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Infiltrado do governo? Haddad anuncia Galípolo para a diretoria do BC — saiba as implicações dessa indicação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - projeções para inflação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira (8) o nome de Gabriel Galípolo para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central — no que seria uma indicação trivial, não fosse o fato de o governo estar em uma queda de braço com BC por conta do juro alto. 

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Galípolo é secretário-executivo da Fazenda, considerado um número 2 da pasta; e, mais que isso: é o braço direito de Haddad. 

Esse posto agora será ocupado pelo advogado Dario Durigan, que foi assessor especial do ministro da Fazenda quando era prefeito de São Paulo e, atualmente, é o chefe de Políticas Públicas do WhatsApp.

O BC e o governo: um relação complicada

A indicação de Galípolo para a diretoria de política monetária do BC seria apenas mais uma não fosse a atual relação do governo com a instituição comandada por Roberto Campos Neto (RCN). 

Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o próprio Haddad há tempos não têm poupado o Banco Central e RCN de críticas por discordarem do atual patamar dos juros no Brasil — mantido na quarta-feira passada (03) em 13,75% ao ano.

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A bandeira branca chegou a ser hasteada quando o governo apresentou o arcabouço fiscal, mas a relação “harmônica” durou pouco. 

A mais recente dessas críticas veio no final de semana, quando, durante viagem à Inglaterra para a coroação do rei Charles III, Lula voltou a condenar o nível da Selic. 

Na ocasião, o presidente disse que a taxa elevada inibe os investimentos e o crescimento econômico no Brasil e que isso tem levado à quebra de empresas. O petista negou ainda que bata no BC, e afirmou que apenas discorda da política adotada por Campos Neto. 

Na mesma linha, Haddad e outros ministros do governo Lula, entre eles Simone Tebet, que comanda o Ministério do Planejamento, também já pressionaram o BC a reduzir o juro. 

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"Avalio que a indicação fica ainda mais sensível quando pensamos que recentemente circulou um boato de que o nomeado para a pasta poderia ser o sucessor de RCN", diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Um infiltrado no BC?

Por conta desse ambiente nada amistoso, a indicação de Galípolo tende a desagradar o mercado — que pode ver o braço direito de Haddad como um sinal de interferência do governo no BC.

O próprio ministro da Fazenda tentou minimizar hoje essa tese. “A primeira vez que ouvi no nome de Galípolo para o BC foi do próprio Campos Neto”, disse ele, em coletiva de imprensa. 

Haddad também se mostrou otimista com a aprovação do nome de Galípolo para a diretoria do BC. 

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“Não deve haver resistência para essa indicação. Ele é uma pessoa técnica e bem vista pelo Congresso. Ele tem negociado os principais projetos do Ministério da Fazenda, tem boa relação com os presidentes das casas e com os líderes partidários”, disse Haddad. 

O ministro da Fazenda afirmou ainda que, uma vez no BC, Galípolo vai perseguir a harmonia entre a política fiscal e a política econômica. “O objetivo continua sendo crescer com baixa inflação e justiça social”, afirmou Haddad. 

Haddad no G7

O ministro da Fazenda aproveitou a ocasião para comentar sua participação na reunião do G7 (grupo formado por EUA, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão). O Brasil não é chamado para esse encontro desde o segundo governo Lula. Índia e Indonésia, que não fazem parte do G7, também foram convidadas.  

Segundo Haddad, “há muita coisa acontecendo no mundo” e é fundamental que o Brasil volte a sentar em uma mesa global de discussões depois de anos de isolamento. 

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“Acho fundamental, inclusive, que o Brasil leve questões regionais importantes para o G7 e eu pretendo levar a questão do câmbio na Argentina”, disse Haddad. 

O ministro viaja ainda hoje para o Japão, país que sediará o evento. Ele deve chegar ao país na quarta-feira (10). Entre os encontros bilaterais programados está uma reunião com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen. Ambos devem tratar, entre outros temas, da reforma do Banco Mundial. 

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