. 

Parte do crescimento das altcoins na América Latina vem da solana (SOL), que ganhou popularidade tanto para realizar operações quanto para investimento. Criado em abril de 2021, o projeto Solana já concorre com grandes criptoativos, como o ethereum (ETH) — que disputa frente a frente com a maior moeda virtual do mundo, o Bitcoin.

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Memecoins ganham espaço

Os tokens de memecoins também têm ganhado força no país, segundo a Bitso. Na primeira metade do ano, a estrela foi a pepe, criptomoeda baseada no popular meme “Pepe the Frog”. 

Considerada uma memecoin, assim como sogecoin e shiba inu coin, a moeda foi lançada em abril de 2023 e teve uma supervalorização. Em maio do ano passado, apenas um mês após o lançamento, a capitalização de mercado da pepe chegou a alcançar US$ 1,5 bilhão. 

O pepe, que não apareceu no ranking do semestre anterior, agora ocupa a segunda posição nas preferências de compra do investidor. A pesquisa da Bitso chama a atenção para o crescimento da moeda na Argentina, Colômbia e México, e sua aparição no Brasil. 

Na América Latina, 7% das criptos adquiridas no primeiro semestre foram Pepe. Por aqui, ela foi a segunda criptomoeda mais adquirida (13%), atrás apenas do Bitcoin (24%). 

Ao Seu Dinheiro, Thales Freitas, CEO da Bitso Brasil, disse que o interesse pela memecoin pode ser explicado pela influência das comunidades online e das redes sociais, que é onde as memecoins costumam ganhar destaque e popularidade por meio de memes e campanhas virais.

"Essas dinâmicas muitas vezes criam uma onda de entusiasmo e especulação em torno do ativo, mesmo que não haja fundamentos sólidos comprovados por trás dele", afirma o executivo. "Outro fator pode ser uma inclinação atual pela busca por lucros rápidos, ainda que isso envolva um risco maior."

No gráfico abaixo, confira as criptomoedas mais adquiridas no Brasil no primeiro semestre:

Fonte: 'Panorama Cripto na América Latina' (Bitso)

Preço reduz interesse pelo bitcoin no primeiro semestre de 2024

De acordo com o estudo da Bitso, o bitcoin continua sendo a criptomoeda preferida para holdear (segurar) pela comunidade cripto.  Embora, quando se trata de novas compras, a preferência se incline mais para as stablecoins em países como Argentina e Colômbia.

No geral, 28% das criptomoedas totais compradas na América Latina no período foram BTC, comparado aos 38% do segundo semestre de 2023. O México foi o país com mais compras desta cripto (30%), seguido pelo Brasil (24%), Colômbia (19%) e Argentina (12%).

Essa redução de participação do bitcoin nas compras de um semestre para o outro, segundo o estudo, pode ser atribuída ao aumento no preço médio da criptomoeda.

Nos primeiros meses deste ano, o BTC renovou as máximas históricas, chegando a US$ 73.750,07 em março. Desde então, a maior moeda virtual do mundo ronda o patamar acima dos US$ 60 mil, ainda que tenha furado esse suporte pontualmente.

“O preço elevado pode desencorajar a compra e incentivar a estratégia de posse conhecida como HODL (Hold On for Dear Life), onde o investidor mantém o ativo enquanto seu valor continua a subir”, afirma o relatório. 

Nesse cenário, as stablecoins atreladas ao dólar, como USDC + USDT, tiveram espaço relevante entre as aquisições, representando 36% das compras na América Latina. Nos últimos seis meses de 2023, elas representaram 30% das aquisições registradas na região. 

Transformação no perfil do investidor e tendências para o mercado de cripto

Segundo o CEO da Bitso no Brasil, o mercado de criptomoedas testemunhou marcos significativos na primeira metade do ano que impulsionaram o crescimento da base de usuários em todos os países onde a corretora opera. Após um período difícil da indústria de cripto em 2023, a Bitso registrou um aumento entre 15% e 18% na base de clientes.

No Brasil, a pouca diversificação das carteiras em torno de ativos mais líquidos, como moedas fiat e stablecoins, e a alta concentração em bitcoin e altcoins nos sinalizam uma estratégia patrimonial voltada a ganhos maiores no longo prazo”, afirma o executivo. 

Para ele, é possível que fenômenos importantes que aconteceram no semestre passado, como o halving do Bitcoin, tenham contribuído para reforçar esse comportamento.

Além disso, o estudo mostrou que o comportamento dos investidores tem passado por uma transformação significativa na região. No passado, o mercado via o investimento em criptomoedas como uma aposta para recursos financeiros excedentes. Hoje, esses ativos já fazem parte do planejamento financeiro regular de muitos entusiastas, inclusive no Brasil. 

Por aqui, assim como na maioria dos países da região, o maior volume de compra de criptos acontece na primeira semana de cada mês, perto da data de pagamento de salários.

“Essa mudança de postura reflete um afastamento daquela visão especulativa, que havia no passado, em direção a uma mentalidade mais estratégica”, afirma Thales Freitas. 

“A inclusão de criptoativos no portfólio já não é vista como uma simples aposta de risco, mas sim como uma oportunidade de diversificação e potencialização dos retornos”.

Um novo "verão cripto"?

Para o segundo semestre, Freitas acredita que o período será marcado pela continuidade do entusiasmo e crescimento na indústria cripto.

“O mercado está testemunhando um ambiente positivo, ampliando as oportunidades de investimento e atraindo mais investidores institucionais. Isso tem impulsionado a maior adoção e o interesse renovado por criptomoedas e tecnologias relacionadas.”

Segundo ele, o mercado de criptomoedas está esperando por um novo "verão cripto", mas diferente dos anteriores. “As condições econômicas globais, como por exemplo as taxas de juros mais baixas nos Estados Unidos que estão por vir, são fatores que influenciarão como a comunidade cripto irá atuar no setor”, diz.

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