Com taxa de informalidade entre jovens maior do que a média do mercado, governo busca soluções
O trabalho informal entre jovens afeta principalmente as populações femininas e negras; já as regiões que mais apresentam trabalhadores não-registrados são o Nordeste e o Norte
Os jovens estão trabalhando em mais vagas informais do que o restante dos profissionais, revela um levantamento do Ministério do Trabalho, em parceria com o CIEE.
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (28), durante o evento Empregabilidade Jovem Brasil 2024.
De acordo com a pesquisa, 45% da população entre 14 e 24 anos ocupada atua em empregos informais, enquanto a média dos trabalhadores não registrados no Brasil é de 40%.
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O estudo também revelou que os níveis de participação dos jovens no mercado de trabalho não retornaram ao patamar visto antes da pandemia do coronavírus.
De acordo com os dados, 52,7% da população de 14 a 24 anos estava ativa em 2019. Já em 2024, a taxa é de 50,5%.
A Subsecretária de Estatística e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, ressaltou que, apesar da importância do trabalho informal, os profissionais não-registrados foram os mais afetados durante a pandemia do coronavírus.
“O segmento informal foi muito afetado. Muitos trabalhadores só conseguiram sobreviver por conta dos auxílios”, afirmou Montagner durante o evento.
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No entanto, após a crise sanitária, não houve redução do nível de trabalhadores jovens no mercado informal. Segundo a Subsecretária, em 2019, a taxa era de 46%.
Montagner ainda ressaltou que a questão da informalidade também vem afetando os estagiários e que colabora com a baixa remuneração da classe.
“Tem muita gente em atividade de aprendizagem e estágio informal. E a gente não sabe dizer bem a diferença [entre as atividades formais e informais], só sabe que eles são bem menos remunerados”.
O levantamento ainda mostra que a informalidade afeta mais a população feminina e negra, que representam 51% e 56% dos trabalhadores não-registrados no Brasil, respectivamente.
O que precisa ser feito para tentar reverter esse cenário
Segundo documento apresentado pelo Ministério do Trabalho, a principal iniciativa para melhorar o cenário atual dos jovens trabalhadores deve ser o aumento da escolaridade.
Além disso, a pasta também ressalta a necessidade da formalização dos 887 mil estagiários brasileiros e o combate às desigualdades de gênero e raça no país.
No entanto, o diretor do departamento de Política de Trabalho para a Juventude, João Victor da Motta Baptista, ressaltou que há a necessidade da convergência de agentes da sociedade para a melhoria do cenário atual.
“O Ministério sozinho é incapaz de chegar em todo território nacional”, afirmou Baptista.
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Trabalho informal pelo Brasil: as regiões mais ou menos afetadas
A questão da do trabalho informal afeta principalmente o Nordeste do país. Nenhum estado da região registrou índice menor que a média nacional, indicada pelo Ministério do Trabalho.
No Norte do Brasil, apenas Roraima (43%) apresentou um nível de informalidade abaixo dos 45%. No Sudeste, São Paulo (34%) e Minas Gerais (42,2%) ficaram em níveis inferiores.
As taxas de trabalhadores jovens não-registrados é menor nas regiões Centro-Oeste e do Sul do país, onde todos os estados alcançaram um índice menor do que a média nacional.
O desalento e a questão de gênero e raça no mercado de trabalho
De acordo com a pesquisa realizada pelo CIEE e o Ministério do Trabalho, a população brasileira que não estuda, não trabalha e não procura emprego diminuiu no último ano.
De acordo com o levantamento de maio de 2023, o Brasil tinha 4,8 milhões de jovens em desalento. Atualmente, o número é de 4,6 milhões.
O estudo realizado em 2024 também revelou que a população feminina e negra são as mais afetadas pela questão no Brasil. A pesquisa indicou que, entre o grupo, 65% são mulheres e 68% são negros.*
Além disso, na parcela feminina, a maioria das jovens em desalento são mães de crianças pequenas.
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No entanto, de acordo com a Subsecretária de Estatística e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, essa parcela da população, conhecida como “nem-nem”, não está necessariamente fora da força de trabalho.
“Muitas dessas mulheres estão em casa, cuidando dos seus filhos, dos irmãos menores da casa. Essa situação, muitas vezes, enclausura essas meninas em situações sociais menos amplas”, afirmou Montagner.
*Reportagem atualizada após revisão de dados do CIEE e Ministério do Trabalho.
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