O caso do suposto vazamento de dados do balanço da Natura (NTCO3) vai custar R$ 400 mil a Viviane Behar de Castro, ex-diretora da companhia.
Responsável pela área de relações com investidores na época do incidente, ela aceitou pagar o valor para encerrar um processo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O episódio do vazamento aconteceu em abril do ano passado, quando a Natura conduziu reuniões com alguns analistas. O objetivo foi "alinhar as expectativas" em relação aos resultados trimestrais, que sairiam apenas no mês seguinte.
O problema é que, após o contato da empresa com o grupo seleto, as ações da Natura chegaram a desabar 15% na B3 em reação a alguns números que a companhia teria divulgado nessas reuniões, como mostrou o Seu Dinheiro.
Questionada pela CVM, a empresa decidiu publicar uma prévia dos resultados. E os dados de fato eram similares aos que circularam no mercado e confirmavam que o trimestre seria ruim.
O que alega a ex-diretora da Natura
Viviane Castro deixou o cargo de diretora de RI da Natura pouco mais de mês após o episódio e permaneceu na empresa até 1º de setembro, mas não se livrou do questionamento da CVM.
Ao apresentar a proposta de acordo, a ex-diretora alegou que, com a divulgação da prévia do balanço ao mercado, houve a "cessação imediata dos atos considerados ilícitos".
Só que, no entendimento da "xerife" do mercado de capitais, as informações deveriam sair "prévia ou concomitantemente à sua concessão a um grupo restrito de profissionais do mercado".
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Além disso, a ex-diretora afirmou que a conduta teria sido pautada pela boa-fé e transparência e que não obteve vantagem ilícita ou indevida com o procedimento.
A Natura também recebeu questionamentos da CVM no processo. A empresa alegou que não concedeu nenhuma informação confidencial nos encontros com analistas, incluindo os números do balanço que surgiram antes da divulgação oficial em reportagens da imprensa.