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Onde investir em 2023: Perigo de recessão global exige boa dose de proteção – mas o dólar e o ouro não são a resposta

Onde investir em 2023 - Dólar, Ouro e Proteções

Antes de o Brasil começar a subir os juros, no final de 2021, era comum ouvir gestores, analistas e influenciadores nas redes sociais recomendando que os investidores montassem parte do seu portfólio com alguma exposição ao dólar.

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A estratégia de diversificação, algo sempre recomendado por planejadores financeiros, servia como “proteção contra o risco-Brasil”. Ou seja, caso acontecesse um solavanco na economia local, parte dos efeitos negativos poderia ser mitigada com o investimento em dólar.

O ouro, outro ativo que sempre volta à moda quando aparece uma crise, também teve sua chance de brilhar logo no começo da pandemia.

E se é verdade a premissa de que o mundo caminha para uma recessão, agora, mais do que nunca, seria o momento para proteger seus investimentos com dólar e ouro, certo? 

Bem… não é bem assim.

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Apesar do Seu Dinheiro levar a sério o mantra “sempre tenha dólar na carteira”, não importa qual seja a cotação, alguns gestores estão achando difícil recomendar o investimento na moeda com o intuito de proteção - e isso está diretamente ligado à Selic.

Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no primeiro semestre de 2023. Eis a lista completa:

Custo de oportunidade entre dólar e renda fixa

Com a taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75% ao ano, o investidor não precisa ir muito longe para encontrar retornos polpudos e seguros: basta abrir o Tesouro Direto para perceber que está difícil para qualquer outra classe de ativos competir com esses retornos. 

Aliás, você pode conferir o panorama completo que a Julia Wiltgen escreveu sobre os melhores investimentos em renda fixa aqui.

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E, como os títulos públicos são um dos investimentos menos arriscados, eles já servem de proteção na carteira.

“Existe uma chance não desprezível de que o Banco Central não só não corte, como tenha que subir os juros [neste ano]. Ficar em ativos que acompanham a Selic tende a ser uma alocação de recursos mais tranquila e confortável para o patrimônio dos investidores”, recomenda Fabiano Godoi, sócio e CIO da Kairós Capital.

Alfredo Menezes, sócio-fundador da gestora de fundos Armor Capital, não acredita em novo aumento dos juros, mas acha que papéis indexados à inflação, especialmente os isentos de imposto, como debêntures de infraestrutura, são a melhor pedida.

“O melhor ativo defensivo é realmente o papel indexado à inflação e isento. Depois disso, é ficar no CDI com liquidez”, disse Menezes.

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Seja qual for a renda fixa escolhida, o fato é apenas um: com juros beirando os 14% ao ano, o custo de oportunidade de se proteger com dólar agora é muito grande. Mas, se você vive no Brasil, é importante ter em mente a necessidade de diversificação.

Dólar depende da sua cesta de consumo

De acordo com o gestor da Armor, se você vive num país emergente, deveria ter uma poupança no exterior que corresponda a, no mínimo, 20% do seu portfólio.

Godoi, da Kairós, diz que o cálculo dessa fatia deve levar em consideração o quanto da sua cesta de consumo está atrelada ao dólar. Supondo que você faça viagens para o exterior com frequência, por exemplo, é razoável ter parte do patrimônio dolarizado.

Mas há várias formas de se expor ao dólar. Uma delas é comprando ações de empresas americanas, como a Ana Carolina Neira explicou na reportagem sobre investimento no exterior.

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Em algumas plataformas de investimento também é possível encontrar títulos de dívida de empresas americanas (debêntures) pagando um prêmio interessante.

Outra maneira de investir em dólar é por meio de fundos cambiais. Nesse caso, o ideal é aplicar nos produtos com a menor taxa de administração possível. Veja a seguir as indicações da equipe da Empiricus:

Se tudo isso parece muito complicado, há sempre a opção de comprar a moeda em si - ou delegar para gestores experientes.

Fundos multimercado podem ajudar a diversificar

Os fundos multimercado aparecem como uma opção de diversificação por terem mandatos que permitem navegar por diferentes cenários. No ano passado, em que a bolsa passou por aperto, eles foram o destaque na indústria de fundos, superando, inclusive, os retornos dos fundos de renda fixa.

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Segundo a Anbima, a rentabilidade acumulada dos multimercados macro alcançou 17% no ano passado, desempenho acima dos principais indicadores de referência. Os multimercados livres, que não possuem obrigatoriamente o compromisso de concentração em nenhuma estratégia específica, não foram tão bem quanto seus pares, mas, ainda assim, acumularam ganhos de 9,4% em 2022.

Porém, os dados mostram que os investidores não aproveitaram essa rentabilidade exuberante. Isto porque os fundos multimercados também foram os que sofreram maior resgate de toda a indústria de fundos no ano passado, com R$ 87,6 bilhões.

Ouro

Poucos gestores gostam de ter ouro na carteira - Menezes, da Armor, diz que não gosta nem nos dentes.

A rejeição ao metal se explica pela ausência de remuneração na forma de juros, pois o investidor só ganha se vender a um preço maior do que comprou. E, se comparar o preço da commodity no dia 1º de janeiro de 2023 com o dia 31 de dezembro de 2021, o metal ficou de lado.

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“Não gosto de ouro. Teria que subir ao longo do tempo para valer a pena e não há uma demanda para isso”, disse Leonardo Rufino, da Mantaro Capital. 

Já  Godoi, da Kairós, pondera que assim como os juros altos jogam contra o dólar, o mesmo vale para o ouro.

Mas vale destacar que a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, ficou com posição comprada no metal na maior parte de 2022. A gestora não quis dar entrevista, mas a informação consta nas cartas mensais do principal fundo da casa.

Se Stuhlberger gosta de investir em ouro, talvez devamos ficar de olho no comportamento do metal.

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