Os chineses não gostaram nada do pacto firmado na quinta-feira (1) entre EUA e Taiwan — ainda que seja um acordo parcial, ele reforça o compromisso de Washington com a ilha que a China reivindica como sua.
O acordo é o primeiro progresso tangível da Iniciativa EUA-Taiwan no Comércio do Século 21, lançada no ano passado pelo governo de Joe Biden.
Embora o pacto englobe questões como formulários alfandegários, práticas regulatórias e medidas anticorrupção, fica aquém de um acordo comercial tradicional — não altera as tarifas sobre bens comercializados e não aborda as reclamações de Taiwan sobre a dupla tributação nos EUA.
Além disso, negociações adicionais sobre regras trabalhistas, ambientais e de comércio digital não foram tratadas agora, ficando para o restante deste ano.
China se incomoda e reage
A China se incomodou com o movimento dos EUA em direção a Taiwan e, nesta sexta-feira (2), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, reagiu ao pacto.
Segundo ele, a China lamenta veementemente o acordo comercial e fez uma representação junto aos norte-americanos.
Mao argumenta que o pacto viola o princípio de “uma só China” e é o exemplo mais recente da tentativa de Washington de esvaziar o princípio.
O acordo ocorre enquanto as tensões sobre Taiwan, que Pequim considera uma província renegada, permanecem altas. O presidente chinês, Xi Jinping, chamou a reunificação de Taiwan e do continente de “uma missão histórica”. Alguns EUA Líderes militares alertaram que a China pode tentar retomar o controle da ilha à força nos próximos anos.
Taiwan, um nó crítico global
Taiwan é um nó crítico na economia global. A indústria de semicondutores taiwanesa produz 92% dos chips de ponta do mundo, de acordo com a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo.
Nos últimos anos, as importações de Taiwan têm crescido mais rapidamente do que as exportações para os EUA. Os norte-americanos compraram US$ 92 bilhões em produtos taiwaneses em 2022 — um aumento de mais de 69% em relação aos níveis de 2019.
Na outra ponta, as empresas norte-americanas venderam quase US$ 44 bilhões em produtos para Taiwan, representando um ganho de 40% em relação à marca pré-pandêmica.
A campanha para desencorajar a China
Os esforços para aumentar os laços comerciais entre os EUA e Taiwan fazem parte de uma campanha mais ampla para desencorajar a China de agir.
No ano passado, autoridades norte-americanas — a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o deputado Mike Gallagher, presidente republicano do comitê seleto da Câmara para a China — visitaram a ilha.
A China, no entanto, vem alertando repetidamente os EUA contra o aprofundamento dos laços com Taiwan.
"Os EUA devem interromper qualquer forma de intercâmbio oficial com Taiwan, abster-se de negociar acordos com Taiwan que tenham conotações soberanas e que sejam de natureza oficial, e abster-se de enviar quaisquer sinais falsos às forças separatistas da 'independência de Taiwan' em nome do comércio”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.
*Com informações do The Washington Post e da EFE